No Reino das Palavras Encantadas
Em um reino distante de palavras encantadas, onde realidade e fantasia distraídas convivem em levíssima harmonia embriagada, dois enamorados desejam-se, embora nunca tenham se visto pessoalmente. Foram enfeitiçados pelas cartas de amor trocadas e suas páginas tecidas de imaginação, inspiração e poesia. Parece estranho um relacionamento florescer assim? Talvez o escritor tenha acertado ao dizer que “só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”. Ou quem sabe ele também tenha sido vítima da mesma magia.
Separados por quilômetros, é para a lua que olham, confidenciando os segredos deste romance inventado de sentimentos reais. A eterna musa prateada acolhe os suspiros e as lamentações dos apaixonados com generosidade e respeito. Vaidosa, sabe que os olhos de águas salgadas dos amantes a tornam mais bela. Quando a dor não petrifica os sentidos, ela os aguça e o grito mudo do silêncio é capaz de ferir os tímpanos.
A donzela de delicados traços europeus tem alma borboletácea de asas inquietas coloridas de manchas azuis e verdes. Sua beleza reside na fragilidade inquebrantável de sua metamorfoseada essência.
Sozinha, em seu castelo, porém, sente-se como uma lagarta enclausurada em um casulo de solidão, saudade e tristeza. É somente, na amplidão de seus sonhos, que a tão esperada transformação acontece. Livre da seda, voa alegremente embalada pela brisa e faz do mundo seu imenso jardim, polinizando a vida por onde passa. Seu corpo exala o perfume adocicado e sedutor da dama da noite. Assim como a flor, quando a luz do dia adormece, sente a necessidade de desabrochar suas pétalas, ofertando a graciosa força de sua natureza íntima.
Longe, em terras inimigas, enfrentando a luta inglória onde não há vencedores, o cavaleiro de nobre coração ouve o chamado de sua musa. Andarilho solitário por estradas errantes, em busca de ouro e reconhecimento, o que mais encontra em seu caminho é a tristeza. Ferido, cansado, afogado em mentiras e ilusões, mantém a alma pura e os olhos brilhantes. A paixão torna-o ainda mais forte e potente. Com a espada sangrenta na mão, não se deixa vencer pelo remorso nem pelo medo. Enfrenta bravamente a treva impura a vagar pela noite assombrada. Quando a batalha terminar, encontrará o bem mais valioso de um homem, o amor de sua amada. Montado em seu cavalo veloz, companheiro fiel de tantas aventuras, percorrerá distraído as estradas da esperança sem perceber que busca o que sempre lhe pertenceu. Não mais matará, não mais morrerá. Pelo caminho, sua bagagem vai despejando dores desnecessárias e oportunidades perdidas que, vencidas, penetram no solo adormecido do tempo.
Será sábado de primavera no dia do encontro. Aninhados, embriagados e aquecidos por desejos úmidos e urgentes, seus corpos executarão compassados a dança fascinante da entrega. O cerimonial da vida, que é faminta de existência, transformará a realidade em um grande sim. Não será mais preciso esperar. O presente chegou. Agora, a lua acolhe as juras de amor dos corações acelerados e, falsamente envergonhada, finge não ouvir o ronronar dos gemidos e das respirações ofegantes.
Desde então, no reino das palavras encantadas, o vocábulo “impossível” entrou no mais completo desuso.
Em um reino distante de palavras encantadas, onde realidade e fantasia distraídas convivem em levíssima harmonia embriagada, dois enamorados desejam-se, embora nunca tenham se visto pessoalmente. Foram enfeitiçados pelas cartas de amor trocadas e suas páginas tecidas de imaginação, inspiração e poesia. Parece estranho um relacionamento florescer assim? Talvez o escritor tenha acertado ao dizer que “só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”. Ou quem sabe ele também tenha sido vítima da mesma magia.
Separados por quilômetros, é para a lua que olham, confidenciando os segredos deste romance inventado de sentimentos reais. A eterna musa prateada acolhe os suspiros e as lamentações dos apaixonados com generosidade e respeito. Vaidosa, sabe que os olhos de águas salgadas dos amantes a tornam mais bela. Quando a dor não petrifica os sentidos, ela os aguça e o grito mudo do silêncio é capaz de ferir os tímpanos.
A donzela de delicados traços europeus tem alma borboletácea de asas inquietas coloridas de manchas azuis e verdes. Sua beleza reside na fragilidade inquebrantável de sua metamorfoseada essência.
Sozinha, em seu castelo, porém, sente-se como uma lagarta enclausurada em um casulo de solidão, saudade e tristeza. É somente, na amplidão de seus sonhos, que a tão esperada transformação acontece. Livre da seda, voa alegremente embalada pela brisa e faz do mundo seu imenso jardim, polinizando a vida por onde passa. Seu corpo exala o perfume adocicado e sedutor da dama da noite. Assim como a flor, quando a luz do dia adormece, sente a necessidade de desabrochar suas pétalas, ofertando a graciosa força de sua natureza íntima.
Longe, em terras inimigas, enfrentando a luta inglória onde não há vencedores, o cavaleiro de nobre coração ouve o chamado de sua musa. Andarilho solitário por estradas errantes, em busca de ouro e reconhecimento, o que mais encontra em seu caminho é a tristeza. Ferido, cansado, afogado em mentiras e ilusões, mantém a alma pura e os olhos brilhantes. A paixão torna-o ainda mais forte e potente. Com a espada sangrenta na mão, não se deixa vencer pelo remorso nem pelo medo. Enfrenta bravamente a treva impura a vagar pela noite assombrada. Quando a batalha terminar, encontrará o bem mais valioso de um homem, o amor de sua amada. Montado em seu cavalo veloz, companheiro fiel de tantas aventuras, percorrerá distraído as estradas da esperança sem perceber que busca o que sempre lhe pertenceu. Não mais matará, não mais morrerá. Pelo caminho, sua bagagem vai despejando dores desnecessárias e oportunidades perdidas que, vencidas, penetram no solo adormecido do tempo.
Será sábado de primavera no dia do encontro. Aninhados, embriagados e aquecidos por desejos úmidos e urgentes, seus corpos executarão compassados a dança fascinante da entrega. O cerimonial da vida, que é faminta de existência, transformará a realidade em um grande sim. Não será mais preciso esperar. O presente chegou. Agora, a lua acolhe as juras de amor dos corações acelerados e, falsamente envergonhada, finge não ouvir o ronronar dos gemidos e das respirações ofegantes.
Desde então, no reino das palavras encantadas, o vocábulo “impossível” entrou no mais completo desuso.