à procura!
Eu andava à procura. Não sabia de quê mais andava. Não sei se queria ganhar na Mega Sena, se queria viajar, se queria que um raio caísse na minha cabeça. Não sabia o que queria, mas queria.
Vinha à toa, olhando o céu, pra ver se alguma coisa realmente incrível ia acontecer. As nuvens escuras diziam que ia chover. Mas era inverno na minha alma, chuva era normal pra mim. Orei a Deus que me mandasse.
Me mandasse qualquer coisa. Uma passagem para uma ilha paradisíaca, uma vida diferente, um mosquito que me transmitisse dengue, qualquer coisa servia,Meu Deus! Só pra sair da monotonia.
Olhei a vitrine de uma loja, porque isso às vezes me deixava feliz, até achei um vestido bonitinho, mas não quis comprar, quis ganhar, quis agradecer um presente, quis retribuir um presente. Mas quem me daria esse vestido?
Fui andando e olhando pra cima, quem sabe caia uma nota de cem, um pedaço de bolo, um piano de cauda, quem sabe um pombo passasse e fizesse cocô em cima de mim. Qualquer coisa nova, qualquer coisa adiantava.
Fui olhando pra cima e bati de frente, bati de cara, bati de peito no rapaz que passava. Olhei nos olhos pra pedir desculpa. E percebi que achei o que procurava.