Use suas ilusões.

( segunda parte do capítulo 1)

___Bom dia Axl! Não quis dormir um pouco mais? Ainda são oito e meia!

___Dormi o suficiente! Como está meu dia hoje?

___Com exceção da reunião na gravadora, toda a sua semana está tranqüila, hoje é sexta feira, então pensei que você talvez pudesse deixar de ensaiar um pouco e curtir seu final de semana!

___Não tenho nada em mente, mas posso pensar em algo, por que não?

___Ótimo! Vou pedir ao Early para preparar o carro, temos que ir para a gravadora.

Dentro de um luxuoso carro prata, Early dirigia e os três se mantinham quase em ininterrupto silêncio. Poucas palavras, a maioria

delas sem muita importância, era assim ás vezes. Aquela cena era muito familiar - Beta do lado esquerdo do banco e Axl sempre ao lado direito:

___Você está bem?___Perguntou ela, em seguida ele respondeu:

___Sim, estou; por que, não parece?___ Respondeu pausadamente como alguém que parecia não ter entendido a pergunta, porém com certeza já conhecia a resposta.

___ Parece estar um pouco disperso, Você não é assim!

___Eu só estava pensando... ___Olhou pela janela do carro.___ Já percebeu como as paisagens mudam constantemente?

___Isso é uma metáfora? Ou você só está mesmo olhando para o nada?___Ele sorriu gentilmente antes de responder:

___Não é uma metáfora, só estou tentando escapar da sua pergunta.

___Então concorda comigo que existi uma resposta.___Um longo suspiro veio logo em seguida:

___Por que você está falando sobre essas coisas?

___Você sabe por quê! Já faz um tempo, voltou a passar noites em claro... poucas palavras... Já havia me acostumado a te ver feliz, andando pela casa, resolvendo problemas, dando ordens... ___Beta parou por um segundo, ela sabia, não havia sido tão objetiva, já que ele não havia respondido nada, ela quis acrescentar. ___ Aquela música que tocava ontem á noite; ela é linda, mas parecia um desabafo.

___De... ___Axl quis confrontá-la.

___De quem espera por algo?

___Sua sensibilidade para a musica está crescendo Beta!___Ela sorriu dizendo que aprendera com ele e acrescentando:

___Só me preocupo que talvez você esteja sendo influenciado por suas canções!

___Não, minhas canções são influenciadas por mim.

___Talvez você precise chegar dentro de si mesmo.

___Jura? Eu espero não precisar disso! ___ Respondeu Axl com outro sorriso, mas desta vez mais forçado.___ Acho que agora sim, vou tentar uma metáfora, afim de mudar de assunto.

___Está bem! Não vou mais te incomodar por estar preocupada com você!___Contornou ela com uma brincadeira e logo quis mudar de conversa.___ Posso te fazer um convite?

___Sim?

___ Á tarde poderíamos fazer algumas compras, o que acha?

___Eu acho... ___demorou a responder enquanto pensava.___ Acho que vai ser ótimo...

Quando a companhia tocou pela primeira vez e Beta abriu a porta, lá estava Axl, foi assim que se conheceram! Ela era babá do filho de Stefanye que na época era noiva de Axl. Ambos sabiam desde o primeiro momento que seria uma linda amizade. Na época que Axl e Stefanye romperam o relacionamento em 93 Beta se sentiu completamente deslocada sem saber o que fazer. Ligou desesperada para Axl, e certamente ele notou a flacidez de sua voz tanto quanto teria notado a palidez no seu rosto. ___ “Eu não sei o que fazer agora Axl! Ela disse que não precisa mais dos meus serviços e que Dylan já tem cinco anos e não precisa mais de mim. Mas como vou voltar para o Brasil assim? Tenho três filhos lá, e eu sou a única pessoa que eles têm no mundo!” Axl ouviu tudo em silencio em seguida questionou:___Tem certeza? Você veio do Brasil com anos de experiência como secretária executiva de uma empresa renomada. Não acho que teria alguma dificuldade em achar outro emprego!” Beta o interrompeu, sabemos que no Brasil as coisas não são assim tão fáceis, e a década de oitenta e noventa tinha sido de muita escassez.___ “Acha que se fosse tão fácil eu teria vindo para cá para trabalhar como babá?”___ Axl não negaria que desde do primeiro instante pensou em convida-la a trabalhar

para ele. ___ “ Preciso de alguém para me administrar. Tenho adquirido muitos bens, e preciso de alguém de confiança que cuide de tudo.”___ Beta ficou um tanto surpresa.___ “Você tem certeza?”___ “ Eu tenho. Quero que cuide da minha casa, do meu dinheiro, atenda meus telefonemas, cheque meus contratos, cuide do que eu como, do que eu visto, então aceita?” Beta não tinha dúvida alguma sobre isso e como se sentiu feliz pelo convite. Ignorou as criticas que a cercariam a seguir - uma mulher de quarenta e cinco anos indo morar na casa de um rebelde roqueiro tatuado de trinta anos de idade...

" Eu poderia acreditar facilmente que, quando Beta chegou naquela casa, não existia tanto verde, não haviam tantas flores no jardim. Apesar daquela construção ser erguida sobre as rochas das colinas e decorada com o raro verde peculiar da vegetação um tanto árida, e meio fértil aquela mansão não era tão sólida e sua paisagem se limitava tão somente em servir apenas de adorno. As janelas viviam fechadas e as folhas que caiam das palmeiras formavam um enorme lençol sobre o chão. Sempre existiu música ali, porém nos últimos anos, parecia também ter se silenciado. No outono o pouco que havia sobrevivido durante o ano também sumia, tudo ficava bem mais silencioso e triste e o tom bruscamente cinza não se achava somente na cor dos olhos daquele que a possuía, mas era também predominante por todos os lados. A chuva burlava as vidraças das portas e das janelas , pequenas partículas de águas presas do lado de fora das vidraças escorriam por frestas e desciam pelas paredes caindo se no chão.Eram como olhos rasos, olhos lacrimejados , olhos distantes..."

Na década de 80 o cenário musical americano vivia uma era adormecida. Nada de novo surgia, e os amantes do rock n roll sofriam a saudade de épocas de ouro de bandas como Rolling Stones, black sabbath, dee purple e led zeppelin. No final da década de 70 algumas aves fênix como Aerosmith e dee purple tentavam ressuscitar das cinzas mesmo que sem muito resultado. O pop tomava conta das rádios entoados com gritos estridentes como de Withney houston e um som dançante de grupos formados por garotos que cantavam, dançavam, e levavam as multidões a loucura por suas coreografias e roupas de moda, fazendo com que a música de qualidade ficasse cada vez mais longe de um dia ter sido de verdade. Pequenos novos movimentos surgiam, mas sem muito efeito como o glan metal que teve seu ninho em Los Angeles, garotos amantes do rock n roll viam de varias partes do país para formarem suas bandas aos arredores de Holliwood afim de serem descobertos por caça-talentos, empresários que passavam as noites em clubes e boates em busca de novas estrelas, novas bandas que realmente valessem a pena. A música era a mesma, mas agora regado com um visual mais carregado, cabelos longos, tatuagens, maquiagem feminina para os mais ousados. As drogas e o álcool andavam soltos e a AIDS também, apesar de que essa não parecia ser uma grande preocupação para os jovens roqueiros daquela época que se aglomeravam em pequenos apartamentos na área central de Los Angeles e ali mesmo moravam, comiam, dormiam; ensaiavam, transavam com varias garotas e faziam festas todas as noites.

Apesar dessas tentativas inconseqüentes e dessa vida sem limites, poucos garotos alcançavam o verdadeiro motivo de estarem ali – o de obterem reconhecimento e quem sabe talvez forem os responsáveis de uma nova era no cenário mundial do rock. Em fevereiro de 86 um jovem empresário da geffen records Tom

Zutaut estava na extinta casa de shows troubadour quando ouviu falar de uma banda de garotos de 20 e poucos anos que se apresentariam aquela noite, e não se falavam de outra coisa a não ser deles - guns n roses. Aquela nova banda subiu no palco e foram necessárias apenas duas musicas para que Tom tivesse certeza de que aquela seria a melhor banda da década de 80 em todo o mundo. A banda liderada por Axl Rose assinou um contrato com a gravadora geffen records, gravaram discos, faziam shows com milhares de pessoas ganharam premiações grandiosas, bateram vários recordes, venderam milhões de discos e se tornaram uma das maiores e mais populares bandas de rock in roll do mundo. Axl - W Axl Rose; era agora vocalista e pianista de sua própria banda. Viu seu sonho de menino ser realizado, podia então mostrar para o mundo através de suas letras, a sensibilidade do amor, a decadência do planeta e a dor do coração. O seu Carisma e talento conquistaram pessoas de todos os tipos e idades e o consagrou como uma das figuras mais conhecidas no mundo da musica de seu tempo.

Atualmente fora da mídia, sustenta uma volta aos palcos através de um novo disco em que está trabalhando. Nos anos oitenta e noventa Axl tinha o mundo todo em aos seus pés, e isso lhe fez render fama, dinheiro e perder a liberdade - que é o que o Homem mais tem de valor.

Depois de seis anos juntos, a banda se desfez, e enquanto sobre seu chão amarelavam se as folhas que caiam das arvores, as listas de processos acumulavam se nas mesas de juizes e promotores, contudo antigos membros tentavam tirar vantagens sobre a marca e direitos que a ele pertenciam; porém o que mais o machucava naquele momento era o término do seu relacionamento. Algo que seria mais fácil explicar por meio de sua música do que tentar relatar com meras palavras:

‘Eu não sei como você supunha me encontrar depois

E o que mais você poderia querer de mim

Como você pode dizer que eu nunca precisei de você

Quando você tomou tudo. Eu disse; você tomou tudo de mim!’

Hoje com 42 anos, já homem, experiente, sustenta varias responsabilidades e apesar da beleza e frescor da juventude ir embora com o tempo, Axl ainda tem muito daquele menino de vinte e poucos anos de cabelos castanhos e de pele clara, de rosto ingênuo, mas personalidade forte, que não se vende por nada, apesar das percas,apesar dos medos.Todos esses são obstáculos que o homem vive, e são eles que o fazem crescer, amadurecer, amadurecimento esse que se torna visível não somente nas linhas do rosto, mas, na forma mais tranqüila de andar, entoado pelo cansaço ou talvez pela prudência; na sobriedade com que se vesti; no tom mais baixo de sua voz; no equilíbrio de suas emoções e nos valores que dá ás coisas mais importantes da vida. Mas que ainda tem um Q de menino, no seu jeito tímido, nas mãos que leva ao rosto afim de esconder um sorriso espontâneo e nos olhos que apontam para baixo afim de esconder a paixão por aqueles que ama.

“Não tenho medo do inferno, Já vivi de tudo” Declarou ele certa vez. Teve varias mulheres, mas poucas tiveram grandes significados, viveu o mundo das drogas, do álcool, do sexo, do abandono da família, da traição por amigos e da solidão. Hoje mora em sua casa em Malibu, desfruta da fortuna que adquiriu com seu trabalho ao lado de pessoas queridas e que o amam. Beta - sua assistente; com quem ele trabalha desde 93 e que a considera como uma mãe, e sempre estão por perto também os três filhos de

Beta a Vanessa o Fernando e o Alex. Beta tem uma casa bem próxima a de Axl, mas todos praticamente vivem lá com ele. Os últimos anos de Axl fora de cena tem sido para ele uma experiência nova que o tem feito viver um estado sensível e recluso, mas também de paz e graça.

Os dias são maus, e as noites são frias, e nossas lembranças... elas sempre nos assombram, e o futuro nos amedronta. Axl teve o mundo em suas mãos, mas não tinha direito sobre ele, e essa é a maldade da fama, ela rouba sua vida. Melhor é viver longe dela antes que ela nunca mais vá embora, melhor é viver longe dela antes que ela te leve embora.

“Não me condene

Quando eu falo o que penso Porque o silencio não é de ouro, quando guardo isso dentro de mim!

E eu vi o que vi

Eu coloco a caneta no papel

Porque isto tudo é parte de mim...”

Quanto mais talento e responsabilidades se têm mais se é cobrado, e todo aquele peso do mundo nas suas costas e uma montanha de adversidades acontecendo de uma só vez dentro da sua casa e entre membros de sua família... Ele precisa dar um tempo, precisava colocar os ossos no lugar.

Não foram à fama mundial, ou o sucesso repentino que o fez recuar. As inúmeras sessões de terapias não aconteceram pela pessoa que ele havia se tornado, elas se deram sim pelo homem que ele sempre foi, aquele sem mascaras, que não se esconde atrás de um palco, que não pode contar com luzes de efeito ou shows especiais, com esse homem de verdade não há como fugir. Axl

lutava a vida inteira contra ele mesmo, um homem recluso, preso a fatos do passado, preso a descasos, á omissões, á abusos sofridos, abandonos, e a todos esses era evidente – ele sempre revidava.

Refugiou-se dentro da sua casa, no calor do seu ninho, ao lado dos seus, para pensar, para compor, para crescer, trocar o seu casco, acender suas asas, deixar a poeira baixar... Mas chega um tempo, em que é hora de sair, hora de voar... Voar... E encontrar a seu caminho!

Houve uma tarde que o sol estava quente, era um excelente dia e uma excelente idéia para um passeio. Foi juntamente com Axl e Beta, Early a quem ele chamava de Lary. Lary era seu segurança particular, um homem negro e com quase dois metros de altura e que conquistou a confiança de Axl! Um amigo fiel e que o acompanha há anos desde o começo de sua carreira. Lary dirigia enquanto Beta e Axl falavam de negócios ao celular com algumas pessoas envolvidas com o novo disco. Poderiam ter mudado de caminho quando voltavam para casa, mas não o fizeram e ficaram presos em um engarrafamento, perto do porto, parecia ser uma grande carga que acabava de chegar e estavam tendo algum tipo de dificuldade para desembarca-la.

___Parece que é um navio cargueiro, deve estar descarregando nesse horário. ___Disse Beta aproveitando o momento de espera para continuar ao telefone. Enquanto Axl dava-lhe algumas respostas referente ao assunto que tratavam ao celular, olhava pela

janela. Haviam várias pessoas ali, o que via no mundo lá fora, eram pessoas, várias; nas portas dos comércios locais, estavam andando pelas calçadas, estavam nas floriculturas estavam ao celular, sem se importar com muita coisa, não estavam olhando para o céu, ou para o mar, estavam preocupadas em ganhar o dia, em fechar um novo negócio, em conquistar o seu espaço, andavam em passos largos de um lado para outro afinal, aquela era uma área comercial.

Foi ali em que ele a viu pela primeira vez, novamente naquele lado um pouco menos glamouroso da cidade uma representação do que é belo do que é diferente em meio a tantos iguais. Ela era linda, falava ao celular sentada em um banco, gesticulava muito ao falar, parecia estar pedindo a alguém do outro lado da linha que se apressasse. Era morena clara, tinha os cabelos castanhos e bem longos, não era fissura de um músico, mas por causa dos contornos do seu corpo ele não pode deixar de compara - lá a uma les Paul 45. Vestia um vestido longo de fundo branco com flores vermelhas e azuis, sustentava uma saia rodada e subia a cintura com um modelo meia taça de alças de renda branca. Segurava na sua mão esquerda seus óculos de sol e um chapéu. Graças a Deus por aquele carro não estar em movimento por alguns estantes, graças pela janela do carro estar fechada, e graças por ela estar sentada ali de frente para a rua, ele a olhou em um segundo tudo a sua volta parou. Ele pode perceber nela cada detalhe. Não precisou de muito tempo,alguns segundos foram necessários para fazer valer tanta beleza. Até tentou desviar os olhos tentando dar atenção ao que Beta dizia, mas se voltou a ela de novo, foi quando ela levantou e começou a caminhar na calçada ainda falando ao telefone, ele a viu passar entre as pessoas, quase a perdeu de vista, percorreu rapidamente tudo o que conseguia enxergar a sua frente e a viu de novo. Havia serenidade nos seus passos, e à medida que o carro

avançava, ele a acompanhava com os olhos, e riu sozinho de dentro do carro, pois se sentiu um idiota fazendo isso. Quantas mulheres lindas ele já viu, já possuiu, e mulheres lindas naquela cidade era algo tão normal, ele podia enxergar naquela mesma calçada pelo menos umas cinco iguais ou mais belas do que ela, mas então por que ela lhe chamava tanta atenção? Ela era a forma metafórica de ver a ultima flor do jardim no final da primavera. Mas a próxima estação acabava de chegar, bem ali no final daquela rua, o congestionamento terminou e se foram, e ela ficou para trás como tudo que fazia parte na vida dele, sempre parecia durar pouco, sempre parecia ficar lá atrás. Bem lá atrás...

Naquela mesma noite, o vento frio que soprava na colina anunciava o inicio do outono. Após o jantar Axl e Beta sentaram se na sala em frente a lareira acesa, para conversarem um pouco acompanhados de um bom vinho:

___Amanhã seria aniversário da sua mãe.___Beta comentou, tomando a taça nas mãos.___ Sua irmã quem ligou e pediu para te lembrar.

___Minha mãe já morreu, eu ainda deveria comemorar seu aniversário?

___Depende de como você quer que seja.___Axl a olhou por cima dos óculos de lentes transparentes:

___Eu nunca odiei minha mãe, só não entendo porque ela nunca me protegeu...

___Sua mãe era tão vítima do seu padrasto quanto você e seus irmãos.___ Disse ela tocando carinhosamente uma de suas mãos que se apoiavam sobre o sofá, em seguida endireitou se novamente. Axl ficou em silencio, girava o vinho no fundo da taça, quando perguntou sobre o telefonema da irmã.____Ela ligou ontem pela manhã, eu disse que você ainda estava dormindo e ela mandou um abraço, disse que está com saudades e assim que seu

marido tirar férias quer vir te ver. ___Axl continuou em silencio enquanto sua bebida dançava dentro da copo, balançou a cabeça de um lado para o outro, e soltou um sorriso amargo:

___Quando éramos pequenos Emily, Stuart e eu esperamos nossos pais saírem e tentamos fazer um bolo para nossa mãe, era aniversário dela e eu me lembro que quando soube da surpresa pareceu feliz com a gente, mas não me lembro dela ter comido do bolo... deve ter ficado horrível!___ Declarou com um meio sorriso no canto da boca, Beta riu alto:

___Emy está preocupada com você.

___Não deveria.___Retrucou ele, servindo se de mais uma taça de vinho. Beta o olhou com tristeza e os estalos da madeira seca queimando na lareira não tiraram sua atenção àquele rosto pensativo:

___Fazem três anos que você está dentro dessa casa.

___Tem muito mais que isso, a comprei no final de 92.

___Não finja que não entendeu o que estou te dizendo querido. Até quando?___Ele não respondeu, por trás daqueles óculos, seus olhos brilhavam tristemente.___ Tudo que você tem, e tudo que você ainda precisa está lá fora. E todo esse peso nas costas vai acabar te matando.___ O desanimo ou o comodismo o fez se sentar novamente, ficou em silencio por uns instantes, o assunto até parecia ter findado, porém dessa vez sem tentar disfarçar, expôs sua inquietação:

___ Eu... eu ouço vozes de pessoas... ___ Disse, calando se em seguida, logo pensou que deveria continuar, porém antes rendeu se a um suspiro. ____As vezes, eu também as vejo...Um homem; ele é.... como se fosse um ‘eu demoníaco...’ou uma ‘voz demoníaca.’ ___Não ter entendido aquele desabafo fez Beta fitar seus olhos nele; ela esperava por uma continuidade.___Esse homem, ele anda arrastando correntes e, parece que está cego. Ás vezes eu as

ouço, esse barulho delas se arrastando no chão; esse maldito barulho costuma me acordar... ___Confessou com a voz rouca, balançou a cabeça negativamente, nenhuma atitude dele provou que iria se calar, porém Beta já sabia, ele não iria prosseguir com aquele desabafo; ainda sim era tudo muito vago para ela, mas o suficiente para preocupa-la:

__Você quer dizer, assim como você retrata no vídeo que você fez para a música ‘don t cry’?

___É, como em ‘don t cry’!

‘Eu cheguei a conhecer o frio

Eu penso nele como um lar

Quando não havia suficiente de mim

Para sair eu preferi ser deixado só

Lembre-se que este jogo que chamamos de vida

Ninguém disse que era fácil’.

(Esse é término do cap.1 amigos, espero que até aqui esteja interessante, como entendi, os primeiros capítulos de um livro deve se apresentar os personagens e introduzir a trama em seguida! Bjos a todos!!!

Vanessa Marks
Enviado por Vanessa Marks em 24/04/2011
Reeditado em 24/04/2011
Código do texto: T2927242