RECONQUISTA

Estavam os dois chegando ao àpice da montanha. Após diversos incidentes e incertezas, tudo parecia se concretizar..

Faltava pouco, talvez milímetros para tocarem o céu, quando o vento frio e forte jogou-o ao chão.

De joelho em terra, quase sem fôlego, tentou levantar-se e outra rajada mais veloz, derrubou-o de vez ao solo.

Tateando e com poucos sentidos, percebeu estar sendo tragado pelas profundezas do abismo. Sem ter um ponto de apoio onde pudesse manter-se firme, começou a cair até seu corpo se confundir com as trevas.

Naquele mesmo instante em que voava para a morte, três lágrimas riscaram a face de sua amada, indo tocar o chão. Eram, respectivamente, dúvida, paixão e desespero.

Após esta brusca descida, a névoa dissipou de seus olhos e, não se entregando a derrota, pos-se de pé, dando início aos preparativos para a nova jornada: A reconquista do sonho desfeito.

O que foi difícil de se conseguir a dois, seria mais complicado pois, de duas mentes, restava uma; de quatro braços, apenas dois e, pior ainda, teria de contar com muita sorte por não mais possuir o apoio de sua amada.

Após longa caminhada enfrentando chuvas constantes, sóis ardentes, ilusões e prantos contínuos, chegou ao topo da mesma colina em que antes estivera.

Estava vazio! Quem tanto adorava, não mais se encontrava lá.

Gritou!

Seu brado de tristeza e mágoa cortou toda extensão do vale sombrio.

Libertou seu olhar para baixo e este, voando de encontro ao fundo do abismo, deparou-se com um corpo estirado aos pés do monte.

Apesar da distância, conseguiu reconhecer aquela mesma face que, durante anos, podia contemplar de perto. Sentiu-se velho e desgastado pela guerra arrastada durante tantas noites de insônia e sofrimento.

Era hora de tomar alguma decisão e, sem pensar duas vezes, tomou distância e correu de encontro ao espaço vazio e traiçoeiro.

No meio desta queda livre, abriu os olhos como nunca antes havia feito e percebeu que sua companheira já não se encontrava aos pés da montanha. Tentou chorar e não possuia mais lágrimas.

Em dado momento, sentiu suas mãos serem tocadas por outras e, ao observar melhor, assustou-se pois, de encontro ao imprevisto, viajava junto a êle, sua querida apaixonada.

Tomou-se de imensa lucidez, percebendo por fim , não estarem caindo e sim, voando lado a lado, como pássaros em dias de migração.

Era a Previdência Divina! Foram postos à prova e venceram.

Todo o universo se transformou naquele momento e a frase perdida entre a vasta lagoa da incompreensão humana veio à tona: "DE TODOS OS SENTIMENTOS, SÓ UM É DURADOURO E CONSTANTE: O AMOR! A CHAMA QUE JAMAIS SE APAGA!"

Hoje ainda voam à tarde, quando, no horizonte em despedida, o sol procura pousada. Vejo-os de minha janela e posso afirmar sem margens de dúvida, que é lindo o espetáculo proporcionado a esta alma mundana e solitária que possuo.

Que DEUS os conduza por boas terras!

djovany
Enviado por djovany em 29/05/2011
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