Dre repente, o amor.

Era tarde quente de verão, o sol fazia reflexos na água atrapalhando a visão de quem chegava ao barco ela observava. O corpo moreno tatuado que se despia da camisa suada podia ver os ombros largos, o peito com pelos fazendo um caminho que iria com certeza ate mais alem que a sunga cobria, as nádegas fartas e as coxas grossas corriam para a água e após um longo mergulho saia com o cabelo dourado caindo sobre os ombros, sorria um sorriso lindo fazendo aparecer dentes brancos e fortes, no queixo uma cova surgia, olhando para o lado, fitou os olhos azuis que ao lhe ver pararam de sorrir, continuou seu caminho, sujando os pés na areia. Da proa do barco apenas observando, as costas largas e as gotas de água deslizando suave.

O ambiente estava cheirando a bebida forte e a flores, naquela hora o bar não tinha muitos lugares vagos, e o entra e sai de pessoas não dava tempo para pensar em coisa alguma, a não ser no moço loiro que saia da água no final da tarde.

Núbia levava a bandeja, a garrafa firme e os copos, eram postos sobre a mesa e cheios, o corpo leve dançava em meio a mesas e cadeiras, cada um com seu perfume e sua conversa, risadas e a musica soava alta, foi assim que ela viu em um canto perto ao balcão um olhar que a fez corar, ali, bem a sua frente, os olhos azuis lhe sorriram e os lábios vermelhos se abriram mostrando os dentes brancos em contraste com sua pele morena, queimada de sol, o cabelo loiro agora penteado deixava um ar de moleque que acabou de sair do colégio, ela lançou um olhar firme, seguindo em frente, não podia deixar a emoção aflorar, não ali, no seu ambiente de trabalho.

Notou que por toda noite ele esteve ali, entre uma cerveja e outra comia algum petisco, pode notar o bom gosto em se vestir e o jeito de quem não era dali, estava só e parecia feliz, no inicio da madrugada quando todos iam saindo, ele também estava de saída, deixou no balcão um nome de hotel, nome e telefone, ao lhe entregar, ela agradeceu, mas ao se virar amassou e jogou fora, ela não contava que ao sair ele se virou e viu quando ela fez esse gesto.

A madrugada estava quente, a lua deslizava linda sobre a lagoa o reflexo dela em pequenas ondas, núbia ficou ali olhando um pouco mais, ajeitou o casaco e foi ligar a moto, foi então que ele chegou, sentiu seu rosto moreno afoguear e seus lábios carnudos tentaram dizer alguma coisa, tirou o capacete e seus cabelos negros caíram deslizando ate o meio das costas sentiu seu corpo estremecer, no momento não soube o que dizer seus olhos verdes o fitaram com uma interrogação que ele não resistiu, respondendo com um beijo de surpresa, ela sentiu o corpo tremer entre aqueles braços fortes, sentindo o calor daquele corpo e a firmeza daquele homem, ficaram ali, se olhando após o beijo, então ele se afastou e entrou em uma ranger verde que brilhava de tão limpa, dando a partida e saindo fazendo poeira, da escada de madeira rústica, os outros funcionários olhavam a cena, e riram da situação, cada um seguiu seu caminho, deixando Núbia e sua carona livre para irem embora.

O dia mal clareava e Núbia já estava de pé, Jônatas não deixava a mãe dormir ate tarde, com seus olhos da cor da jabuticaba olhava para ela e sorria, e ali tudo ficava para trás, ate o sono, depois de cuidar e alimentar, ela tomava um longo banho e se arrumava para o curso que fazia,deixando ele com a babá.

Ao chegar ao curso, se sentou as duas tranças acomodadas sobre os fartos seios e abrindo o livro não prestou atenção no silencio que se fez de repente, ela havia esquecido que naquele dia o novo professor viria preencher a vaga da professora de licença, continuou olhando o livro e após longo silencio, olhou para frente, viu as pernas grossas que a calça jeans apertava e o tênis, seguiu o olhar e viu os olhos azuis que lhe olhava, seu coração disparou e então ele se apresentou, se chamava Edgar e estava ali para ocupar a vaga temporariamente, ela sorriu e não deixou transparecer a emoção, na saída, ele estava rodeado de garotas e ela passou por ele fingindo não estar dando importância.

O almoço foi rápido e brincando com o filho conversava dizendo palavra de carinho a tarde estava chuvosa, teria pouco movimento, ela arrumou a capa de chuva e deixando mais uma vez o filho, foi para o trabalho, chegou cedo ao trabalho, isso a deixava relaxar um pouco olhando os turistas e os barcos indo e vindo, parada com o olhar perdido no barco balançando ao sabor do vento forte que fazia ondas que vinham ate a margem, o seu pensamento foi buscar o passado, trazendo de volta os olhos de alguém partira a muito tempo, bem antes de Jonatas nascer, e o filho veio com os mesmos olhos negros e o mesmo sorriso, e era isso que lhe dava forças e alegria, para superar a dor. Quase um ano e tudo ia bem, mas ela precisava dobrar o serviço, trabalhar mais e estudar também, sentia que não dava toda a atenção que o filho precisava, mas logo estaria bem, ela era forte e iria conseguir.

Não notou que ao seu lado alguém parado lhe observava, ao virar ficou de frente com Edgar, ele então a abraçou forte, secando o seu lagrimas e sem fazer perguntas, disse apenas que ela tinha razão, tudo ia dar certo. Ela não notara que dizia as palavras em voz alta. Ali, naqueles quinze minutos, antes do trabalho, foram os mais lindos que ela vivera desde o acidente.

Ela não pensava mais em relacionamentos ou estar com outro homem. Mas ele pedia para conversar e que ela antes de acusá-lo procurasse ouvi-lo. Ela explicou a correria durante a semana, e embora fosse o seu professor, queria se manter distante, que no final de semana poderiam sim conversar. Ele então sorriu o mais lindo sorriso e ela foi ocupar o seu posto no restaurante.

O final de semana chegou ali a sua frente ele a esperava, no seu colo Jonatas sorria, e foram juntos para o mesmo barco onde ela o vira pela primeira vez, ele assustado, não sabia que ela tão jovem já era mãe, e ficou mais surpreso quando descobriu que excelente mãe ela era, conversaram e então ela detalhou sua estória para ele, em silencio ele ouviu, e ao final olhou Jonatas dormindo no bebe conforto, ela então ouviu a estória dele.

Edgar não conheceu os pais, cresceu em um orfanato, mas logo que cresceu saindo de lá começou a trabalhar, teve um grande amor, que não deu certo, ela se foi e então ele passou a trabalhar e a conhecer o mundo, foi assim que ele veio parar na pequena cidade e ao olhar pela primeira vez sentiu que algo dentro dele mudou, e ele não foi mais o mesmo.

Naquela noite chegaram os três em casa e ele viu a dedicação de mãe e mulher ao servir um jantar preparado rapidamente, as horas passavam rápido junto dela, ele ria fácil e ela estava radiante, assistiram um filme e comeram pipoca, dormiram abraçados e um novo dia chegou com os raios do sol tocando seus rostos no tapete da sala. Ele olhava para ela com tanta ternura, e ali, naquela manha de domingo começava uma nova estória, e o moço loiro saia do sonho e da sua imaginação, para ser um amigo, irmão, marido e um pai para o pequeno Jonatas.

O final do ano chegou e com ele o final do curso e a licença já estavam terminando, Edgar sentado olhava para Núbia, começava uma nova etapa, ele teria que encontrar outro trabalho, ela olhou expressivamente para ele, e o que ele viu, foi um olhar terno de compreensão, eles então se abraçaram, e juntos olharam para Jonatas e para o futuro que eles teriam que enfrentar juntos, sempre.

crisviana
Enviado por crisviana em 18/06/2011
Código do texto: T3043521
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.