UM SONHO DE AMOR E TERROR
UM SONHO DE AMOR E TERROR
Já fazia anos que Mary não o via, não sabia onde estava, onde morava ou com quem ele estava, tudo ficou adormecido por anos.
Chegando fim de semana e Mary resolveu viajar pra cidade grande com sua família a fim de passar uns dias de descanso, alugaram um hotel e foram passear, um sábado de sol e muito divertimento.
No decorrer do dia ao passear com os olhos nas pessoas que ali estavam uma figura ao longe chamou a atenção de Mary, ela resolveu se aproximar para se certificar o que estava vendo e mal acreditou no que via, era Leonardo.
Mary levantou-se e chegou mais perto, Leonardo estava de costas junto com outras pessoas, provavelmente sua família, uma criança no colo. Mary se afastou, deu dois passos pra trás quando Leonardo se virou e a viu, o semblante mudou, os olhos brilharam e ambos os corações dispararam, Leonardo mal se agüentava nas próprias pernas, uma vontade louca de correr, abraçá-la, sufocá-la de amor e beijos, mas nada disso foi e não era possível.
O tempo passou, e ambos tomaram caminhos diferentes, se casaram e tiveram filhos. Aquela paixão não devia ainda está ali, presente, mas estava.
Ambos se acalmaram e como se nada estivesse acontecendo sem balbuciar nada apenas se afastaram, trocaram olhares e torceram para que ninguém percebesse o que tomou conta deles naquele instante.
Mary perdeu o chão naquele sábado, naquele fim de semana, ficou decepcionada consigo mesmo ao perceber que se manteve vivo todo esse tempo àquela paixão. Seria impossível ficar ali naquele lugar, quieta fingindo que nada acontecia, Leonardo teve o coração tomado por dúvidas, tristezas e um amor infinito que sentia por Mary desde que a conheceu.
Eles não sabiam como fazer, como agir, a única certeza que tinham, é que estavam com outras pessoas e não deviam magoá-las.
Aquela paixão era avassaladora e aqueles minutos foram crucificadores, veio à tona uma explosão se sentimentos, vontades, desejos e eles ali frente a frente tinham que se conter e respeitar suas vidas.
A vontade de trocar ao menos uma palavra era destruidora, mas foi o que ambos pensaram e resolveram fazer mesmo que às escondidas.
Ao anoitecer Mary desceu ao jardim pra clarear as idéias e não fazer nenhuma maluquice que colocasse fim a sua família, ela sabia que Leonardo fez parte do seu passado, mas agora era tinha um outro alguém com quem se casou, teve filho e que apesar do que sentiu ao ver Leonardo ela amava a vida que levava e o companheiro que tinha. Mary não entendia como um coração preenchido podia pulsar ao lembrar de Leonardo. Chegando ao jardim Mary avistou Leonardo, não combinaram nada, mas a ligação que os envolvia se incumbiu de fazê-los reencontrar. Leonardo estava entre a folhagem, Mary se aproximou e quando ele a viu quase gritou ao vento a saudade. Aproximou-se olhou fixamente nos olhos dela por alguns segundos e ambos paralisados apenas sentiam o coração bater.
O mundo ficou mudo, só existia naquele momento Leonardo e Mary, tudo passou na mente deles, suas histórias, as coincidências, os anos separados e sem se falar o que faziam ali, até onde poderiam ir, perguntas sem respostas...
Eles não se contiveram e se abraçaram longamente, ficaram ali por minutos, abraçados, sem trocar uma palavra se quer. Quando pareciam ter se acalmado se olharam e pensaram juntos em selarem seus lábios, encostar um ao outro, mas eles sabiam que conseqüência àquela reação teria. Ficaram novamente paralisados, Leonardo abaixou a cabeça e uma lágrima brotou dos seus olhos, Mary se contendo com todas as forças que ainda restava passou as mãos em seu rosto e afagou sua face, beijou seu rosto e por alguns segundos ficou com seus lábios colados na pele de Leonardo.
Daquele “encontro” não saiu uma palavra, uma pergunta se quer... Os dois sabiam que uma conversa mudaria muitas vidas e em silêncio escolheram ficar. Escolheram morrer com aquela paixão no peito e respeitar a vida que tinham construído. O tempo deles havia passado, eles tinham essa certeza e assim resolveram ficar. Se abraçaram novamente e se olharam fixamente como se ali fosse uma despedida, cada um seguiu seu caminho e nunca mais se reencontraram.