Eu não me preocupo com o que eles pensam de mim


No dia seguinte ao acordar Nanda achou ter vivido um sonho. Um sonho lindo. E resolveu esquecer para seu pobre coração não sofrer mais um pouco.
A rotina de ir para escola ocorria normalmente de novo e tudo prometia ser o de sempre. Sua mãe sempre a levava na escola e depositava um beijo em sua testa. Desejando a boa sorte de sempre e um eu te amo incondicional. Motivação suficiente para Nanda entrar na escola forte.
As escadas não foram um problema, todos estavam ocupados demais com seus mp3’s e o papo furado do MSN de ontem. Sua sala era a 15 do segundo corredor. Quando virou para entrar no corredor percebeu que olhos a seguiam e cochichos voavam pelo ar. Estranhou. A sala estava uma bagunça como sempre. Sentou em seu lugar e arrumou o material em cima da mesa. E de repente...

- Olha gente, a plebéia sonhando com o Romeu. Só porque o Romeu foi gentil com ela. Owwn, não é lindo? – Camila, a vaca da sala. Só porque seus pais são ricos se acha no direito de menosprezar todo mundo, principalmente Nanda que era simples e humilde em tudo.
- Do que você esta falando menina idiota? – Apesar de toda educação, Nanda não era besta.
- Idiota é você plebe. Todo mundo tá sabendo que o Leandro te ajudou ontem a pegar os seus livros. E a minha amiga Paty aqui viu tudo! Como você reagiu, viu tudo. Sem contar que, quem não sabe que você é apaixonada por ele hã? – Camila deu um pedala na cabeça de Nanda e saiu gargalhando. – Desencana Nandinha, ele é meu tá? – Guspiu o último veneno e saiu se achando. “Gralha filha da puta. Era só o que me faltava, ser zoada porque ele me ajudou...” E os pensamentos foram longe.


                                                    Eu não sei o que fazer
 
O sinal para o intervalo toca e todos saem correndo da sala. Nanda não queria sair, mas não podia ficar na sala. A inspetora Dora passaria de sala em sala verificando e trancando as portas. “Mas por que tenho de ficar com medo? Não fiz nada de errado. Ele quis me ajudar, não fui eu que pedi. Não devo nada pra ninguém.” E depois de chegar à conclusão de que não se importa com o que os outros vão pensar dela pegou seus livros, a maça e saiu da sala.
O banco embaixo da árvore mais alta do colégio estava vazio. Quase todos os dias estavam. Era seu cantinho preferido para ler. O vento sussurrava entre as folhas da árvore, a luz do Sol se dividia em pequenas fendas e ali parecia o paraíso. Às vezes, quando passava alguma pessoa ali por perto lançavam alguma piadinha. “Aff, foi só uma ajuda, por que ridicularizar alguém por ser humilde?” O preconceito naquela escola era terrível. Uma pessoa não podia fazer uma coisa, por mais que fosse pequena, de estranho que já era motivo de gozação da escola inteira. No fundo Nanda interpretava aquilo como falta de atenção dos pais, pois quase todos ali eram ricos. Os pais mal ficavam com eles e davam tudo que eles queriam. A escola era um meio de diversão. E quem pagava por isso? Os menos ricos. “Que ridículo pensar desta forma.” Era seu pensamento mais constante nos últimos dias. Menos ricos? Enfim, retornou para a leitura.

                                                                 Continua.
NaFrancine
Enviado por NaFrancine em 07/04/2011
Código do texto: T2895429
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.