A Cabana
A Cabana
O ar carregava o aroma do eucalipto, refrescando a morena pele da mulher na varanda da cabana. Seus cabelos esvoaçavam, enquanto os raios do sol afagavam sua face com um calor singelo e calmante. Seu olhar se perdia bosque adentro. Estava ansiosa, ele estava para chegar. As flores no canteiro da casa balançavam quase em um ritmo de dança.
O céu estava pintado com o tom alaranjado do pôr do sol e limpo de nuvens. Fazia tempo que eles não se viam e a saudade era muito intensa. O trabalho, e a própria vida na cidade grande, lhe tomavam todo o tempo.
Ela estava perdida em seus pensamentos, imaginando o que faria quando ele chegasse. Ela correu para o canteiro e sentou-se em um batente, tocando delicadamente nas suas rosas.
Em meio ao silêncio, e a companhia das suas flores, ela podia ouvir o discreto som de motor se aproximar.
O carro prata subia sem esforço a estrada de terra por entre o bosque. Seus pneus aderiam rapidamente, usando uma tração potente, para seguir adiante.
Um homem elegante saiu do carro. Ele portava em uma das mãos um volumoso buquê de rosas, como de feitio em suas visitas. Ele, por ser um pouco mais velho que sua noiva, tentava manter a cortesia do “Homem Antigo”. Sempre buscava o romance, quando tinha a oportunidade.
Ela veio ao seu encontro. Seu sorriso atraente deslumbrou o homem que lhe devolveu um riso modesto. Ela correu para seus braços, pressionando-o com força. Ela tentava fazer toda aquela saudade desaparecer enquanto se envolvia nos braços dele.
--Desculpe a demora. Tive alguns problemas para resolver no escritório. —comentou ele fitando os olhos dela.
A luz dos olhos cinzentos e profundos do homem penetrava a retina dela, hipnotizando-a facilmente.
--Deus! Como são lindos seus olhos. Fico admirada toda vez que os vejo.
Ela acariciou os cabelos grisalhos dele, enquanto encarava sua face serena, Completamente aturdida.
Ele deixou sua companheira aproveitar o momento. Era assim sempre que se encontravam. Tomando-a em seus braços o homem gentilmente a beijou. OS lábios se tocaram intensamente, eles finalmente tinham mandado o sentimento de distancia para longe com aquele singelo toque.
Ele lhe ofereceu educadamente as flores, que foram aceitas com muita alegria.
A garota correu para dentro da cabana a procura de um vaso para colocá-las, enquanto ele seguia para o banquinho de madeira, que ele mesmo fizera, no verão passado, para que os dois pudessem apreciar a vista daquele privilegiado cenário.
A jovem saiu da cabana apressada em direção ao banco. Não queria perder um segundo do encontro. O pôr do sol já começara. Ela rapidamente tomou seu lugar ao lado dele, e se recostando sobre seu ombro, ela entrelaçou seus dedos ao dele.
O sol lançava seus últimos raios sobre o casal que o assistia desaparecer em silêncio.
--Que bom que está aqui!
--Faz um tempo não é verdade?
--Desde sua viagem!
O homem a acariciou o rosto de maneira contida. As pontas de seus dedos subiam e desciam pela nuca da jovem, que esfregava seu nariz arrebitado contra o dele, enquanto soltava risinhos.
Ela estava completamente concentrada nele. Com um fulgor nos olhos, ela buscou novamente a boca de seu amado, beijando-o de maneira intensa. Ela queria que aquele dia fosse especial. O homem, elegantemente, lhe deu uma das mãos. Eles percorreram o terreno vagarosamente, vislumbrando a cabana feita dos troncos de árvores de madeira escura.
No fim do crepúsculo o casal olhou pela ultima vez o fino raio de luz que a estrela soltara.
Ela se recostando nele, olhava bestificada, a vista magnífica que a natureza lhes proporcionava. A jovem então encarou o homem, fixada novamente em seus olhos cinzentos.
--Eu te amo sabia?
Ele lhe devolveu um sorriso, enquanto balançava positivamente a cabeça.
--Eu sabia. –Responde ele lhe beijando a ponta do nariz.
O casal curtiu um ao outro, e adentraram na cabana. Aquela noite seria mais um encontro especial para os dois.