Por Ela , primeira parte.
Seu corpo era quente. Ela sempre quando me via beijava-me e soava bem feliz. Soava.
Morávamos numa casa modesta num velho vilarejo. A casa era “arrumadinha” e bem afeiçoada. Tudo sempre ficou no seu devido lugar, bem organizado e bem dividido. Mesmo que morássemos juntos, tinha espaço e ela o dela.
Não me recordo quando iniciou sua mudança, mas, lembro-me que fora bem repentina. Pela manha ela sorria e me beijava, e era feliz. mas, ao anoitecer tudo mudou. Naquela noite meu corpo estava gélido, devia ter passado muito tempo nos campos e na colheita. Pela tarde, choveu bastante. Devia ser um sinal do que me esperava mais tarde.
Antes de deitar-me debruçado pela cama, resolvi pegar umas lenhas que estavam estocadas no closet. Elas esquentaram a sala e causaram o primeiro som da casa desde quando cheguei. Depois, resolvi trocar a roupa, estava suada. Quando desabotoava a camisa xadrez, percebi que estava ferido na mão. Um pequeno corte, mas que depois do contato visual, começara a doer. Já completamente despido, caminhando pelo banheiro interno, tive uma primeira tontura. Sentei sob a borda da banheira. E depois, bem devagar coloquei as pernas para dentro dela. Minha esposa, sempre me disse que banhos gelados faziam bem as doenças terminais, então, enchi a banheira com pedras de gelo que pairavam sob a água gélida.
Meu corpo tremia severamente, meus olhos não ficavam abertos e meus lábios embranquecidos. Tentei sair da banheira, mas a fraqueza era tão forte quando minha vontade. Então, desliguei meu corpo. Apenas pensei nos bons momentos que havia vivido.