AS CORES LÁ FORA
AS CORES LÁ FORA
Cheiro de mato, de solo molhado
Vento soprando em minha varanda
As tardes de outono me deixam mais pálido
No sol ofuscado de minhas lembranças
Será que nosso amor ficou naquele verão?
Será que o sonho foi tão passageiro?
Que não conheceu a troca de estação?
Que não se tornou real e perfeito?
Se minha visão não se contorcesse
Imagens turvas não me aprisionassem
Se a flor em meu jardim jamais morresse
E as cores lá fora, de forma nenhuma cessassem
Mas um dia o relógio do tempo parou
No momento, na hora errada
Minha vida presa aqui dentro ficou
Trancada nessa velha, fria e solitária casa
Mas as cores lá fora, permanecem vivas
Quanto a mim, quando quiser, abro as janelas e busco por elas
Liberto-me da angústia de estar distante de mim
Ou morro por dentro sem saber qual o meu fim