Ato desesperador

Apesar de crescerem juntos, dividirem a mesma mãe, terem nomes parecidos, ele era de criação e apenas isso os diferenciavam. Júlia tinha cinco anos de vida quando Amanda adotou Júlio de nove anos de idade. Ele foi encontrado na rua, e disse que não entendia o que havia acontecido com ele, pois a mãe ainda ontem estava presente. E o menino chorando muito foi acolhido por aquela bondosa mulher que ainda era desconhecida.

Amanda fez de tudo pelo garoto, deu comida, roupa e mais o que precisava. Os garotos foram crescendo juntos e quanto mais os dias passavam eles se apegavam mais e mais. As brincadeiras, os sonhos, os amigos eram sempre os mesmos. Desenvolveram – se, e aprenderam o que era o desejo e os riscos da vida. Foram criados como irmãos, mas aquele amor que sentiam não era só isso.

Um dia tudo mudou, e resolveram contar por já não aguentarem mais aquele segredo, aquele amor proibido, que para eles parecia tudo muito lindo. Ao contarem, a Amanda se sente muito mal, e teve um enfarto, pois já sofria do coração, e precisava urgentemente ir para o hospital, e a vizinha ao ver tudo aquilo acontecendo a levou. O casal não ligava para o que estava acontecendo, só queriam viver aquilo tudo.

Ninguém mais aguentava vê-los e começaram a ignorá-los, mas nada era tão interessante quanto viver aquele amor. Júlia estava totalmente enfeitiçada, até engravidar e virem às brigas. As pessoas não entendiam o que havia acontecido com aquele casal. Júlio um rapaz que parecia tão calmo agora mostrava ser um homem grosso e irresponsável, então foi para o bar, onde estava acostumado ir toda vez brigavam. Júlia se sentia presa e queria muito se libertar, então pensou em algo que resolveria rápido, matar o homem que amou todos esses anos.

Rapidamente tentou bolar um plano que faria com que ela não parecesse à culpada. Naquela noite Júlia não dormiu, e seu marido estava fora. A mulher pegou alguns papeis e começou a desenhar a planta da casa para que conseguisse ter a certeza de que não iria fracassar.

No meio da noite, já estava com os planos prontos. Quando Júlio chegou, a mulher estava acordada e daí começou a briga. Eram reclamações até não acabar mais. Ela não podia matá-lo naquele momento, então tranquilizou-se e foi deitar-se.

No outro dia Júlio foi deitar-se cedo, pois a mulher havia colocado sonífero, um medicamento que provoca o sono, na comida dele. Foi até o armário e pegou a arma que conseguiu quando o marido estava trabalhando.

Sem pensar muito o matou, foi até a porta, arrombou para que parecesse um assalto. Quando se deu conta do que fez atirou em si mesma, limpou a arma, pois não podia ter suas digitais e deitou-se perto de Júlio, para que morressem juntos, mas o tiro não foi dado direito, porque a bala não pegou em uma veia letal capaz de matá-la, mas provocou o aborto da criança. O arrependimento veio em sua mente e rapidamente ligou para a polícia, explicou o falso acontecido que planejou, e estes nem perceberam o ocorrido verdadeiro.

Ao voltar do hospital, em que passou alguns dias, a casa estava toda arrumada, os policiais e detetives ainda sem descobriram o crime, pois havia mentido para os policiais, sobre o falso assalto. Permaneceu em casa, mas estava muito triste, o que ela poderia fazer sem o amor da sua vida, sem sua mãe e sem o filho, a sua única reação foi chorar até os últimos dias de sua vida a espera da sua morte trágica.

Dias depois sentiu fortes dores no abdômen, e resolveu voltar ao hospital. Ao sair de casa ela foi vítima de um assalto e o bandido atirou nela. Foi rapidamente levada pro hospital, onde descobriu uma infecção, provocada pela bala. A mulher já não tinha quase o que fazer, porque a infecção foi dada como gravíssima.

Ficou mais alguns dias no hospital, Amanda foi visitá-la. Tiveram uma boa conversa e pede perdão, por não ter se preocupado com a mãe. E a mulher a perdoa, pois a filha precisava descansar em paz. Os médicos não conseguiram salvá-la, afinal o destino dela já estava traçado e ela já pressentia isso.