A menina que não tinha sonhos- parte III
Beth era parecida com mãe, tinha os cabelos lisos e negros, pele clara, nariz filado, mas os olhos verdes eram iguais aos do pai. Ela adorava ir à escola assim como a mãe, mas por outro motivo... Ela morou em vários lugares quando criança, por isso não fizera muito amigos nessa fase da vida, também nunca tivera muitos brinquedos, talvez por isso aguardasse ansiosamente por mais um dia de aula... Na escola ela era uma menina agitada e conversava muito durante as aulas, seus pais eram chamados na escola sempre.
Pelo fato de estar quase sempre sozinha, ela entendia aquele momento, como um lazer; eles não prestavam à atenção nisso e por isso não entendiam o motivo de tantos bilhetes e quase nunca tinham tempo para acompanhar de perto a vida escolar da filha, então julgavam como falta de inteligência, o que não era verdade.
De certa maneira Beth acreditava que, assim como Albert Einstein ela fora mal compreendida na infância. Não que ela fosse pretensiosa, nem que ela imaginasse ser inteligente ao ponto de criar uma teoria que mudasse o mundo, nem que desejasse receber um prêmio Nobel, mas ela tinha certeza que, se os investimentos certos tivessem sido feitos e a atenção necessária tivesse sido dada, ela poderia ido mundo mais longe do que foi.
Na casa de Beth uma havia árvore frondosa, que chamava muito à atenção dela, ela não era muito grande, não tinha flores, nem frutos, mas era muito bonita. Beth adorava sentar-se embaixo dela. Ficava ali horas sem dizer, nem pensar nada. Como ela era muito sozinha, assim que aprendeu a ler vivia bisbilhotando nos livros do pai, que não gostava muito disso, pois sempre teve muitos ciúmes de sua biblioteca particular.
Beth ainda criança já assistia seu pai desenhar em alguns papeis, ela não entendia na época, mas percebia que não eram desenhos comuns, eram desenhos diferentes. Ela sempre fora uma menina curiosa, mas repreendida pelos pais quanto a isso. Os desenhos eram plantas de casas, ela nunca entenderia naquela época.
Beth ainda lembrava com muito carinho do ano de 1994 e das fitas que sua minha mãe colocava em seu cabelo, lembrava-se de ter visto algumas fitas nas praças, nos postes e nas mãos das pessoas; Lembrou-se das pinturas que cobriam o asfalto e do colorido das pessoas, no rosto, na roupa e até no olhar. As cores eram verde e amarelo.. Ela lembrou-se da alegria contagiante delas por terem ganhado um título na copa do mundo e ao mesmo tempo lembrou-se da alegria dela por ter ganhado um irmão naquela época, a alegria dela não era menor e nem nacional, mas o momento foi muito belo. O Brasil quebrava um jejum de 20 anos sem ganhar uma copa e Ana vencia uma luta de 7 anos para ter mais um filho, pois depois que Beth nasceu ela teve dificuldades para engravidar novamente.