O tímido maquinista
Juca fitava os olhos nas montanhas que o cercavam e de lá mesmo, aonde estava, podia ver uma fenda na rocha da qual escorria água. Algumas pessoas a chamavam de cachoeira, mas àquela fina cascata, ele preferiu não denominar assim. Ele estava assentado num banco de ferro na estação, aguardava por uma mais um dia de labuta, era maquinista e trabalhava e trabalhava na ferrovia vitória-minas.
Ele vivia uma vida semelhante a quem trabalha no “trecho”, um dia dormia num lugar e noutro sabe se lá aonde, mas sempre tinha um canto quente para voltar, o seu lar. Juca morava em São João das Boas Vindas, com os pais e seus irmãos. Chegando para uns dias de férias, viu algo novo, alguém que lhe chamou à atenção. Era uma nova vizinha, uma mulher pequena, robusta, de lábios carnudos e sempre com batom cor escarlate. Ela não era bonita, mas tinha um “charme” o que encantou àquele humilde maquinista.
Interessado nela logo descobriu que a moça era solteira. Diariamente à via passar, então passou a vigiá-la para quem sabe algumas palavras dizer. Durante todo tempo que ficou em sua cidade natal, notou que: A vizinha sai de casa todos os dias às 5 horas da tarde. Pensou em pará-la na rua, mas acanhado não se atreveu a tentar tal aproximação.
Juca partiu para uma nova viagem, para dormir sabe se lá aonde, um dia voltar e quem sabe a vizinha encontrar, pois pensava nela maior parte do tempo. Talvez da próxima ele tome coragem.