Realmente, isto é que é muito amor!
O objetivo era transplantar corações recheados de amor!...
Renard, o famoso jovem cientista, ávido estudioso das ciências, jovem ainda teve grande destaque no sistema de transplantes de órgãos. Ele e outros cientistas, contribuíam para que as pessoas tenha uma alternativa a mais para conseguirem viver, curar suas doenças, serem felizes enquanto estiverem nesta vida.
Este moço inteligente, inovador, foi escolhido para ser paraninfo de um grupo de formandos em pedagogia, é lógico que entre a turma de formandos alguns deles não concordavam com a escolha deste paraninfo, mas eram uma minoria, mais tarde todos viram que a escolha era realmente muito acertada.
Um dia antes da formatura, o nosso personagem Renard, estava um pouco inquieto em sua casa, apesar de ser um exímio orador, já tinha preparado seu discurso, pensava sem parar:
- discurso não, uma palestra muito importante, para mim, para os formandos e para quantos infelizes que perambulam por aí!
A mãe de Renard, Dª Helena, atenta sempre, pergunta:
--- Filho, estou acostumada a ver todas as vezes que vais fazer algo importante, sempre você tira de letra, agora noto uma certa apreensão em você, será por causa da formatura na qual serás paraninfo, se não for porque então?
--- Não, mãe! Esqueça, a sra. está imaginando coisas! Eu seu filho preocupado? Fique tranqüila, está tudo bem. Mas falando em formatura, você vai assistir, não é? Quero que use o seu melhor vestido, fique bem bonita, sei que já és a mãe mais bonita do mundo, a mais inteligente, a mais interativa e agora vem a denominação melhor: a mãe mais carinhosa que existe neste mundão misterioso!...
Ah! Você sempre exagera muito, mas será que preciso ir mesmo? Queria mais é sossego, meu filho! --- Tem sim, mãe a sra. tem de ir!
--- Seu irmão e sua irmã escreveu que gostariam muito de assistir esta formatura, lhe desejam sucesso nas tuas palavras, eles tem certeza que você vai abafar, sempre acreditaram em ti.
Depois, o dia chegou! O salão estava repleto, novos pedagogos iriam receber seus diplomas, Dr. Renard estava impecável, o jovem cientista iria colocar suas palavras no coração daqueles que iriam fazer suas propostas: educar, palavra que se seguir ao pé da letra, faz com que o mundo ganhe novos seres prontos para dar sentido nesta outra palavra que se chama vida!
Entre os presentes bem no banco da frente, D.ª Helena, aquela que Renard tanto empenhou seu comparecimento, então ele começa:
Queridos formandos, eu não sei se darei este conto de recado,
não me considero influente principalmente nas palavras me atrapalho,
se fosse para mim falar de experiências, várias delas poderia até ser mais fácil,
mas o que tenho de lhes relatar aqui é o que se refere a vocês, pelo que propuseram,
sim vocês propuseram ensinar, ensinar o ser humano é tarefa árdua,
mas existe uma palavra, que colocada nos teus pedestais de propostas, faz muita diferença, a palavra amar, dedicar sem reservas. Vocês aceitam uma história?
Já sei, muitos devem estar pensando, aceitando ou não ele vai contar mesmo!...
(alguns breves sorrisos na platéia) e ele começa:
Eu nasci feio, tão horrível, nossa! Estou percebendo novamente alguns pensamentos:
- nasceu feio? ainda é muito feio, muito horrível! (nova gargalhada desta vez quase toda platéia)
Então meus amigos, foi este o resultado: meus pais me abandonaram, ainda mais quando ouviram do médico que eu estava muito doente, doença que desprenderia muitos cuidados, acima de tudo muito amor.
Mas eu fui salvo, sabe por quem? Por uma criatura que exalava o amor!
Fui adotado por uma pedagoga, professora Helena que já tinha dois filhos
ela me ajudou, amparado por ela e pelos dois irmãos que sempre me amaram,
pois quando ela chegou com aquela criança bronzeada, chorosa,
esta criança era admirada, olhada com todo carinho e muito amor!
Era como se o Criador dissesse: - vocês a geraram, eduquem-na
para que um dia fique tão linda quanto vocês!...
Tarefa árdua para esta mãe, porque nos meus primeiros anos foram difíceis,
dias e noites às vezes chorava eram quase interruptos,
com o passar dos anos, a suposta doença tinha sido contornada,
mas no caminho ficou algumas seqüelas na vida de minha mãe,
nas dificuldades de tomar conta de uma criança problema,
ajudou a separação de seu esposo, impossibilidade de agüentar-me,
minha mãe não se acovardou, eu o pequenino ser precisava de amor,
na medida que ia crescendo, necessitava cada vez mais de sua ajuda,
eu era a criança cada vez mais problemática, nas ruas, na escola, no mundo em si,
necessitava da sua sabedoria de ensinar, educar e amar requisitos de seu método,
minha adolescência foi traumática, parecia que não livraria do terror,
terror do abandono, medo excessivo da falta do amor,
medo da caminhada nos caminhos cheios de pedras cortantes,
medo acima de tudo dos monstros humanos, com poderes maléficos,
na minha mente, a possibilidade de um novo abandono me entristecia,
até que um dia, no seu dom de captar os problemas vigentes,
seu dom de colocar as palavras, os deveres nos lugares certos
me fez a declaração, esta minha verdadeira mãe me falou:
filho te dei tudo, este tudo sem dúvida é o amor e te amarei sempre,
sempre confiarei que este amor que te dediquei te de bagagem suficiente,
necessária para ir até o fim de seus dias e deixarás também para muitos,
e continuando o brilhante cientista, as suas palavras:
então meus amigos formandos, e amigos todos os presentes,
um dia antes deste dia que tinha de fazer este pronunciamento,
esta mulher maravilhosa, a minha mãe mais uma vez sentiu meus medos,
desta vez um medo diferente de não conseguir o ideal,
anseios de que depois o Criador me perguntasse:
- transplantastes mentes? Mentes carregadas de saberes,
onde as complicadíssimas fórmulas ofereçam alternativas para conseguir viver?
Mas bastaria simplesmente transplantares corações recheados de amor!...
Era isto, mãe, a minha preocupação, e tenho o prazer de apresentá-la,
queria te pedir para que levantes, para que todos vejam minha mãe,
aquela que contribuiu para que eu estivesse aqui e agora, tentando lhes dizer:
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens, que eu falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria”
E assim termina as palavras do Dr. Renard, talvez alguns ainda pensaram: deveria ser outro paraninfo! Mas a grande maioria concluíram que suas palavras os atingiram em cheio!
(Qualquer semelhança de fatos e nomes é coincidência, as semelhanças sempre acontecem nas histórias, apesar dos seres humanos serem diferentes em suas individualidades)