Miragem
Jogada na cama, ela tem a impressão de ouvir a música deles às 02h00 da manhã. Embriagada pelo som tenta com enorme esforço concentrar-se no que pensa ouvir. Um vento calmo toca a cortina abrindo-a lentamente, e no canto da porta no pequeno espaço entre a cortina e a parede ele surge. Ela fica alegre, empolgada, confusa... Por um instante ele a olha, sorri com malícia, e em seguida muda totalmente, fica triste, chora... Ela por impulso quer ir até ele e consolá-lo, mas sabe que não pode pois se for até lá ele sumirá entrando no seu espelho. Eles mantêm contato no olhar, ele a fita de uma forma que consegue tocá-la e vai baixando os cílios tão lentamente que soa uma melodia executada pela sua íris.
Ela decide dormir e deixá-lo ali a vigiando pelo tempo que quiser até sumir no seu espelho...
Silvia Teixeira >>> (2006)