Vem Comigo?

Estendo a mão em sua direção.

- Vem comigo?

- Tenho medo. - ela diz.

Fecho os olhos, pulo seguidamente de um lado para o outro.

- Vê só? Não há motivo para se ter medo.

- Não sei como se faz, acho que ainda não aprendi.

Olho-a diretamente nos olhos, afago os cabelos que sempre caem em seu rosto. Ela sorri acanhada. Chego mais perto dela, abraço-a delicadamente por trás e sussurro em seu ouvido:

- Eu tenho todo o tempo do mundo pra te ensinar. Eu não vou a lugar algum, estarei sempre aqui do seu lado, segurando a sua mão.

Ela parece confusa, olha para frente, sinto seu corpo tremer. Será medo? Receio? Aperto meu abraço, beijo seu rosto... ela parece se acalmar.

- Tenho tanto pra aprender ainda, sobre a vida, sobre você, sobre nós, sobre tudo... que não sei se essa é a nossa hora. - fala tristemente.

Largo-a, fico parada a seu lado, ela me olha, sinto seus olhos sobre mim. Olho para trás.

- Já andamos tanto, nosso percurso ja é tão longo. Aprendemos tanta coisa juntas, e eu.. eu te esperei mesmo você tendo escolhido outro caminho lá atrás. Eu sabia que o seu desvio ia voltar pra minha estrada, sempre soubemos disso. - olho para o chão, chuto pedrinhas como uma criança chateada.

Ela pega minha mão. Eu solto. Ela pega. Eu solto.

Sento-me no chão, cruzo os braços em torno das pernas, pareço mesmo uma criança. Sinto ela me olhando lá de cima, me nego a olhar para ela.

- Haha, você sempre tão imediata, tão teimosa! - ela ri suavemente.

Sinto ela sentando-se ao meu lado, mantenho a cabeça baixa, brincando com as pedrinhas do chão.

- Eu sempre te amei, mesmo quando peguei desvios na estrada lá atrás, e eu sempre lhe disso isso, não disse?

- Disse sim. - respondo contrariada.

Sinto que ela me abraça, as mãos delicadas passeando pelas minhas costas, a outra acaricia meu braço, quando vejo estou completamente envolvida por ela. Golpe baixo! Penso baixinho, solto um sorriso sem querer. Ela beija meu pescoço.

- Eu te amo sua boba, não é disso que eu tenho medo.

Minha mão passeia pelos cabelos dela fazendo carinhos que ela tanto gosta, a outra mão, por vontade própria desenha o contorno da sua boca... Vejos seus olhos cada vez mais perto dos meus, conto cada pintinha daquele rosto lindo, os cílios quase encostam com os meus, e as nossas bocas afogam-se no beijo mais gostoso.

Se ela tem medo, eu sento aqui e espero. Espero pela hora em que ela irá se levantar e falar: "Vem! A estrada da vida nos espera, e é com você que eu quero seguir até o fim.". E eu sei que você quer, você sabe que eu quero, e esse sentimento nunca me foi tão urgente como nos últimos dias. Mas eu espero, sempre esperei não foi?

- Eu te amo. - sussurro em seu ouvido.

E adormecemos, esperando que a vida não demore a nos dar uma segunda chance.