TRIBUTO ÁS LAVADEIRAS
 
 
CÁ ESTOU EU NOVAMENTE...VELHA PONTE DO BACALHAU...
QUANTO TEMPO SE PASSOU, MAS AS LEMBRANÇAS ESTÃO VIVAS NA MEMÓRIA..
    O VENTO PROVOCA UMA CASCATA DE FLORES QUE DEITAM NÁS ÁGUAS E NAS PEDRAS....
    PARECE QUE ESTOU VENDO-A A LAVAR AS ROUPAS.
    EU ERA BEM PEQUENO QUANDO A CONHECI, SEU NOME ERA CLARISSA E COSTUMAVA CHAMAR-ME “BROTINHO”.
    SEMPRE QUE MINHA FAMÍLIA VINHA PASSAR UNS DIAS POR AQUI EU A VIA, JÁ ERA UMA CONSTANTE; FUI CRESCENDO E ELA CADA DIA TORNAVA-SE MAIS BELA, SEMPRE COM UMA FLOR NOS CABELOS; UM DIA QUANDO ME DEI CONTA, ESTAVA APAIXONADO E TORCIA PARA QUE TODOS OS MEUS ANIVERSÁRIOS CHEGASSEM LOGO, ASSIM EU PODERIA DECLARAR-LHE MEU AMOR...
    MEUS PAIS TIVERAM QUE SE MUDAR PARA A NOVA CAPITAL ENTÃO... FOI CRUEL TER QUE ME SEPARAR DELA, E QUANDO EU VIA UMA FLOR AMARELA, A SAUDADE APERTAVA MEU CORAÇÃO.
    JÁ MOCINHO CONSEGUI UMA CARONA E VOLTEI PARA VÊ-LA E AO ATRAVESSAR A PONTE MEUS OLHOS A PROCURARAM E ENTRE TANTAS LAVADEIRAS ELA NÃO ESTAVA, ACHEI QUE NO DIA SEGUINTE A VERIA.  
       MAL PODIA ESPERAR O SOL RAIAR , A NOITE ME PARECIA LONGA DEMAIS; AFINAL O SOL RAIOU E EU ENTÃO VIM PARA PONTE PARA ESPERÁ-LA, TERIA EU A CHANCE DE MOSTRAR-LHE QUE EU JÁ ERA UM HOMEM E COMO CAVALHEIRO A AJUDARIA A CARREGAR A TROUXA DE ROUPAS. AS LAVADEIRAS NÃO HAVIAM  CHEGADO E EU, ANSIOSO A ESPERAR, A VELHA PALMEIRA ERA UM FESTIVAL DE SONS, COMECEI A FICAR NERVOSO, MAS LENTAMENTE ELAS VINHAM CHEGANDO CANTANDO A MESMA CANÇÃO. MEU CORAÇÃO SE ALEGROU E ME ATREVI ACOMPANHÁ-LAS ASSOBIANDO, PORÉM, MEUS OLHOS PROCURAVAM EM CADA ROSTO AQUELES OLHOS DA COR DO CÉU, AQUELES LÁBIOS DA COR DO CAQUI E AQUELA CACHOEIRA DE OURO QUE PENDIA DE SUA CABEÇA UM TANTO OCULTA PELO LENÇO, MAS NADA, CADÊ CLARISSA? PERGUNTEI.
       UM SILÊNCIO INVADIU OS ESPAÇOS; ATE OS PÁSSAROS EMUDECERAM, ENTÃO ALGUÉM RESOLVEU FALAR:---O RIO LEVOU.
        ---COMO ASSIM ?
        ---FOI NUM DIA EM QUE AS NUVENS ANUNCIARAM QUE A CHUVA VIRIA, ATÉ O RIO AVISOU, MAS ELA ATRAVESSOU E DE REPENTE O RIO ENCHEU E A LEVOU CONSIGO, NUNCA NIMGUÉM ACHOU O CORPO, DIZEM QUE VIROU FLOR.
        DECIDAMENTE O CHOQUE FOI GRANDE E NEM SEI COMO CONSEGUI CHEGAR A CASA
        OS DIAS SE PASSARAM E SE TORNARAM A SOMATÓRIA DE ANOS LONGÍNQUOS, E EU NUNCA A ESQUECI E HOJE A LEMBRANÇA SE AVIVA.
        REPENTINAMENTE SINTO UM DOCE CARINHO NA FACE...
        UMA FLOR TOCA MEU ROSTO ANTES DE POUSAR NO CHÃO, OUÇO ENTÃO UMA VOZ A ME DIZER:---BROTINHO?!   SERÁ VERDADE A LENDA? 
 








imagem/Google
Stéla Lúcia
Enviado por Stéla Lúcia em 31/05/2011
Reeditado em 31/05/2011
Código do texto: T3004601
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.