SOLIDÃO

O tempo me permitiu vê-lo através do sentimento de dor que me mantinha presa a ele.

Como pude amá-lo? Como posso não amá-lo agora?

A sua capacidade de despir-me com os olhos sempre me perturbou.

Não a nudez fugaz do corpo, mas a nudez eterna da alma.

Como água límpida e transparente me sinto, aquela que nada esconde; nas improváveis tentativas de omitir o claro, o verdadeiro.

E sendo assim, eu mesma, sinto agora que nada posso sem ele.

Em cada passo, uma busca e um desencontro. Já não posso tê-lo.

Tenho medo da incerteza e da solidão intrínseca em mim; fui deixando-a entrar, não sei livrar-me dela.

A solidão é leviana e traiçoeira, as vezes nos inunda de paz e leveza, outras vezes nos angustia com a dor do vazio.

Não sei o que dói mais, a certeza da tua ausência ou a incerteza da tua volta.

Em meio a críticas e desilusões ou às novas tentativas ao amanhecer, eu caio e levanto.

Meu corpo é escudo silencioso da luta travada com minha alma.

Não sorrio para o espelho, um reflexo muito aquém do que quero ver de mim mesma.

Sei que meu melhor reflexo está em algum lugar dentro de mim que desconheço. Ao encontrá-lo então, serei livre.

Nesse momento a tua ausência não me causará dor. Teremos um reencontro de amor, sem expectativas frustradas, nem solidão.

Drica Love Barreto
Enviado por Drica Love Barreto em 23/02/2011
Reeditado em 21/05/2015
Código do texto: T2809773
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.