TE COMERIA COM OS OLHOS
Se eu tivesse teu endereço, ficaria na tua, na minha, esperando,
até vê-la passar rebolando, insinuante, e tentaria me contentar com sua imagem distante, instigante, tão bela quanto antes.
Se eu soubesse a tua rua, não daria bandeira, bobeira, te olharia de longe, na minha, e te comeria com os olhos, te desnudaria, certamente, e a traria inteira comigo, na minha memória, definitivamente.
Se eu soubesse que me quereria, de fato, como disse certa feita, te acenaria aflito e talvez até chegasse junto. Te diria coisas conflitantes: que foi coincidência, que ia passando , que o mundo é pequeno, você sabe.
O mais certo, acho, é que eu iria embora, com as mãos nos bolsos, cabeça baixa, depois que você entrasse num prédio azul. Depois ficarai tentanto recuperar sua imagem na mente. É certo, escreveria poemas sobre o assunto, arrependido, de não ter lhe tido coragem naquele momento.