por ela , segunda parte

O bosque estava mais verde, mais colorido. Os cavalos mais velozes e mais encorpados. O vento mais suave, como uma brisa. Ela não vestia, completava aquele lindo vestido azul. Seus ombros estavam à mostra, seus cabelos soltos e cacheados. Ela, como sempre, sorrindo. Feliz.

Eu desmanchado por sua beleza utópica, seu corpo magnífico e seu carisma perspicaz. Estávamos exuberantemente felizes. Quando cansamos de correr, ela primeiramente parou sob umas rochas e apoiou as costas. Vim mais por trás e apoiei-me ao lado dela. Por alguns segundos, ficamos a nos olhar, a pensar e pensar. Ela, acanhada, beijou-me. Não foi um beijo longo, mas bem marcante. Senti pela primeira vez o gosto de seus lábios. Eles eram doces e molhados, penetrantes inconfundíveis. A partir daquele momento, eu a amava. De verdade.

Voltamos a ficar nos olhares. Eu não sabia o que dizer, e ela não tinham o que falar. Mal nos conhecíamos. Ela uma servente de uma casa grande e eu um pequeno agricultor. O patrão dela não a deixava sair muito, mas, por ventura os meus eram agradáveis. Eles me ensinaram gramática e lógica. Ensinaram-me também a escrever por que tenho tanto gosto.

Depois que eles descobriram meu amor por ela, vendeu-me a nossa atual casa por um modesto preço. Conseguir trazê-la para morar comigo e, assim nossa vida “a dois” iniciou-se.

Tínhamos uma pequena horta de onde tirávamos nossa subsistência.Também criávamos galinhas e porcos. Ela tinha gostopela natureza e desenhava todos os dias. No começo saiam traços borrados, mas, com o tempo foi criando gosto e a habilidade floresceu. Nas belas gravuras, via-se arvores flores e sempre um enorme sol. Via-se também o amor que ela depositava em todo aquele trabalho.

Já eu me limitava a escrever em nossa sala. Construir com um tempo uma pequena lareira que além de nos esquentarmos nos dias frios, também iluminava aquele ambiente. Não entendo o porquê, mas sempre que a lareira estava acesa, meus pensamentos fluíam mais. Saiam boas historias e bons pensamentos, saiam lindas princesas e bondosos cavalheiros. Ela adora meus relatos e eu admirava sua arte.

Como num relance, voltei à nostalgia da fria banheira. As pedras de gelo estavam derretidas, mas a água ainda muito fria. Com certo esforço, consegui levantar-me e sair dali. Peguei um cobertor vultoso para esquentar-me um pouco. Ainda molhado, deitei sob a cama e fechei os olhos.

Neto Gouveia
Enviado por Neto Gouveia em 27/06/2011
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