BÊNÇÃO
As lágrimas caíam dos olhos do céu. Me molhei no caminho em direção a sua porta.
Cheguei, bati. Alguém soluçou em meio a um sonho. Silenciei meus passos para não lhe acordar.
As árvores cantavam com o vento, pássaros trinavam de alegria. Uma cantiga de ninar vinha do córrego...
Se a natureza em si acalentava seu sono, não poderia eu, um simples elemento da mesma, lhe roubar o precioso descanso.
Escrevi um bilhete marcando hora e local para um encontro.
Senti que o mundo a meu redor ficou mais belo. Sonhei do lado de fora...
O vento sussurrava em meus olvidos que você me amava e acreditei.
Por instantes, pensei ser um príncipe ao me vir a idéia de acordar-lhe com um bejo. O castelo permaneceu fechado e silencioso!
Colhi bons pensamentos que chegavam com a brisa mansa e suave. Me envolvi na névoa baixa e lhe vi em uma festa. Tudo era maravilhoso e você dava o toque final à harmonia que nos cercava. Fiz planos e Deus sorriu no universo!
Súbito, acordei daquele transe. O tempo fervia à minha volta e tive que partir da fantasia ao encontro da realidade.
Corri de marquise em marquise, atravessei as ruas da cidade ainda atordoado, desviei aos pulos dos buracos e lamaçais. Retornei ao trabalho e pensei novamente sobre o acontecido.
Enquanto você dormia, viajei ao paraíso e, ao dormir, não percebeu que naquele instante alguém velava seu sono, pedindo à natureza para que não se quebrasse.
E meu coração sensível e apaixonado dizia: Durma em paz, meu amor!!