Reencontro
Pensei comigo se voltar para Nabul seria uma boa idéia: “Claro que é, o que me completa está lá”.
Na mesma semana decidi tomar um avião rumo ao sul. No caminho, lembrei das pessoas do passado que vivia e provavelmente ainda vivem lá e me questionei se eu as encontraria, e se as encontrasse que sensação sentiria? A de que regressei no tempo.
Na verdade, infelizmente, não me senti assim quando cheguei à cidade, pois tudo estava diferente, decadente. Perguntei-me se tudo o que existe no mundo tende a piorar com o passar dos anos. Pelo menos em Nabul, a resposta era “sim”. O antigo bosque cheio de vida ao qual eu admirava, se encontrava numa realidade oposta: sem vida. As ruas de Nabul, hoje, cheia de destroços não se pareciam nada com aquelas ruas onde eu me sentava para brincar com meus amigos. E o lago ao lado da casa onde vivi até meus 14 anos, estava muito bom para pescar lixo.
Percebi que o único lugar onde nada havia mudado era a casa de meus pais, a casa onde passei minha infância e inicio de adolescência. Ela se encontrava igual como da última vez que a vi, quando fui embora para o norte com meus pais. Mas eu não havia voltado à cidade para relembrar o que vivi, mas sim para encontrar aquela com quem viverei.
Sem muita demora, fui atrás do que faltava em mim. - Lá está a casa dela, só que agora com sua tinta gasta.
Ao bater na porta, o irmão mais velho dela me atende com ignorância, dizendo que ela se casou e foi embora. Essas palavras me atropelaram como um caminhão em alta velocidade. Uma gota de lágrima se escorreu de um de meus olhos.
“Quero fugir”. Logo fui para o aeroporto, com uma imensa vontade de gritar.
Fui surpreendido por uma pessoa que me reconheceu mesmo eu andando de cabeça para baixo. Era uma colega de minha infância e grande amiga daquela que eu namorava desde meus 12 anos. Após termos relembrado tudo o que aprontávamos quando criança, ela lamentou por eu ter ido embora, deixando Bárbara sem notícias sobre mim. Logo a expliquei que fui embora obrigado por meus pais, e nunca deixei de pensar em Bárbara, pois era impossível não pensar porque eu me sentia incompleto, e sempre soube que era ela o que me completaria. E disse: ”De qualquer forma é tarde para prantos, ela se casou e foi viver sua vida. Muito justo”.
Senti meu rosto se rasgando por causa do sorriso que abri quando a pessoa que estava a minha frente disse que Bárbara sofreu todo esse tempo me esperando, e com esperanças.
Peguei o endereço onde ela vivia com duas amigas e chegando lá, vi uma bela moça abrindo a porta para me atender. Ao dizer meu nome, vi que no fundo da casa surgiu uma linda mulher correndo em minha direção com lágrimas de emoção nos olhos e de braços abertos e quando se envolveu em mim, ela disse: ”Eu sabia, meu amor”, e eu respondi: ”Obrigado”.