A todos Que me Cercam
Tenho minha primeira experiência
Entrei no prédio do Thiago sem jeito, o porteiro me olhou e quase que pude ler seus pensamentos. Thiago levava seus casos para casa com freqüência, não só para casa como para a cama também. Ele era dono daquele lugar e já devia ter trepado com metade de São Paulo, principalmente com seus funcionários. Toquei a companhia antes de entrar, caso ele estivesse acompanhado.
-Por que tocou a campainha, bonito? Perguntou quando entrei na sala.
-Vai que te pego desprevenido. –Thiago estava somente de roupão e descalço, devia ter acabado de sair do banho, pois seu corpo ainda escorria água.
-Eu iria adorar. Quer beber alguma coisa?
-Para falar a verdade, eu quero sim... Algo bem forte.
-Pode deixar, aqui só temos bebidas fortes, você sabe como é? –Ele pegou o telefone, discou alguns números e solicitou algo, não ouvi o nome, mas devia ser algo muito caro. -Na suíte 326, por favor! Mande-nos um Martini e um PT também por gentileza. Quer comer alguma coisa Daniel? –Com um gesto com a cabeça disse não. –Somente isso, muito obrigado! Então bonito. Conte-me o que te assola.
-Bem! É difícil, mas não conheço ninguém em que confio tanto para compartilhar isso. Você não esta tão envolvido em minha vida, então acho que é a melhor pessoa para quem contar. Ai vai! Lembra aquele dia na minha casa? Aquela história do beijo a quatro.
-Perfeitamente bem! Fiquei muito magoado, por não ter sido convidado. –Ele riu. –E outra, como poderia esquecer, deu um ótimo fuzuê.
-Então, desde aquele dia estou percebendo que alguma coisa mudou dentro de mim.
-Sei! E por que decidiu vir contar justamente para mim!
-Bom você já é decidido a seguir o que você é sabe? Você já entende como é e achei que poderia me ajudar.
-Decidido como? O que quer dizer!
-Ora! Que você é gay! –Ele arregalou os olhos e riu. –Desculpa! Eu não queria dizer assim.
-Mas é assim mesmo que você deve dizer não me envergonho do que sou. Sou feliz assim!
-Desculpe-me! Estou meio nervoso, não sou assim e você sabe! Naquele beijo, aconteceu alguma coisa, andei pensando sobre tudo, e gostei! Gostei de ter sentido a sensação de beijar o Leonardo. Isso para mim esta sendo novo e meio complicado também. -Sério? Olha! Existe certo preconceito, em cima dessas situações, muitas vezes criada pela própria pessoa, muitos homens têm este tipo de experiências, mas não mudam em nada. Quando eu fazia teatro, nosso grupo inteiro se cumprimentava com celinho. Inclusive os homens. Nosso diretor dizia que tínhamos que ter liberdade entre nosso grupo, para não nos envergonharmos dos nossos personagens no palco. Era uma maneira de expressar a intimidade do grupo e tirar o preconceito sobre o assunto que na maioria das vezes era abordado com pudor.
-E deu certo no grupo.
-Deu! Sabe por quê? Em nossa opinião... Teatralmente falando... Beijo é beijo, dado sem emoção... Continua sendo uma ação, assim como um aperto de mão. Acaba virando o famoso beijo técnico... As pessoas descriminam tanto criando certo preconceito com a coisa, que não vêem que isso esta presente na natureza. Um amigo meu, namora uma mulher há dois anos... De vez em quando, sai com meninos ou rapazes com idade inferior a dele. Ele diz que faz isso, por que o sentimento do beijo entre homens é mais espontâneo, trás o sentimento a flora, mas não dispensa uma boa noite de sexo com sua namorada! É a mesma coisa com minhas amigas lésbicas, elas por muitas vezes usam o mesmo argumento, o beijo é mais violento e causa mais impacto na hora do prazer. Você só terá plena certeza até avançar o sinal.
-Eu sei! Mas não é difícil de lidar com isso?
-Você abraça seu pai com freqüência? –Ele me pegou de surpresa com essa pergunta.
-Não!
-Esta vendo! Esta foi à criação que ele te deu... Ele te ama! Mas não demonstra seu afeto com um gesto simples, um abraço.
Um abraço para celebrar o amor entre as partes. Por quê? Culpa da sociedade... Medo de mostrar o amor de pai, na verdade o amor de homem... De ser mal interpretado. –A companhia tocou, ele abriu a porta recebeu as coisas e não perdeu a oportunidade de olhar para o traseiro do rapaz do serviço de quarto quando ele entrou e colocou as garrafas sobre a mesa. -Todo mundo sonha em ter um filho homem para mimar, ensinar a jogar futebol... A ter uma "renca" de novos filhos e dar continuidade a arvore da família... Mas não vê que é possível ter tudo isso, mesmo com seu filho, gostando de outro homem, mesmo que sua filha saia com mulheres, pois nosso reprodutor ainda existe.
Mas coloca isso na cabeça do meu pai. –O rapaz me olhou assustado e saiu. –Na época ele me expulsou de casa, mas vencemos a essa barra juntos, provamos que nos amávamos e não era desta forma que resolveria este "problema". O problema é que para a sociedade, para se esquecer de um problema, basta apagá-lo ou apagá-lo com alguns batuques de escola de samba e festa para presidente que afunda o país cada vez mais, na verdade para alguns, apagar um problema só é possível quando se cria outro, esta me entendendo? –Ele me entregou o copo com uma bebida horrível e forte.
-O que você acha sobre o meu caso? –Perguntei fazendo careta, ao beber aquele liquido verde.
-Não posso te afirmar nada, pois o desconhecido é sempre o mais cotado... A grama do vizinho é sempre mais verde! Você quer resolver um problema de anos, e sua mente esta te pregando uma peça com outro para tentar driblar seus sentimentos. Você deve descobrir como e o que você quer realmente... Descobrir o motivo pelo qual gerou a dualidade, descobrir se a grama do vizinho é realmente gostosa. Eu me relaciono com mulheres da mesma forma que me relaciono com homens, não vejo problema na minha vida, mas decidi isso após experimentar os dois lados da moeda, escolhi o lado que me agradou, não pensei na sociedade, pensei na minha felicidade. Eu te aconselho o mesmo.
-O mesmo o que?
-Sinceramente essa é a solução, você não viu o outro lado, por isso esta confuso... Deixa o preconceito de lado e aceite isso como uma experiência de vida. –Thiago se aproximou de mim, não deixei de notar que a parte de cima de seu roupão estava entre aberta.
-Mas eu não sei o que ao certo eu quero. Eu sou desastrado... –Comecei a gaguejar. Um frio tremendo tomou conta do meu corpo, sempre sentia essa sensação quando estava prestes a fazer algo que julgava estar errado. –Sempre quando faço as coisas alguém fica sabendo. Você é meu amigo há tanto tempo, e só fiquei sabendo que você era gay, por que você me contou.
-Relaxa! Quem poderia saber. Só se estiverem investigando sua vida... Só saberão se você contar. –Ele parou e puxou o roupão e deixou seu peito definido a mostra.
Olhei desconcertado enquanto ele caminhava até mim e acariciou meu rosto com as costas dos dedos. Sua pele com um bronzeado apagado e macia era muito excitante, sobre seus ombros pequenas manchas de sol mantinham seu charme convidativo, parecendo ferrugem e seus olhos me envergonhavam.
-Eu... –Gaguejei.
-Prometo que não farei nada que você não queira.
Ele me beijou cuidadosamente e pude sentir seu hálito quente, minha respiração ofegou durante o beijo e quando ele parou um fogo me assolou dos pés a cabeça... O olhei por um momento encarando seus olhos verdes. Minha respiração acelerou assim como meu coração bombeando todo o sangue do meu corpo. Ele se aproximou novamente e tirou minha camisa subindo e beijando meu peito até chegar novamente em minha boca. O beijei violentamente, quase arrancando sua língua, minha mão escorregou para suas nadegas e fiquei realmente muito excitado quando as toquei e senti a firmeza e a perfeição de seu corpo. Terminei de tirar seu roupão e tentei retribuir seus toques, beijando seu corpo e apalpando seu membro firme e rígido. O virei de costas e a beijei umedecendo cada centímetro de seu corpo, ele fez o mesmo percorrendo cada milímetro do meu corpo que se fundia com a pele dele e deixando a sensação de que éramos naquele momento ao mesmo tempo efêmero e eterno, em um só! Ele arranhou minhas costas tentando me deitar no sofá e senti algo muito forte que não sei explicar quando encheu sua boca com meu Membro avantajado e latejante de tanto prazer. Ele o sugou de uma forma tão firme que quase gozei prematuramente, mas me segurei.
Ele beijou meu tórax mordendo meus mamilos enquanto me masturbava e chupou minhas orelhas a enchendo de saliva. Tentei chupá-lo também, mas me senti sem jeito para isso e ele percebeu retomando meu posto.
Seus lábios macios tocavam meu membro com experiência, não pude segurar por muito tempo e enchi sua boca com meu esperma quente, ele riu e lambeu os beiços recolhendo os respingos de seu rosto.
Não paramos por ali, não podíamos. Estava excitado de mais para parar. O coloquei de quatro no chão da sala e ele gemeu quando coloquei parte de mim dentro dele. Era muito apertado e quente, quando ele o contraia, podia sentir seu anel de couro se expandindo para receber me receber latejante e avantajado de excitação, a cada momento eu ficava mais excitado. Ele se virou e novamente lambeu meus mamilos me deitando no sofá –Creio que aquela altura havia descoberto meu ponto fraco, adoro quando brincam com meus mamilos. –Ele sentou-se sobre mim e cavalgou, violentamente quase quebrando minha arma de prazer. Enquanto cavalgava ele se masturbava e terminou enchendo meu peito com seu caldo quente e viscoso. Gemeu enlouquecida mente e me olhou me pedindo que entregasse ele o que ele esperou há muito tempo, quase explodi quando dentro dele pode sentir meu membro expelindo seu presente. Quando terminamos estávamos exaustos, arranhados e suados, ele ria descontroladamente.
-Por que não tentei pegar você antes. Estou apaixonado! -Disse ele.
Rimos muito aquela noite, tomamos banhos juntos e ficamos conversando em sua cama até adormecer.
...
O inferno começou
-Então vocês transaram naquela noite? E como foi pra você? O que sentiu? –Observei o terapeuta para ver qual sua reação diante daquela confissão, mas como sempre e isso estava me deixando louco, foi indiferente.
-Foi meio estranho, pois foi um pouco mais agressivo que o sexo entre heterossexuais, mas não me arrependo.
-Agressivo por quê?
-Não sei explicar muito bem, mas não tem aquele cuidado de machucar seu parceiro, tem muita força envolvida e brutalidade.
-E sua duvida, como ficou depois disso?
-Aumentou, pois não consigo esquecer aquele dia e com o tempo me acostumei e vi que eu era alguém um pouco liberal.
-Como assim, liberal?
-Saía com mulheres e às vezes com homens. E sempre me encontrando com Rebeca, sem o Binho saber é claro. Íamos muito para balada e aos poucos meus amigos ficaram sabendo da minha opção. Lembro-me de uma noite em que estávamos em uma boate...
* * *
-O que você esta fazendo aqui Daniel? –Perguntou kika ao me ver no bar da boate acompanhado de Thiago.
-O que você acha? Que espanto é esse Jéssica? –Ela me olhou e se engasgou com a bebida.
-Nada... Só estou tentando entender melhor. Agora entendi o que foi o episódio no seu apartamento.
-Mas foi lá que tudo começou! Há! Que falta de educação, gente esse é o Thiago, um amigo meu!
-Amigo? Podem falar a verdade vocês dois!
-Amigo sim! Amigo não é Daniel? –Tinha certeza que Thiago queria corrigir isso, mas não era o momento.
André apareceu também acompanhado por Alicia, quase enfartei ao ver ela em uma boate gay.
-Oi Galerinha do mau! –Cumprimentou André.
-Nossa! Já vi que me torrei de vez. –Gritou Jéssica ao vê-lo.
-Que lugar maneiro vocês encontraram. –André estava abismado com aquele monte de gays e lésbicas se beijando por todo lado.
-Um pouco estranho, mas legal, gostei da musica.
-A maioria gosta só por causa da musica. Posso saber o que vossas Beldades fazem aqui? –Perguntou Kika.
-A Renata falou que ia encontrar vocês aqui, e aqui estamos.
-Não é... Gente... Não tenho certeza se vocês se conhecem, mas este aqui é o Thiago, um amigo meu, ele chegou de Paris, e vai passar um tempo com a gente.
-Certeza que são só amigos, num lugar destes. –Alicia falou baixo para que eu não pudesse ouvir, mas ouvi.
-André! Precisamos conversar... A Jéssica me convidou para um esquema louco e mandou te chamar... Depois eu te ligo! Galera, beijos no coração, pois nós temos de ir embora.
Sai e deixei-os ali na mesa do barzinho. Certeza que o assunto da noite seria eu e não estava a fim de responder um inquérito. Caminhei em direção a portaria, mas Thiago me arrastou em meio à multidão de pessoas seminuas até chegarmos a uma sala escura.
-Não Thiago! Vamos embora, não quero entra ai.
-Larga de ser careta Daniel. Você vai gostar! –Não existe lugar melhor no mundo do que um Dark Room.
Ele me empurrou para dentro da sala e pude ouvir alguns gemidos de prazer. Mal entramos e algumas mãos percorreram o meu corpo. Pude sentir em meio à escuridão, Thiago arrancando a camisa e amarrando na cintura, inconscientemente eu fiz o mesmo e senti ele beijar meu corpo, ele e mais uns cinco.
-Vamos para casa Thiago! –Disse constrangido.
Uma mão acariciou meu traseiro e outra desabotoou o zíper da minha bermuda. Em instantes três bocas brigavam para engolir meu membro enquanto varias mãos passeavam pelo meu corpo. Virei para o lado e beijei a escuridão e os gemidos daquela sala me fizeram explodir de prazer. Thiago me beijou e cochichou algo em meu ouvido, mas não lhe dei atenção. Ele me virou de costas para a parede e beijou minha nuca senti algo avantajado e pulsante encostando-se a minhas costas, senti prazer e ao mesmo tempo vergonha, pois não estava acostumado a isso. Abaixei e levantei minha bermuda interrompendo uma boca gostosa e macia que me sugava enlouquecida mente.
-Vamos embora agora! –Falei e o arranquei pelo braço da escuridão.
-Nossa! Que nervosinho. Prometo que não encosto mais em você. –Disse ele sarcástico e acariciando meu traseiro.
-Você não é louco! Vamos para a casa. Quero ver se consigo fazer o que você estava tentando fazer agora La dentro.
Thiago sorriu e seu sorriso era realmente irresistível para qualquer pessoa.
* * *
-Mas isso não te prejudicou?
-Não no começo! –Respondi levantando-se do divã. –Pois eu me valorizei um pouco mais! Só que começaram a desconfiar, foi ai que eu vi quem eram meus verdadeiros amigos.
-Por quê? O que aconteceu?
-Primeiro minhas irmãs desconfiaram, então eu contei o que estava fazendo, minha irmã encarou numa boa, mas a história vazou! Foi ai que começou o caos. Meus pais ficaram sabendo e começaram a me proibir de fazer muitas coisas, mesmo com 22 anos eu devia certa obediência a ele, afinal eu morava debaixo do teto dele, assim ele sempre dizia.
-Do que ele te proibiu, por exemplo?
-Ele não aceitou o que estava acontecendo e tentou me esconder das pessoas que conhecíamos, não queria que eu saísse de casa, que usasse o telefone, coisas deste tipo.
* * *
-Obedeça a seu pai Daniel, não o trate como um de seus amigos esquisitos.
-Escuta aqui. Você vai me obedecer, você me deve isso seu moleque desequilibrado.
-Eu devo o que para o senhor pai? Você é louco, vai me prender aqui até quando?
-Até que você se cure dessa doença maldita! –Ele vivia irado quando o assunto era a minha opção.
-Não fale assim Cedrico! –Minha mãe, Cristina, aceitava e não aceitava minha opção, me defendia e muitas vezes me crucificava.
-Você é louco? Doença... Então é isso que você acha que é? Uma doença!
-Acho não! Isso é uma doença sim! Qual mais explicação tem pra isso Daniel? Um garoto saudável se relacionando com outro homem! Sodomia, com certeza é uma doença e você vai se tratar ou...
-Para Cedrico! Vocês estão nervosos. –Minha mãe tinha muito medo, pois meu pai bebia muito e quando estava alto tudo era resolvido com umas boas porradas.
-Do que o senhor tem medo? Qual a sina em esconder tudo isso? Em querer me ver preso aqui.
-Você acha bonito o que você é? Acha legal, os outros te apontarem na rua? Olha o veadinho do filho do Cedrico! Você acha legal eu ser reconhecido como...
-Como o que? Como meu pai? Anda fala o senhor não quer ser reconhecido como meu pai, só porque sou Gay?
-Parem já com isso, os vizinhos vão escutar vocês.
-Deixa que escutem mãe, porque a partir de hoje todos vão saber, não vou esconder de ninguém.
-Você não vai fazer isso! Você... Você...
Naquele dia eu conhecia força da mão dele. Meu pai me jogou em cima do sofá e bati com a cabeça na mesinha de centro, ele caiu por cima de mim e me socou, com raiva e ódio e só parou quando viu o sangue escorrer para o tapete, minha mãe tentou separar e acabou se machucando também.
-Isso desconta a raiva toda em mim, sempre foi assim. –Comecei a chorar. –Você não prestou nem pra demonstrar seu amor por mim antes disso, diz quando você me abraçou ou que falou que me amava, poderia até ter mais respeito por você, mas não, você é culpado por tudo isso. Não agüento mais isso! Essa prisão! Estou farto de tudo isso, de ser o motivo de desgosto para os seus ideais, amo você apesar de saber que a culpa de ser o que sou vem do senhor.
Minhas irmãs chegaram da rua e se assustaram ao ver aquele sangue todo rolando peito abaixo.
-Que gritaria é essa? –Renata socorreu minha mãe. –Vocês estão loucos.
-Cala sua boca, devia estar grato por não ter te matado! Amanhã vou procurar uma clínica, deve haver um meio de reverter isso! Não é normal, nem que te droguem, te dêem choque, você vai se curar disso por bem ou por mal, nem que morra tentando.
-Esta vendo Carla. Esta vendo o que sua boca grande fez. –Minha irmã na verdade contou a minha mãe, não agüentou a pressão dela e acabou me entregando. Senti raiva dela no começo, mas depois a agradeci por ter me poupado de falar. –Eu não agüento mais isso, como você é quadrado!
-Olha aqui seu moleque...
Minha mãe se pôs na frente junto com Renata que só chorava.
-Eu estou farto, minha vida não vale nada diante de tudo isso! Não te culpo de nada que aconteceu e de suas atitudes, eu te perdôo! Te perdôo por não compreender, que por mais do que eu tenha, eu amo o senhor! Eu quero estar sempre perto de você e da mãe. Mas não da mais pra viver com você, não com esse estilo de vida que vivo, eu vou embora daqui, vou deixar sua vida livre.
-Se você sair por esta porta eu... Eu...
-Daniel pensa bem no que esta fazendo... Gritou minha irmã Renata, Carla começou a chorar e abraçou minha mãe.
-Vai! Pode ir! Isso só confessa o fato de que você é um doente, não tem pra onde ir. –Me virei e fui em direção a porta. –Você pode morrer que eu não ligo. Some da minha frente seu retardado, seu... Seu doente!
-Não fale assim com seu filho.
-Eu não tenho mais filho Cristina, nunca tive filho! Não precisa mais voltar, pode me privar desse desgosto.
-Você esta nervoso Cedrico! Pare.
Sai de casa naquele dia sem rumo e só me dei conta quando já tinha caminhado muito. Sentei-me em um banco na praça central e fiquei La por horas até Alicia me encontrar.
-O que aconteceu Daniel? O que foi? Nossa! –Ela se assustou ao ver meu rosto quase deformado. –O que é isso no eu rosto?
-Briguei com meu pai...
-Nossa! Por quê?
-Hoje à noite, reúna o pessoal na sua casa! Preciso conversar com vocês, eu não fui sincero todo esse tempo.
-Nossa Daniel! O que esta acontecendo?
-À noite eu te conto! –Ela relutante me deixou a sós com meus pensamentos.
* * *
-Então também contou pra eles o que tinha acontecido? E como reagiram?
-Não exatamente o que eu esperava! Contei faz um ano e meio já! E acho que não devia ter feito isso.
-E eles reagiram como com a notícia? Você realmente foi sincero com eles?
-Fui! Com eles eu fui e perdi o que eu mais temia perder... Minhas amizades! A Rebeca no começo se assustou em saber que eu saia com homens, mas depois se conformou! A Alicia e a Renata também, mas o resto esta demorando a aceitar... O Caio... Este foi o que mais se afastou! Uma pessoa me deu muita força e como os problemas nunca vêem sozinhos, eu confundi meus sentimentos e me apaixonei por ela também. Ele me aconselhou... Me consolou e ficou todo tempo ao meu lado, freqüentando os mesmos lugares que eu e tendo amizades com as inúmeras classes e aptidões sexuais que eu conheci no decorrer do tempo.
* * *
Relutei ao entrar na sala ao saber que estava todo mundo ali, mas André estava comigo e me ajudou.
-Eu já sabia que você era algo desse ramo, você é calmo demais com a gente.
-Não acredito que você não me contou isso antes. –Rebeca estava assustada, ninguém naquela sala sabia que ainda saiamos juntos.
-Não contei a ninguém! Isso era meu, pessoal. O que tivemos esta no passado e foi depois de você.
-Mas ainda sou sua amiga e você devia ter me contado.
-Não cobre dele algo desse tipo. –Disse Binho. –Somos todos amigos e temos nossos segredos... Não vê que já esta sendo doloroso demais pra ele.
-Obrigado! Vocês não sabem como é horrível viver se escondendo o tempo todo com medo da solidão. Tendo uma vida dupla, sendo o Daniel para vocês e outra pessoa fora daqui.
-Eu sabia que você camuflava esse tempo todo, desde o dia do beijo a quatro e aquele episódio todo. –Brincou Leonardo.
-Mas aquilo foi o começo! Não vou mentir, gostei do fato de ter mesmo com duas mulheres, beijado você.
-Ei! O veado aqui é você, não vem não, que eu não sou veado. –Protestou Leonardo.
Alguns meses depois ficamos amigos mais íntimos, ele me visitava com mais freqüência e no comportamento dele eu vi que queria me contar alguma coisa, mas estava sem coragem. O levei em casa depois do trabalho e bebemos um pouco, deitamos no terraço e ficamos observando as estrelas jogando conversa fora. Ele como se acidentalmente, foi se levantar e se apoio em minha cintura; estava excitado, pois as estrelas provocam isso em mim. Ele riu e não tirou a mão. Massageou minha virilha com muita experiência –Nós homens sabemos como nos excitar. –e me beijou. Fiquei surpreso, pois ele o metido a machão da turma se entregou naquela noite. Só tinha um pequeno problema, ele tinha ejaculação precoce e não conseguia se segurar. Depois daquela noite, saímos algumas vezes e sempre ele terminava antes mesmo de começarmos. Lembro-me de um episódio engraçado, estávamos em uma festa e eu saí de moto com ele na garupa; ele me segurou pela cintura e massageou meu pau enquanto guiava pelo transito, quase morremos naquela noite, pois quanto gozei um caminhão nos fechou e eu subi no canteiro de obras. Depois deste dia não o procurei mais.
-Gay Leonardo e não veado. –Se irritou Jéssica. –Gente aproveitando o momento temos algo a dizer também...
-Já que estamos no momento da "viadagem". Esta tudo propicio a novidades, temos uma também! –Exclamou Kika.
-Ai meu Deus, o que foi dessa vez! –Brincou Leonardo.
-Bem, aproveitando a coragem do Daniel de revelar que ele é um menino diferente.
-Bissexual eu sou bissexual! –Enfatizei.
-"Humm" bichinha! –Ela brincou. –Mas tudo bem, o fato é que eu também tenho uma bomba! Eu e Jéssica somos... –Kika e Jéssica se olharam. -Nós somos lésbicas e temos um caso.
Todos se olharam e começaram a rir.
-Eu sou Bissexual. –Esclareceu Jéssica.
-Não é nem uma novidade. –Disse Binho.
-Só vocês mesmas que não sabiam que vocês eram lésbicas. –Comentou Alicia.
-To me sentindo no filme "A gaiola das loucas". –Brincou Leonardo.
Caio se afastou da bagunça e foi para a garagem da casa, estava calado e pensativo, Alicia me encorajou a falar com ele e o segui.
-Desculpe-me, por não ter te contado! –Pedi a ele com a garganta amarrada.
-Não encosta! Você... Sinto-me traído pela segunda vez com você.
-Me perdoe! Mas tive medo... Não escolhi isso, aconteceu... Esta comigo. –Tentei colocar a mão em seu ombro.
-Falei pra não encostar! Você não tinha o direito de fazer isso comigo! Meu melhor amigo gay! Pronto! Aonde eu caio nessa? Faz um favor pra mim não fala mais comigo não ta...
Ele saiu e me deixou sozinho na garagem.
-Não se preocupa não Daniel! Ele vai compreender, você vai ver. –Disse Ricardo quando voltei para sala.
-É que agora eu sou uma ameaça pra ele, igual ao meu pai.
-O medo dele é agora...
-O que os outros vão pensar dele sendo meu Amigo. –Interrompi a fala de Alicia.
-Não fale assim! –Rebeca me abraçou.
-Não! Ele tinha razão, onde eu estava com a cabeça?
-Em cima do pesco! –Leonardo tentou me animar. –Olha Daniel, sinceramente isso não muda em nada nossa amizade. Gosto de você! E isso não vai ma afastar.
Todos me abraçaram de uma só vez me sufocando.
-Preciso ir! Preciso refletir um pouco sobre minha vida.
Me despedi de todos e como sempre Alicia me acompanhou até aporta, relutante em me deixar sair.
-Você tem certeza que vai ficar bem?
-Não sei, mas quero ficar sozinho! –Respondi a ela.
Rebeca sem que Binho percebesse foi até o portão e me chamou.
-Desculpa perguntar, mas os encontros que... Ficamos juntos! Não... Não mudou nada? Você estava fingindo?
-Eu nunca faria isso! Saiba que foi tudo maravilhoso e que eu realmente amo você.
-Mas hoje você disse que...
-Eu sei o que disse, mas não te esqueci... Atualmente, você é a única mulher que não saiu da minha cabeça.
-Então vamos assumir isso a todos e nos juntarmos! Vamos ficar juntos e enfrentar essa barra. Eu posso viver com isso, desde que, esteja ao seu lado.
-Eu não estou preparado ainda pra isso, eu sei o que realmente sinto, mas vamos esperar e ver se é isso mesmo que queremos! Posso não te corresponder e te magoar. Eu estou num período da minha vida, que liberdade esta falando mais alto. Não sei se seria correto te envolver nesta história. –Nos olhamos por um instante até ela romper o silêncio.
-Tchau... Você precisa descansar... –Ela me beijou, esquecendo de onde estávamos e fui embora.
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