Corações selvagens

Eu sempre fui muito romântico. Diria que até aos extremos. Mas não ligava. Me sentia bem assim, então tudo estava certo.

Hoje faria um ano que a criatura mais linda cruzara meu olhar naquele coquetel. Sim, foi amor à primeira vista: semanas e semanas nos amando; meses de realizações interiores com a mulher pela qual eu gostaria de passar o resto dos meus dias.

Estava ansioso, como sempre, para chegar em casa, abraçá-la e dizer o quanto “Eu te amo, meu amor!”.

Ela prometera um jantar à luz de velas. A comida disse que era surpresa, junto também com outra, que, acreditem, já fiz milhares de suposições sobre.

Ao chegar vi que as luzes da sala estavam acesas. Então abri a porta me aproximando devagar: a mesa posta, dois pratos perfeitamente ajeitados com seus devidos talheres; copos brilhantes; guardanapos finos; as velas piscando de vez em quando; o cheiro ótimo no ar; a toalha nova decorando...

“Amor?”

Ela não respondeu.

Puxei a cadeira e sentei. Em cima do prato havia um bilhete. “Não posso mais. Não tenho condições de continuar mentindo assim para você. Não está certo. Eu sei, você sabe, todos sabem. Quando chega a hora não há como negar. E aqui estou eu, lhe dizendo.

Desculpa.

Ps: Eu te amo.

Ass: seu amor.”

Lágrimas invadiram o papel de uma forma tão violenta. Eu não conseguia parar...

E aqui estou eu, lhe dizendo o quanto fui tolo por amar você.

Mariana Rufato
Enviado por Mariana Rufato em 21/04/2011
Reeditado em 29/05/2013
Código do texto: T2922708
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