A Casa - Capítulo IX e X
IX
Joaquim passa em frente à casa dos Teixeira.
Pensa em chamar e ver Amanda. Muda de idéia. Está com Damião.
Entra no cartório, assina os documentos que dava o direito à herança. Ao saber do valor da poupança quase cai pra trás. Vão ao banco, abre sua própria conta e transfere o dinheiro para ela.
Depois conhece São José dos Campos e percebe que era enorme.
Sua antiga cidade possuía uma única rua.
Volta para casa. Alguém o espera.
Era um jovem que segura um jornal.
- Queira me apresentar. Sou Silvinho dono do jornal o Bagunça. Era amigo do pensador Terêncio. – Diz o jovem.
- Damião me falou, é jornalista, não?
- Jornalista clandestino pra ser mais exato. Meu jornal publica temas anarquistas e o seu tio colaborava com ele. O jornal vive dos custos das assinaturas.
- E são muitas?
- Não. Mas ele sobrevive. Seu tio além de assinante escrevia textos para o jornal.
- Mas o jornal está contra o governo, ele vive caçando gente como vocês.
- Por isso vivemos ocultos. Não aceitamos o poder do estado que nos corrompe e valoriza a burguesia. Lutamos pelo que acreditamos ser a solução do país, a execução do estado, o extermínio total dele e o anarquismo é a salvação.
- É tão estranho saber que meu tio colaborava para um jornal que aos olhos da sociedade é o inimigo do estado. – Declara Joaquim.
- Ele reconheceu o que era certo ou errado. E para isso o estado é a doença do país.
- É uma pena, não sei nada dele, seus livros, sua vida pessoal.
- Seu tio foi pensador e homens de idéias, valorizava em favor dos direitos e da liberdade de cada individuo.
- Porque não me deixe esse jornal? Se aprová-lo poderei abrir assinatura.
- Será um prazer! – Diz o jovem orgulhoso.
Joaquim chamou Silvinho para almoçar. O jovem recusou alegando que tinha compromissos naquele horário.
Após a refeição, Joaquim entrou na biblioteca e começou sua leitura no Bagunça.
X
A noite chega.
Joaquim como combinado se dirige a casa dos Teixeira.
Quem veio dar a saudação foi Amanda que está (Nos olhos de Joaquim) magnífica no vestido azul claro e no pescoço um colar branco, brincos prateados e o cabelo preso.
“Que corpo!” – Ele pensa.
Logo aparece Alexandre acompanhado de dois homens.
- Fico feliz por ter vindo! – Diz ele. – Quero que conheça, o senhor Alencar e o doutor Josemar.
- Muito prazer, senhores. – Diz Joaquim aos dois.
- Alexandre nos falou do senhor, meus parabéns. – Diz Alencar.
- Obrigado, senhor.
- Espero vê-lo mais vezes.
- Se Alexandre quiser...
- Você já é de casa. – Diz Alexandre tocando no ombro de Joaquim.
- Aceita champanhe?
- Aceito.
- Fique a vontade.