Se tem algo que eu aprendi e levo sempre comigo, é que se você tem motivo para amar alguém, não importa quantos motivos você tenha para não querer estar com ela, você nunca vai conseguir fugir disso e por mais que tente fantasiar verdades criadas por você mesmo, uma hora sentirá um enorme vazio e logo cairá diante do único olhar que sempre amou.
Hoje o dia amanheceu sem muita inspiração, a tinta ainda intacta na lata que ainda não abri e o pincel na minha mão ainda seco e sem movimentos, mantendo a tela em brando e sem vida a minha frente, mostram bem isso. Enquanto olho fixo pra ela, acabo viajando em pensamentos, onde ainda me lembro dos tempos em que eu pintava os teus traços, de quando ela pousava pra mim sempre com um sorriso doce e às vezes atrevido, sempre me provocando com o teu jeitinho descontraído e sedutor. Eu conhecia os teus traços de cór, viviam nos meus sonhos, em meus pensamentos, em mim… Olhar pra ela era sempre um momento especial, contornar cada traço seu com os meus olhos, enquanto dava vida a cada um deles sobre a tela, era sempre um momento muito inspirador pra mim. Eu nunca conseguia terminar o quadro em uma única noite, acabávamos sempre nos amando sobre o chão de tinta, onde por muitas vezes, traçávamos o pincel sobre nós mesmos… sentir o pincel deslizar sobre os teus pecados era sempre um momento único, de muita intensidade, de pura admiração e paixão e assim sempre acordávamos juntos no dia seguinte, nos amando e cobertos de tinta.
Acho que só eu tinha a certeza do que eu realmente sentia e queria, onde eu desejava muito que tudo fosse recíproco e ela até me fez acreditar que sim, mas o seu passado se fez presente, lhe trazendo duvidas e incertezas e em meio a isso, em uma manhã chuvosa, eu acordei sentindo a brisa tocar a minha pele e ao procurar o calor do teu corpo sobre os lençóis, eu percebi que eu estava só.
Em meio a tais lembranças, voltei a si e fui até a tela que eu nunca havia terminado… ela estava coberta por um pano preto, pois eu nunca tive coragem de terminá-lo, ao menos enquanto ela não estivesse presente… Ao rever os teus traços pintados sobre ele a saudade latejou a fazendo ainda mais presente em mim. Vejo que mesmo a odiando por ter partido, ainda a amo pelo os momentos em que esteve presente e por mais que eu tente fugir disso, a verdade é uma só… eu a amo. Em um momento onde a saudade passou a tomar conta e a se intensificar, com uma faca eu perfurei a tela, desfigurando uma parte do desenho e sem intenção alguma, a faca ficou presa sobre o lado esquerdo de seu peito, em cheio no seu coração, mas senti como se fosse sobre o meu, pois a dor latejou e ao tirar a faca senti a lamina cortar minha mão e em meio à frustração, eu a passei sobre o quadro, onde o vermelho do meu sangue tomou o seu rosto e assim eu finalizei o quadro. Traços perfeitos que fizeram o amor crescer, banhados sobre o sangue que o mesmo fez morrer.
(Felipe Milianos)
Imagem via google/tumbl
Hoje o dia amanheceu sem muita inspiração, a tinta ainda intacta na lata que ainda não abri e o pincel na minha mão ainda seco e sem movimentos, mantendo a tela em brando e sem vida a minha frente, mostram bem isso. Enquanto olho fixo pra ela, acabo viajando em pensamentos, onde ainda me lembro dos tempos em que eu pintava os teus traços, de quando ela pousava pra mim sempre com um sorriso doce e às vezes atrevido, sempre me provocando com o teu jeitinho descontraído e sedutor. Eu conhecia os teus traços de cór, viviam nos meus sonhos, em meus pensamentos, em mim… Olhar pra ela era sempre um momento especial, contornar cada traço seu com os meus olhos, enquanto dava vida a cada um deles sobre a tela, era sempre um momento muito inspirador pra mim. Eu nunca conseguia terminar o quadro em uma única noite, acabávamos sempre nos amando sobre o chão de tinta, onde por muitas vezes, traçávamos o pincel sobre nós mesmos… sentir o pincel deslizar sobre os teus pecados era sempre um momento único, de muita intensidade, de pura admiração e paixão e assim sempre acordávamos juntos no dia seguinte, nos amando e cobertos de tinta.
Acho que só eu tinha a certeza do que eu realmente sentia e queria, onde eu desejava muito que tudo fosse recíproco e ela até me fez acreditar que sim, mas o seu passado se fez presente, lhe trazendo duvidas e incertezas e em meio a isso, em uma manhã chuvosa, eu acordei sentindo a brisa tocar a minha pele e ao procurar o calor do teu corpo sobre os lençóis, eu percebi que eu estava só.
Em meio a tais lembranças, voltei a si e fui até a tela que eu nunca havia terminado… ela estava coberta por um pano preto, pois eu nunca tive coragem de terminá-lo, ao menos enquanto ela não estivesse presente… Ao rever os teus traços pintados sobre ele a saudade latejou a fazendo ainda mais presente em mim. Vejo que mesmo a odiando por ter partido, ainda a amo pelo os momentos em que esteve presente e por mais que eu tente fugir disso, a verdade é uma só… eu a amo. Em um momento onde a saudade passou a tomar conta e a se intensificar, com uma faca eu perfurei a tela, desfigurando uma parte do desenho e sem intenção alguma, a faca ficou presa sobre o lado esquerdo de seu peito, em cheio no seu coração, mas senti como se fosse sobre o meu, pois a dor latejou e ao tirar a faca senti a lamina cortar minha mão e em meio à frustração, eu a passei sobre o quadro, onde o vermelho do meu sangue tomou o seu rosto e assim eu finalizei o quadro. Traços perfeitos que fizeram o amor crescer, banhados sobre o sangue que o mesmo fez morrer.
(Felipe Milianos)
Imagem via google/tumbl