Fim.
O que me causa espanto ao ver o nosso fim estampado em folhas brancas com letras negras imensas é que isso não me deixou triste. Decepcionada sim, mas triste não. Decepcionada comigo mesma por me deixar levar por tais estradas mal conservadas e becos sem saída, decepcionada por soltar o freio de mão acidentalmente e deixar meu carro ir de encontro ao muro logo ali na frente.
Decepciona o fato da nossa história ter chegado ao fim e você sequer ter dado motivos concretos para que isso acontecesse, sequer trocou duas palavras ao botar um ponto final nesse prólogo breve.
Prólogo sim, porque sequer chegamos a escrever uma introdução decente pra essa trama toda. Esboçamos alguns personagens, criamos um certo enredo a ser seguido mas não chegamos a escrever a primeira linha com caneta preta. Você escreveu tudo na base do lápis e borracha, e agora eu apaguei você e soprei seus restos lá pra fora.
Que o vento leve, que seja leve estar aqui aonde o vento não vai te trazer de volta.
Que em breve seus restos caiam na folha em branco de um outro alguém, e que, quem sabe você consiga escrever um primeiro capítulo pra tua vida, com caneta azul ou preta.
Eu aqui sigo escrevendo meus epílogos, contos, poemas e até alguns capítulos no meu livro da vida. O tempo não pára, o relógio na parede segue contando os segundos e minutos do meu dia. Espero encontrar bons personagens e espero escrever boas histórias, mesmo que sejam breves romances ou contos sem fim, mas que eu escreva algo duradouro pra lembrar por toda a vida.
Não guardo rancor, te desejo sorte. Desejo que amadureça em breve para que mais ninguém venha a se perder nos teus labirintos. Seja feliz, aqui ou ali, mas seja.
A vida é breve, e a felicidade é só um sopro.