Como Vai Você

Disfarço.

Ao vê-la passar através do vidro de minha sala, tão linda. Depois que o terminamos um relacionamento de três anos esse escritório ficou pequeno demais para nós duas.

Vê-la todos os dias não me ajuda a superar o termino do nosso casamento. Não existe culpado, digamos que foi um misto de desgaste da relação com o “empurrãozinho” de sua mãe que a cada dia a minava.

Ainda a amo com todo meu ser, mas, não sei o que ela sente em relação a mim. Nossos amigos dizem que ela me ama e que eu deveria tomar a iniciativa.

Já não tenho essa certeza, a razão diz para eu desistir dela, já o coração... Esse pede que insista, reconquiste-a, declare meu amor a ela.

Medo.

O que mais sinto nessas horas é medo de que ela tenha encontrado outro alguém, tenha me esquecido, principalmente de que ela não queira mais me ver.

As horas que não passam para que essa tortura acabe. Pelo menos por hoje, pois, amanha começa tudo de novo. De segunda a sexta, torturo-me com sua presença e minha covardia.

Não quero força-la, nem pressiona-la a fazer nada. Estou dando o tempo que ela pediu, mas, este tempo já ultrapassou seis meses. Já não sei mais se é o tal “tempo” ou definitivo.

Expectativa.

Hoje tomei uma decisão, vou procura-la. Enfim tomei a coragem necessária para olhar naqueles olhos azul-acinzentados e dizer o que tenho guardado em meu peito.

Encomendei flores para ela, violetas. São as preferidas dela, recordo-me agora que poucas vezes dei flores a ela. Pedi que as entregassem aqui no escritório, afinal queria ver sua reação.

Pedi que não enviassem cartão, a magia seria quebrada. Ela as recebeu com um iluminado sorriso. Gostou das flores, gostei da sua reação, deu-me um incentivo maior. Encomendei também seu chocolate preferido, diamante negro, uma caixa.

Esta sim continha uma surpresa, vinha com um cartão onde dizia.

“Espero-te às 20hs, não posso pedir para ficar linda, pois, linda você já é”.

Nossa! Não sabia que um sorriso poderia mexer tanto com uma pessoa. Então começou outro tormento, as horas não passavam já estava a ponto de explodir tamanha o meu nervosismo.

Ansiedade.

Fiz uma reserva no mesmo restaurante que a pedi em casamento. A mesa seria a mesma, queria que revivesse aquele momento, a mesma sensação.

São 18hs, a vejo sair apressada. Com um sorriso nos lábios já antevendo que a noite promete. Logo em seguida, saio em direção à garagem. Guardo meu material e ligo o player.

Nele toca a nossa musica, a que venho ouvindo incansavelmente nas noites insones sem você. Chego rápido em minha casa em vista que o transito esta tranquilo.

São 19hs e 30, vou em direção a sua casa. Observo a paisagem e seus contrastes tentando desvencilhar-me deste nervosismo.

São 20hs, toco a campainha e fico paralisada diante da linda mulher que vejo num vestido azul claro um pouco acima do joelho que reluzia na cor acinzentada dos teus olhos, usando uma sandália não muito alta.

Eu usava um vestido “tomara que caia” branco um pouco acima do joelho, com uma sandália baixa. Nossos olhares disseram o que era preciso saber.

Seguimos para o restaurante ouvindo musicas eruditas. Mais um dos seus gostos. É fato que nem todos os seus gostos e manias me agradavam.

Enfim chegamos, desci do carro e abri a porta para que ela saísse. Fui presenteada com outro dos seus sorrisos. Fomos conduzidas a nossa mesa.

Sentamos e logo veio o maitre trazendo em suas mãos um vinho tinto do porto. Ela olhou-me surpresa e depois sorriu. O vinho foi servido enquanto aguardávamos o pedido.

Sorvi um pouco do vinho e comecei a explicar-lhe o motivo de tudo aquilo. Contei o que estava guardado em meu peito. Abri meu coração como jamais havia feito antes.

Ela ouvia tudo em total silencio e assim permaneceu quando terminei de falar. Dos seus olhos desceram copiosas lagrimas e só então você me disse o que a tanto ansiava ouvir na tua voz.

“Eu te amo, sempre te amei e continuarei te amando”.

Como resposta, diminui a nossa distancia e dei-lhe um beijo terno, carinhoso. Separamo-nos e continuamos a nos olhar, uma atmosfera de magia se instalou ao nos redor, só sendo quebrada pela chegada dos nossos pedidos.

O jantar foi regado a carinhos de ambas as partes, mas, ainda faltava a sobremesa e uma surpresa.

O Pedido.

O garçom nos trouxe a sobremesa, mousse de maracujá. A sua preferida. Junto com a sobremesa veio uma pequena caixa de veludo.

Seus olhos brilharam quando viu a caixinha e encheram-se de lagrimas quando viu as nossas alianças dentro da caixinha junto com um bilhete.

“O lugar ideal delas são em nossos dedos, por favor, dê-me esta felicidade. Volta pra mim, amor.”

Sua resposta era a única coisa que me importava naquele momento. Estava insegura e ansiosa.

Quando ouvi sair daqueles lábios o “sim” que tanto aguardei foi como se estivesse ouvindo o badalar dos sinos do amor.

Colocamos nossas alianças sem desviar nossos olhos, trocando juras silenciosas. A partir desse momento, o desejo manifestou-se com toda sua intensidade em nossos olhos.

Terminamos a sobremesa, encerramos a conta e saímos. Rumo ao lugar de onde nunca deveria ter saído nossa casa. O caminho foi torturante, pois, ela procurava atiçar meu desejo despertando meu corpo com o toque de suas mãos.

Enfim chegamos, fiz questão de carrega-la para dentro cumprindo o ritual dos recém-casados.

Entrega.

Levei-a diretamente para nosso quarto, o mesmo que guardou entre suas paredes minha angustia agora guardaria os nossos momentos de prazer.

Senti o gosto dos lábios mais doces que já provei. Colocando-a cuidadosa e carinhosamente em nossa cama.

Nossas mãos percorriam os corpos que estavam febris de saudade e desejo de ser tocado. Bocas percorriam todo o corpo rememorando o gosto que nunca esquecera. Encontrando o local desejado, os sexos nesse momento já encharcado.

A noite dividiu-se entre a calmaria dos carinhos e a urgência do amor ate o amanhecer. O sol anuncia um novo dia, mas, não me levanto da cama. Continuo ali, a observar-te enquanto ressona tranquilamente com a cabeça entre meus seios.

Todo o meu medo evapora naquele instante trazendo a certeza de que é real e não mais um sonho. Tenho-a de volta e não vou perdê-la outra vez.

Como vai você?

Eu preciso saber da sua vida

Peça a alguém pra me contar sobre o seu dia

Anoiteceu e eu preciso só saber.

Como vai você?

Que já modificou a minha vida

Razão de minha paz já esquecida

Nem sei se gosto mais de mim ou de você.

Vem que a sede de te amar me faz melhor

Eu quero amanhecer ao seu redor

Preciso tanto me fazer feliz.

Vem que o tempo pode afastar nós dois

Não deixe tanta vida pra depois

Eu só preciso saber

Como vai você.

Como vai você?

Que já modificou a minha vida

Razão da minha paz já esquecida

Nem sei se gosto mais de mim ou de você.

Vem que a sede de te amar me faz melhor

Eu quero amanhecer ao seu redor

Preciso tanto me fazer feliz.

Vem que o tempo pode afastar nós dois

Não deixe tanta vida pra depois

Eu só preciso saber...

Como vai você.

http://www.youtube.com/watch?v=cSI-XxSlCjE

FIM

Dama de Liz
Enviado por Dama de Liz em 08/05/2011
Reeditado em 08/05/2011
Código do texto: T2956300
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