Uma bêbada nua na varanda do vigésimo andar.
Estávamos bebendo muito no dia anterior. Consigo me lembrar de que você estava linda quando chegou e continuou linda enquanto estava se vestindo para ir embora.
Ao chegarmos abro a porta do apartamento às pressas, aos beijos e aos assédios. Tenho a imagem de que você, mesmo com a maquiagem borrada, cabelos um pouco mais volumosos, boca vermelha com o retoque dos meus beijos, estava ainda mais linda.
Fecho a porta, te empurro contra ela e a gente se ama do jeito que pode, do jeito que dá e a vida podia se resumir naquele momento. Nós rimos, lhe dou um beijo no rosto e vou na varanda fumar. A noite estava ainda mais linda que a anterior e o cigarro só não era mais gostoso que o próximo. Você me abraçou por trás, me deu um beijo atrás da orelha, afagou meus cabelos e entregou um copo de vinho. Lembramos certas partes da noite, olho para o seu decote bem rápido para não ser flagrado. Você percebeu e baixou um pouco mais... Eu a levo pro meu quarto e fazemos o que os bêbados apaixonados fazem até a exaustão.
O efeito do álcool começa a passar, recubro a sobriedade aos poucos. Levanto-me, o dia está amanhecendo. Você continua bêbada, bebe um pouco mais e sai nua na varanda com um cigarro na mão e a garrafa de vinho na outra, com o sorriso mais gostoso que já vi. Eu quase nu ao seu lado, agradecendo baixinho por tudo aquilo e você completamente nua como aquele amanhecer.
Do vigésimo andar fico confuso. Como um sorriso pode ter sabor? Vejo o nascer do sol ou seus olhos? Vejo o céu e os tons de azul se misturando ou admiro a sua nudez? Havia um calor no peito, eu me sentia pleno, tão pleno... E apesar de todo aquele turbilhão aqui dentro eu só queria te ver, apenas te ver. Gosto de lembrar cada segundo dessas horas de todas as maneiras que posso. Das 23hr te levando para o bar, às 7hr da manhã, nossa despedida. Por que não a pedi em casamento ali? Eu poderia ter apenas aquele único dia ou outras infinidades iguais a ele, tanto faz, porque vou guardá-lo por muito tempo.