Jardim.

Abstrato como todo sentimento. Intocável.

Mesmo estendendo ambas as mãos ao alto não se alcança, não se toca, nem mesmo as pontas dos dedos encostam levemente as sentimentalidades expostas no mundo. Naquele nosso mundo.

Não foi consumado, o tal ato do amor carnal. Aquele momento em que os corpos desafiam as leis da física e tentam ocupar o mesmo lugar no espaço. Não só no tal ato sexual, mas o ato simples do abraço, do beijo, do cheiro no pescoço... nada foi consumado.

Pergunto-me se guardamos tais momentos em nossa caixa de Pandora, com desavenças e carinhos a serem vividos e relatados futuramente. Como histórias antigas contadas por xamãs ao relatar o começo dos tempos, a história do mundo. Nossas histórias, nossos heróis e heroínas, nosso mundo com cores que suas mãos leves pintam na tela exposta no tripé da sala, mundo relatado em minhas palavras intensas que tentam, ao juntar-se, fazer algum sentido ao menos para nós.

Feito flor que desabrocha na primavera, estamos nós. Estendendo pétalas para o mundo admirar, cada uma em seu jardim particular.

Que o nosso pólen seja feito carinho antigo, amor de agora. Que viaje por tantos jardins quanto forem possíveis, que criem lindas paisagens por aí... e que um dia, minha pétala encoste na sua, de leve ou profundamente.

Lorrayne T
Enviado por Lorrayne T em 07/06/2011
Código do texto: T3020030
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