Vestida de flores

Segunda, 11 de abril de 2011 10:02



Naquela manhã o sol nascera tímido, a brisa apresentara-se amena, árvores desfolhadas mostravam sua beleza e os Ipês douravam a paisagem.

Jacatirões e Manacás da Serra, floresciam em explosão  e raros perfumes, paparicados com os circulantes voos de borboletas multicolores.
Os campos floridos de diversas espécies de pequeninas flores coloriam e encantavam o cenário incomum.

Os habitantes respiravam os leves ares da estação.

Da ermida o badalar sonoro dos sinos anunciava a primeira santa missa dominical.

As andorinhas revoavam  entre as torres da igrejinha e pousavam nos fios elétricos ainda umedecidos pelo  orvalho.

O padre devidamente paramentado dava início ao santo ofício.

Meus pensamentos entorpecidos levaram minha alma ao passado... estava muito distante, no nosso quintal, brincando de roda contigo e com as crianças.

Em dado momento voltei à realidade: “Olhai os lírios do campo, como são belos, eles não trabalham e nem fiam. No entanto, nem Salomão em toda a sua gloria não se vestiu como qualquer um deles.”

A mente bloqueou novamente e senti alguém me conduzindo pela mão... então ouvi as amargas palavras: - convido os fiéis a conduzirem o caixão funerário à sua última morada.

Seguindo o féretro, as pessoas murmuravam frias e inaudíveis orações.

O canto triste de um sabiá parecia dar-te o último adeus.

Eu e nossos filhos estávamos velando por ti neste triste belo dia.
Estavas vestida de flores, ainda era inverno em nossos corações, mas tu sorrias iluminada, envolta de primavera.


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