A carta de Emanuel

Sentia uma enorme dor no peito enquanto lia aquelas lindas palavras, pois formavam frases que tocavam com extrema sutileza o fundo da sua alma...

E assim, em seu peito misturavam-se emoções que ele mesmo não sabia o real significado delas, mas tinha plena consciência de que as palavras lhe serviam para cada um dos momentos de sua vida passada. Então, à medida que avançava sobre uma nova folha sua feição mudava, ora sorria..., ora entristecia-se..., entretanto suas mãos não paravam de enxugar o rosto que se molhava insistentemente pelas lágrimas de um choro, um choro quieto, silencioso, que lhe torcia a alma.

As palavras foram um aprendizado duro, muito duro mesmo, mas ao mesmo tempo bonito, pois aprendia com palavras muito doces que o faziam recordar de outros tempos, épocas muito diferentes da qual vivia hoje, afinal de contas todos nós seres humanos temos nossas virtudes e vícios, e cabe a nós a conquista da grande parcela daquilo que queremos e desejamos, porém a lapidação de nossas virtudes inicia-se à medida que algo vai tocando nossa consciência e despertando profundos e nobres sentimentos que tão somente a visão, ou o tato, ou a audição, por si só não conseguem fazê-lo.

Porém, sua leitura se fazia repetidamente, pois ao acabar de ler voltava ao início e recomeçava a passar os olhos naqueles papéis em que iam a bela carta de Emmanuel, e assim se fez por muitas outras vezes e por muitos dias...

Aquelas palavras que pareciam lhe chamar a atenção e lhe repreendiam até então, foram como um remédio à medida que repetia as leituras e desta forma suas lágrimas foram naturalmente esvaindo-se até secarem por completo. Com isso ele se fortaleceu e redescobriu verdadeiramente a pessoa maravilhosa que era. Tornou-se mais forte, mais bonita, mais gentil, passou a entender que as dificuldades, as dores do mundo estavam muitas vezes em seu caminho para torná-lo melhor e não tinham a intenção de diminuí-lo ou humilhá-lo, como rotineiramente pensava. Se existia uma conspiração do mundo contra ele eram apenas coisas subjetivas de sua imaginação equivocada, pois criava com isso situações que verdadeiramente não existiam.

Assim, as coisas foram mudando para melhor, as mudanças em sua vida começaram a aparecer com novas atitudes, especialmente nas dificuldades, e a doçura daquelas palavras nunca mais saíram de sua mente, de seu espírito e de sua boca.

A carta de Emmanuel o acompanhou por todos os dias de sua longa e feliz vida, como um tesouro valioso e inesgotável.

Vitor Mailart
Enviado por Vitor Mailart em 17/06/2011
Código do texto: T3039867
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