Inseguranças & Ciúmes
Desde que a Verônica tinha chegado Margarida não tinha mais sossego. Verônica era uma amiga do namorado dela, mas ela sabia que eles haviam sido namorados e ela achava que Diego ainda tinha uma queda pela ex, o que a deixava cheia de ciúmes.
Naquela tarde, Diego ligou:
- Oi amor, tudo bem?
- Tudo meu amor.
- Hoje, nós vamos sair né? – perguntou Diego.
- Lógico! – respondeu Margarida dando um sorriso e com uma voz sedutora – Vamos para aquele motel?
Diego demorou um pouco para responder, mas após se amaldiçoar mil vezes, finalmente, respondeu:
- Eu detesto desfazer seus planos, mas eu prometi para Verônica que a gente ia levar ela pra Beira-Mar.
A mulher ficou seria e frustrada.
- A não! – disse Margarida sem acreditar – Eu passei a semana inteira sem te ver e quando vou poder sair com meu namorado, aparece umazinha ai qualquer e vai atrapalhar?
Diego tentou se explicar:
- Mas, amor, eu prometi pra ela.
- Ta bom, então! – gritou - Se vocês querem assim.
- Calma amor.
- Venham me buscar as cinco! – e desligou o celular.
O casal e a amiga caminhavam pelo calçadão. O cheiro marinho do vento era gostoso e refrescante e o sol que se escondia no horizonte pintava o céu de tons vermelhos. Algumas pessoas passavam por eles correndo, outras caminhando, alguns, simplesmente, conversavam.
- Então, eu vou parar de dar aula um tempo e começar o meu mestrado. – falou Diego.
Verônica balançou seus lindos cabelos loiros.
- Nossa, o mestrado é bem legal. Fiquei super nervosa quando fiz o meu.
- Me desculpe se você já é doutora. – respondeu Diego sarcasticamente.
- E você Marga? – perguntou Verônica.
Margarida inclinou o pescoço para frente e arregalou levemente os olhos.
- Eu o que?
- Já ta no mestrado? – perguntou.
- Na verdade a Margarida não vai fazer mestrado agora. Né, amor? – interrompeu Diego.
- É. – confirmou a mulher sem jeito.
- Somos um casal lascado. – começou Diego – Sorte nossa...
- Lascado por quê? – interrompeu Verônica.
- Porque somos professores e professores são naturalmente lisos.
- Nobre Profissão. – inferiu a amiga – Pena ganhar tão mal.
Margarida estava com vontade de voar no pescoço de Verônica e apertá-lo até ela ficar roxa. Quem aquela menina pensava que era pra vir atrapalhar o seu encontro com o namorado e ainda criticar a sua profissão? Verônica poderia ser engenheira da Petrobras, podia ganhar rios de dinheiro, mas era uma mal amada, uma piranha.
- Já está ficando tarde, vamos jantar? – perguntou Margarida.
- Não costumo jantar. – disse Verônica – Só assim não fico tão gorda.
“Aquela estúpida está me chamando de gorda?”, pensou.
- Você pode não jantar, mas eu estou cheio de fome. – comentou Diego – vamos jantar, sim!
Entraram em uma barraca e pediram uma peixada para duas pessoas, Verônica quis apenas, vinho tinto.
- Não vou beber, pois estou dirigindo. – falou Diego – Você pode beber amor.
- Eu não quero. – respondeu rispidamente ao namorado.
Ela não queria dividir vinho com aquela mulher.
- Então, beberei sozinha.
Não conversaram muito durante o jantar, apenas Diego que falava sem parar, as mulheres se limitavam a algum comentário e a sorrir. Isso, até a amiga beber mais do que deveria e começar a falar descontroladamente. Diego gargalhava, mas Margarida se limitava a sorrir levemente, não gostava daquela mulher e não queria sua amizade. Acabado o jantar, Verônica fez questão de pagar a conta.
- Ora, não seria nada cordial de minha parte. – argumentou Diego.
- Eu faço questão.
- E onde fica o meu cavalheirismo?
- Igualdade dos sexos?
- Você é diferente mesmo... Gostaria que você ficasse assim também amor. – brincou Diego.
Margarida se limitou a um olhar sarcástico.
- Eu sempre pago a conta. – disse a amiga – Não gosto de deixar o homem pagar, assim eles se acham superiores demais.
- Assim você me deixa sem jeito Dona Verônica.
- Vamos, deixe que eu pago, mas na próxima você paga. – e piscando o olho de maneira sedutora – Não me chame de Dona.
- Tudo bem, então.
Levantaram-se e rumaram para o estacionamento.
- Ai amor, to tão cansada. – falou Margarida.
- É hoje é dia de descansar, realmente.
- Diego, você vai me deixar no hotel né?
- Vou sim.
Margarida olhou para Diego com um olhar de reprovação. Diego levantou as sobrancelhas, como se perguntasse “O que foi?”.
- Amor, eu vou te deixar primeiro, depois vou deixar ela, pois fica menos contramão pra mim, ta?
- Tudo bem.
Iam cantando a musica “Era um garoto”, dos Engenheiros do Havaí durante o caminho. Verônica bêbada cantava mais alto.
-... Cabelo longo não usa mais...
Finalmente, chegaram à casa de Margarida.
- Você não vai entrar? – perguntou.
Diego apontando para Verônica disse:
- E deixar essa bêbada assim? Nem pensar.
- Ta, amor. Boa noite.
Deram um beijo rápido e ela entrou em casa.
Depois que saíram, Verônica começou a dar em cima de Diego.
- Nossa quando eu bebo assim, me dá tanto calor, sabia?
- Não, não sabia.
- Da vontade de tirar a roupa.
- Ai é?
- É!
...
O telefone de Margarida tocou:
-Amor, nós dois temos que conversar. – disse Diego.
- Fala amor.
- Não, eu vou ai. Ta?
-Ta.
Quinze minutos depois Diego chegou.
- Que você tem pra me dizer?
- Olha amor. Ontem depois que a gente te deixou, a Verônica enlouqueceu e... E...
A ficha de Margarida caiu.
- Eu não acredito. – disse com raiva- Vocês, Vocês... Aí meu deus, vocês transaram?
- Mas, amor. Nem todos os males são tão ruins, eu notei que te amo demais.
- Vocês transaram...
- Eu sei que eu não te mereço. Eu sou um idiota. Um filho da mãe.
Margarida sentiu tanta raiva, que começou a chorar e a gritar.
- Calma, meu amor. Não é o fim do mundo.
- Margarida... Margarida acorda. - gritou Diego – é só um pesadelo.
Margarida abriu os olhos espantados. Tudo não passara de um sonho.
- Mas, foi tão real.
- Você tava gritando. O que era? Com o que tava sonhando? – perguntou – Olha só você ta até chorando.
-Aí amor, eu tive um sonho tão ruim.
Ela sentou-se na cama e contou para ele todo o sonho.
- A amor, até em sonho você tem ciúmes de mim? – brincou Diego- Você é muito possessiva.
- Você ainda fica com brincadeira né?
- Isso é culpa das nossas inseguranças, sabia?
- Você me ama?
- Meu amor, você é tudo o que eu sempre procurei. Quando penso em ficar bem, penso em estar com você, pois você é preciosa, rara. Nunca, mas nunca mais, pense que eu vou te trocar por ninguém. Você é minha cara-metade. Almas gêmeas. Lembra?
- Forever?
- Forever, Cherry.
Margarida deu um beijo gostoso em Diego e eles se amaram até o sol nascer.