Talvez...
Lá estava eu... Trabalhando de garçom numa chopperia lotada naquele sábado insano quando uma menina simplesmente pergunta algo e eu respondo... Na concentração do serviço e na correria do momento não gravei sua expressão... Sei que simplesmente num outro sábado qualquer, minha namorada iria numa festa... Como eu queria ir junto... Eu realmente não queria deixá-la entrar sozinha naquela festa, então, pelo menos, a acompanhei até a entrada. No meio do caminho de ida, me deparo com um amigo meu, ele estava com dois amigos dele... Uma menina e um menino... Falo ligeiramente com ele, mas nem dou atenção às pessoas ao redor. Confesso que estava tão preocupado com aquela festa que não me importava mais ninguem. Minha garota estaria lá dentro. Sozinha. MINHA garota. A única que se importava comigo e que tinha me aguentado por tanto tempo!
Ela era única... tinha o sorriso mais lindo do mundo... Mas eu sentia lá no fundo que ela não me dava o devido valor... Mas ela era MINHA... e era isso que me importava. Deixei-a na porta e fiquei esperando até ela sair.
Algumas semanas, talvez até alguns meses, se passaram... Sai daquela chopperia e entrei num buffet infantil. Trabalho fácil... Difícil mesmo era lidar com a menina da fritura. Amanda.
Ela brigava, reclamava, me chingava, e eu a irritava. Nos odiamos logo no primeiro dia.
Na hora de sair do trampo, confesso que fiquei com medo de cumprimenta-la, mas não posso deixar meus bons modos de lado. Cumprimentei-a e sai. Juro que não reparei muito bem em sua expressão aquele dia, mas percebi que ela tinha algo diferente. Talvez fosse só impressão, talvez fossem só seus gritos que me gelavam a espinha...
algumas semanas depois, por acaso, fomos escalados para trabalhar juntos
"-Sério?", eu pensei "aquela menina briguenta de novo?". Eu não estava num bom dia... Tinha tido uma briga a poucos dias com minha namorada e ainda estava de sangue quente... Entrei na cozinha do buffet, no meio da festa e a vi lá, sentada, com aquela cara emburrada... Talvez ela não gostasse de mim... mas então ela me olhou... e fez o que nenhuma outra menina havia realmente feito por mim... "O que aconteceu?" ela perguntou "Nada", respondi, confesso que com um pouco de medo e um pouco de surpresa, "Nada mesmo?"
...
...
...
E o silencio pairou no ar, até que minha chefe entrou na cozinha e eu tive que sair servir novamente.
Sai do serviço e estava esperando o buffet fechar... Minha namorada me liga, mas eu me recusava a atende-la... Eu não queria falar com ela...
Levamos nossa gerente até a casa dela, e meu amigo esqueceu sua blusa com ela. "Vo dá uma corridinha lá, já volto!", ele disse "Ok", respondemos.
Sentamos em um ponto de ônibus, minha namorada me ligava frenéticamente. Eu não estava bem. Não queria falar com ela. Talvez fosse só por uma noite.
"Quem é?"
"Minha Namorada"
"Por que você não a atende?"
"To bravo com ela"
"Por que?"
"Ah... bobagem... Você não entenderia"
E ela acendeu um cigarro, eu liguei a música no ultimo volume do me celular, e ali se desenrolou uma longa conversa.
Talvez fosse só uma conversa.
Mas não foi! Naquela conversa eu aprendi a dar mais valor a mim mesmo. Aprendi que é preferível estar sozinho do que com alguem que te suporte mas não te respeite...
Passaram-se algumas semanas e ela se tornou a minha amiga... Meu ursinho de abraçar... Era tão bom abraçá-la... Mas talvez fosse só um abraço... Nessa noite, levei-a até a casa dela e dei a ela um chocolate que estava guardando para minha namorada... Talvez fosse só mais um chocolate.
Eis que uma outra noite, estávamos saindo do serviço e era aniversário de um amigo meu... De novo eu havia brigado com minha namorada, mas eu não me importava... estava com meus amigos!
Saimos todos de lá, e, ela me olhou diferente, e eu tembém a olhei, eu a abracei, e era como se naquele momento, só o abraço dela me importava... por que só ela se importava comigo...
Numa rua por aí, sentei-me com meus amigos e ela pediu para deitar em meu colo. "Claro que pode!", eu afirmei a ela, e ela deitou-se... sem perceber, minhas mão já faziam carinho nela, e eu não conseguia desviar meus olhos dos olhos dela, do rosto dela... Todos se foram e ficamos nós, eu sentado e ela deitada.
Talvez fosse só um momento a sós...
Mas não foi... me recusei a mais uma vez me submeter ao talvez...
Muitas coisas aconteceram desde então, mas percebi que ela havia se distanciado... "É... parece que ela não se importa realmente comigo", pensei, até que, por acaso, fomos novamene escalados para a mesma festa... Ela havia brigado com o namorado dela...
"Quer um abraço?", perguntei
"Sim, mas não de você!", ela respondeu, acida, grossa, mais afiada que mil espadas.
"Você me ajudou quando eu precisei, preciso te ajudar agora!", falei a ela em um outro momento qualquer. Talvez fosse só mais uma tentativa de tentar parecer uma pessoa legal. Mas não foi. Ela ficou parada, estarrecida, sem resposta. Simplesmente abracei-a, e esperei ela me abraçar de volta.
No dia subsequente, fui à casa dela e resolvi que não iria à aula, ficamos eu, ela e mais uma amiga dela. Senti-me tão mal por estar me sentindo daquele jeito... Eu não deveria... Eu não podia... Talvez fosse só mais um sentimento para ficar trancado. "Estou apaixonado por você!". Não, este não será mais um sentimento trancado! Não importa quantos dias, meses, anos ela fique sem olhar pra mim, mas eu precisava lhe falar aquilo!
Preparei-me para mais um decepção... mais uma vez meu coração seria quebrado em mil pedaços...
"Eu também!" e o gelo se derreteu, e o calor tomou conta de mim... talvez fossem só mais duas palavras... Mas não foram... Foram estas duas palavras que me fizeram o que sou hoje...
Um homem que sabe que a liberdade é mais importante que o mais lindo dos sorrisos... Um homem que se importa apenas com quem se importa com ele... Talvez eu fosse só mais um homem... Mas, não... eu sou o SEU HOMEM!