De Caso Com O Acaso
Certos acontecimentos chegam sorrateiramente e nos pegam desprevenidos. A vida funciona assim desde que o mundo existe. A quem reclamar?
Alice estava sendo acusada de um crime do qual se considerava tão vítima do destino quanto o “prejudicado”. E agora? O que fazer? Quais atitudes tomar? Quem acreditaria em sua inocência? Pensou em dizer que suas intenções tinham sido boas, mas sabia que o inferno era cheio delas. De nada adiantaria. Era difícil acreditar que tal situação acontecia justo com ela, moça tímida de personalidade contida e incapaz de provocar fortes arrebatamentos. O que diria a sua família? De que modo seus amigos reagiriam diante da notícia? Continuariam a participar de sua vida como antes? Viriam visitá-la quando pudessem? Saberia ela viver este novo futuro que a esperava? Teria, de algum modo, realmente atraído e merecido a pena imposta?
Para entender como tudo aconteceu, faz-se necessário conhecer o início da história.
Era outono e o frio agudo da manhã nascente parecia querer cristalizar seu sangue. Adiantada para entrar no serviço, Alice resolveu aquecer seu ânimo e tomar um café na padaria. Naquele dia, sem dúvida alguma, por causa da baixa temperatura, muitas pessoas foram apanhadas pela mesma idéia. Só havia um lugar vago no balcão e, então, para lá se dirigiu com seus passos discretos. Mal podia imaginar que aquele rapaz bonito e simpático sentado ao seu lado seria capaz de acusá-la sem dó nem piedade seis meses depois. Teria ela agido diferente se soubesse o que iria acontecer? O medo a teria feito proteger-se? Os erros cometidos no passado e o convívio com as feridas antigas teriam influenciado no desfecho do caso? O fato é que, sem perceber que estava de caso com o acaso, partiu do moço a iniciativa de conversar despretensiosamente com Alice. O destino já começara a tecer suas teias e os envolver em suas tramas. Tarde demais para voltar atrás. Eles não perceberam ou será que não quiseram?
Como o assunto entre eles parecia não achar o fim, passaram a se encontrar uma vez por semana na padaria. Com o tempo, a conversa entre os dois conheceu novos ambientes e foi ganhando cada vez mais espaço e duração. Falavam de trabalho, de sonhos, de medos, de desejos... Nenhum assunto era proibido. Talvez o excesso de afinidade e de liberdade tenha permitido o golpe fatal. Entre eles, não havia mais segredos.
Agora ele vinha a público acusá-la de bruxaria e de invasão de divisas. Sim, ela o enfeitiçara. Seu encantamento fez com que ele a desejasse cada dia mais. Alice invadira sua alma, seu coração, seus pensamentos e seus sonhos, fixando moradia definitiva. Tomou todo o seu ser, dominou o seu reino. Mas, ele não queria expulsá-la de suas terras. Queria condená-la a viver com ele os seus dias, trazendo alegria, cumplicidade, beleza e amor para a sua vida. Ela não quis ser perdoada e resolveu assumir sua culpa, sua máxima culpa. Nunca uma condenada foi tão feliz!
O juiz que analisou o caso sabiamente deliberou:
- Que estejam juntos na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-se e respeitando-se até os últimos dias de suas vidas!
O amor e o café sempre fizeram companhia ao casal. Em muitas discussões, a bebida tornou-se amarga como fel, mas em tantas outras ocasiões, ela lhes aqueceu o corpo e a alma. Um relacionamento tem seus bons e maus momentos. Não tem jeito. A vida funciona assim desde que o mundo existe. A quem reclamar?
Certos acontecimentos chegam sorrateiramente e nos pegam desprevenidos. A vida funciona assim desde que o mundo existe. A quem reclamar?
Alice estava sendo acusada de um crime do qual se considerava tão vítima do destino quanto o “prejudicado”. E agora? O que fazer? Quais atitudes tomar? Quem acreditaria em sua inocência? Pensou em dizer que suas intenções tinham sido boas, mas sabia que o inferno era cheio delas. De nada adiantaria. Era difícil acreditar que tal situação acontecia justo com ela, moça tímida de personalidade contida e incapaz de provocar fortes arrebatamentos. O que diria a sua família? De que modo seus amigos reagiriam diante da notícia? Continuariam a participar de sua vida como antes? Viriam visitá-la quando pudessem? Saberia ela viver este novo futuro que a esperava? Teria, de algum modo, realmente atraído e merecido a pena imposta?
Para entender como tudo aconteceu, faz-se necessário conhecer o início da história.
Era outono e o frio agudo da manhã nascente parecia querer cristalizar seu sangue. Adiantada para entrar no serviço, Alice resolveu aquecer seu ânimo e tomar um café na padaria. Naquele dia, sem dúvida alguma, por causa da baixa temperatura, muitas pessoas foram apanhadas pela mesma idéia. Só havia um lugar vago no balcão e, então, para lá se dirigiu com seus passos discretos. Mal podia imaginar que aquele rapaz bonito e simpático sentado ao seu lado seria capaz de acusá-la sem dó nem piedade seis meses depois. Teria ela agido diferente se soubesse o que iria acontecer? O medo a teria feito proteger-se? Os erros cometidos no passado e o convívio com as feridas antigas teriam influenciado no desfecho do caso? O fato é que, sem perceber que estava de caso com o acaso, partiu do moço a iniciativa de conversar despretensiosamente com Alice. O destino já começara a tecer suas teias e os envolver em suas tramas. Tarde demais para voltar atrás. Eles não perceberam ou será que não quiseram?
Como o assunto entre eles parecia não achar o fim, passaram a se encontrar uma vez por semana na padaria. Com o tempo, a conversa entre os dois conheceu novos ambientes e foi ganhando cada vez mais espaço e duração. Falavam de trabalho, de sonhos, de medos, de desejos... Nenhum assunto era proibido. Talvez o excesso de afinidade e de liberdade tenha permitido o golpe fatal. Entre eles, não havia mais segredos.
Agora ele vinha a público acusá-la de bruxaria e de invasão de divisas. Sim, ela o enfeitiçara. Seu encantamento fez com que ele a desejasse cada dia mais. Alice invadira sua alma, seu coração, seus pensamentos e seus sonhos, fixando moradia definitiva. Tomou todo o seu ser, dominou o seu reino. Mas, ele não queria expulsá-la de suas terras. Queria condená-la a viver com ele os seus dias, trazendo alegria, cumplicidade, beleza e amor para a sua vida. Ela não quis ser perdoada e resolveu assumir sua culpa, sua máxima culpa. Nunca uma condenada foi tão feliz!
O juiz que analisou o caso sabiamente deliberou:
- Que estejam juntos na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-se e respeitando-se até os últimos dias de suas vidas!
O amor e o café sempre fizeram companhia ao casal. Em muitas discussões, a bebida tornou-se amarga como fel, mas em tantas outras ocasiões, ela lhes aqueceu o corpo e a alma. Um relacionamento tem seus bons e maus momentos. Não tem jeito. A vida funciona assim desde que o mundo existe. A quem reclamar?