PRA QUEM PENSA EM DESISTIR

Assim que despertou naquela manhã, Joanna sentiu a "velha" pontada no estômago. Nem bem abriu os olhos e constatou que os pensamentos eram os mesmos dos últimos meses. Levantou-se, na agonia de viver mais um dia de tortura, como se um carrasco a chicoteasse a cada momento.

A vida seguia assim, neste quadro, desde que viu seus sonhos e projetos abortados pelo rompimento da relação que escolheu como eterna. Não tinha mais coragem de desabafar, então sofria calada. Buscava forças num sorriso maroto e num "tudo bem" como resposta para simplesmente não interagir. E assim seguia a vida.

Porém, naquela manhã se sentiu cansada de tudo. Já não queria continuar assim. Olhou para o sol que nascia e sentiu o calor dos seus raios. Caminhou pelo calçadão sentindo a vida beijando seu rosto com o vento. Parou num determinado lugar e fechou os olhos. Sentiu o coração rasgando pelo sentimento de perda, mas ainda assim queria viver. Pensou: "Me ajude a recomeçar" e chorou, chorou, chorou.

Sem preocupação de tempo e espaço. Só ela e a vida. Num desabafo profundo. Lágrimas e lágrimas.

Sentia o rosto molhado e chorava mais e mais, até que sentiu coragem de abrir os olhos.

O desabafo em lágrimas, trouxera um alívio que há muito não sentia.

Realmente se sentia melhor. Respirou fundo e sorriu. Sorriu para o céu. Sorriu para a vida. Sorriu para si em agradecimento.

O sofrimento ainda estava lá, mas o medo de recomeçar, não.

E foi assim que Joanna contou sobre o dia que renasceu para a vida e recomeçou.