A desconhecida do Galo

Fevereiro de 1994, mais um carnaval se fazia presente...

Mais que presente, intenso como jamais experimentara...

Parecia advinhar o que estava por vir, como se avisado pela minh'alma...

Buscando por cima dos ombros dos foliões, querendo encontrar um rosto conhecido...

O desfile já iniciado, a angustia de estar só em meio aquela multidão me consumia...

De repente, aquele rosto me esperava, com um olhar diferente dos foliões que passavam, demonstrava alegria, não da folia, mas da alma...

Não era conhecido, mas senti como se fosse de a muito tempo esperado...

Convidou-me sem fazer qualquer gesto, o que retribui da mesma forma, sem mesmo saber explicar como...

Alguns segundos de silêncio, como se não existesse aquela multidão ao nosso redor... Nos apresentamos apenas com olhares, entendendo tudo, sentindo o mesmo, sem qualquer palavra...

Beijo sorrateiro, beijo roubado, beijo doce, beijo encantado...

Por um momento sublime era como se não existesse ninguém do nosso lado; parou a música, parou o frevo, não parou aquele beijo... beijo encantado...

Terminou o carnaval, passou o galo, mas o amor era e é verdadeiro, contrariando o ditado, que amor de carnaval termina na quarta-feira de cinzas... não houve cinza e sim um fogo intenso que nutrimos até hoje, que lambramos em todos os dias, é todo dia de galo.

Inaldo Santos.

Inaldo Santos
Enviado por Inaldo Santos em 09/03/2011
Reeditado em 03/08/2012
Código do texto: T2837354
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