Eclipse: O Amor do Sol e a Lua
Renildo Gomes
ECLIPSE: O AMOR DO SOL E A LUA
São José da Tapera – AL
2006
Dedico a todos que compreendem o sentido de uma verdadeira paixão
ÍNDIDE
ECLIPSE: O AMOR DO SOL E A LUA.......................................03
Capítulo I – O encontro....................................................................03
Capítulo II – A paixão......................................................................05
Capítulo III – O conflito..................................................................08
Capítulo IV – A fuga........................................................................11
Capítulo V – O rio.............................................................................13
Capítulo VI – A festa.......................................................................14
Capítulo VII – A angústia...............................................................16
Capítulo VIII – O presente...............................................................18
Capítulo IX – A separação................................................................20
Capítulo X – Os conflitos..................................................................22
Capítulo XI – A busca de novas paixões...........................................23
Capítulo XII – O retorno..................................................................25
Capítulo XIII – O reencontro...........................................................28
Capítulo XIV – O eclipse..................................................................31
ECLIPSE: O AMOR DO SOL E A LUA
Capítulo I – O encontro
Qualquer pessoa em seu estado normal gosta de ter uma vida sossegada. Gosta de sombra e água fresca. Tem conflitos existenciais. Trabalha. Diverte-se. Enfim, faz ou deseja fazer tudo de bom que a vida lhes oferece. Assim, não poderia ser diferente comigo, com a Sara, com a Helen e tantas outras pessoas que gostam de viver.
Durante as festas juninas as pessoas se divertem nas quadrilhas e nos forrós. Em alguns lugares essas festas duram todo o mês de junho. Noutros, apenas festejam nas noites de Santo Antônio, dizem que esse santo ajuda aos donzelos e donzelas a casar, São João e São Pedro. Foi numa dessas noites que eu, estando na companhia de minha esposa Sara e algumas amigas, conheci Helen:
- Quer dançar comigo? – perguntei
- Não sei dançar, Pablo. – respondeu.
- Eu ensino. – insisti.
Meio sem querer, ela aceitou. Dançamos, ambos sem acertarmos bem os passos daquele forró, pois também não sabia dançar. Conversamos um pouco. Naquele momento o toque dos nossos corpos sinalizavam um desejo ardente, uma paixão, talvez. Mas não confiava em meus sentimentos, pois não sabia a diferença entre paixão e amor. Ainda não tinha me apaixonado.
Capítulo II – A paixão
Aquela garota me encantava. Não demorou para que nos encontrássemos outras vezes. Seus olhos e seus olhares me seduziam toda vez que a via. Já tinha certeza que algo estava acontecendo comigo. Resistia. Ela parecia ser muito nova. Minha consciência me acusava. Mas também estava em conflitos existenciais e isso me impulsionava a mudar meu estilo de vida, viver aventuras, ser diferente do que eu era. Assim, deixei que os meus desejos dominassem alguns atos da minha vida. Já não controlava mais os meus sentimentos e me declarei pra ela:
- Estou apaixonado por você, Helen.
- Não acredito Pablo. Você está vivendo um conflito no seu casamento, por isso pensa assim. – disse ela.
Talvez estivesse com razão, mas alguns meses tinham passado desde aquela festa de junho e eu não conseguia esquecê-la e nossos encontros casuais só contribuíam cada vez mais para reforçar o que estava sentindo.
Percebia que ela também estava interessada, pois passamos a conversar com freqüência:
- Quantos anos você tem? – perguntei.
- Por que você quer saber minha idade?
Sempre se recusou dizer a idade. Talvez porque pensasse não querê-la por ser muito nova. Mas, também, tinha a impressão que ela poderia ser do tipo vagabunda que ficava com qualquer um e depois descartava:
- Já teve namorado? – perguntei.
- Não. Até agora só fiquei com uns carinhas, mas nada sério.
- Não acredito que você só ficou sem rolar nada sério até agora.
- Por quê?
- Você parece ser bem esperta?
- Impressão sua.
Ela sempre disse que não tinha namorado e só ficava. Eu nunca achei interessante apenas ficar com uma pessoa hoje e amanhã não. Sempre me envolvia com as pessoas que ficavam comigo. Talvez, por isso estava me envolvendo com aquela garota. Nos envolvíamos a cada encontro. Conversávamos, dançávamos e beijávamos. Helen já não escondia mais que estava gostando de mim:
- Não acredito que você não esteja ficando com outro cara. - dizia eu.
- Não sou mulher de ficar com dois homens ao mesmo tempo. Quando estou com alguém não fico com outro. Não acredita em mim?
- Quero acreditar. Mas só o tempo mostrará se realmente você está falando a verdade. Não temos nada sério. O que impede de você ficar com outro. Tem tantos jovens querendo ficar com você. Acho que não sou páreo pra eles.
- Por que não?
- Você sabe. Sou bem mais velho que você e sou casado.
- Tenho uma amiga que ficou com homens mais velhos e casados e não teve problema nenhum.
- Que bom que você pensa assim! Só não gostaria que você me traísse. Quando resolver ficar com alguém me diga que eu me afasto de você, sem problemas.
Capítulo III – O conflito
Meu casamento já não existia. Tudo era uma mentira. Gostava de Sara, mas não estava mais me sentindo bem com ela. Meu afastamento dela provocava uma reação de ciúme exagerado, principalmente, das minhas amigas e isso só complicava mais nossa relação. Sempre fui sincero. Sempre falei a verdade, até quando não devia. O que estava vivendo com Helen me deixava numa situação que nunca tinha vivenciado. Estava apaixonado por outra pessoa e não por minha esposa. Conversávamos, brigávamos, transávamos, mas nada preenchia o vazio que estava em mim. Quando falava com Helen me sentia muito bem. Até a relação com Sara melhorava. Quem eu amava realmente? A essa altura não podia mais negar o que estava sentindo. Estava vivendo segundo essa música de Chitãozinho e Xororó:
Sinônimo
Quanto tempo o coração leva pra saber
Que o sinônimo de amar é sofrer
No aroma de amores pode haver espinhos
É como ter mulheres e milhões e ser sozinho
Na solidão de casa descansar
O sentido da vida encontrar
Quem pode dizer onde a felicidade está
O amor é feito de paixões e quando perde a razão
Não sabe quem vai machucar
Quem ama nunca sente medo de contar os seus segredos
Sinônimo de amor é amar
Quem revelará o mistério que tem a fé
E quantos segredos trazem o coração de uma mulher
Como é triste a tristeza mendigando um sorriso
Um cego procurando a luz na imensidão do paraíso
Quem tem amor na vida tem sorte
Quem na fraqueza sabe ser bem mais forte
Ninguém sabe dizer onde a felicidade está
...
Não sabia se era amor ou se era paixão. Só sei que o que estava sentindo era bom, me fazia bem e, às vezes, me deixava mal. Sempre queria estar com Helen em todos os lugares que freqüentava. Às vezes, me contentava em ouvi-la no telefone:
- Alô! – respondia ao toque.
- Sou eu! – dizia ela, pois já sabia que eu reconhecia a voz.
- Só ligou porque pedi que ligasse hoje. – acusava-a.
- Não! Eu liguei porque também queria falar com você.
- Diga? – eu fingia que não estava interessado em falar com ela.
- Eu gosto de falar com você, ouvir sua voz.
- Eu também! – admitia
Ficávamos falando bastante tempo. Sempre repetia as mesmas conversas. Sempre me sentia inseguro e não acreditava que ela estivesse realmente gostando de mim. Não era nada sério o que estávamos vivendo. Era uma boa aventura. Quem não gosta de viver aventuras? Acho que só quem não é normal.
Sara já não acreditava mais em mim. Eu tentava esconder a verdade mentindo e depois falando a verdade. Falando a verdade e depois mentindo. Quer confundir alguém? Conte duas versões de uma mesma história. Eu tenho necessidade de falar a verdade seja ela qual for mas, nesse caso, uma mentira também ajudava a melhorar a situação com ela. Porém, o problema não era o que saía da minha boca, mas o que estava na cabeça e no coração.
Capítulo IV – A fuga
Festas, encontros, conflitos fizeram parte da minha rotina. Uma separação era inevitável. Os conflitos extrapolavam os muros da minha casa. Tentei me envolver com outras mulheres:
- Estou separando. – essa foi a afirmação inicial para ficar com uma garota.
- Ah! Ele é normal! – exclamou uma que achava que eu era muito sério.
- Não me achava normal?
- Não. Sempre fizemos charme pra você e você nem ligava. - disse Cláudia.
- Mais agora eu estou ligando. Nunca é tarde para começarmos. Percebia que vocês olhavam estranho pra mim, mas eu não podia me envolver com vocês naquela situação. Você é muito bonita. Sempre desejei ficar com você.
- Só com ela? – perguntou Mara.
- Ah! Entendi. Posso ficar com ela e com você. Não sou egoísta. Sou de todas.
Beijos,abraços, toques e amassos fizeram parte desse momento. Pude agradar a todas, enquanto Mário se contentava com a Suzy em outro ambiente. A lua foi testemunha. Naquela noite o prazer sucumbiu os meus problemas e a vida parecia se resumir aquele momento. Mas, apesar do prazer momentâneo, não conseguia me desligar daquela que conhecera na noite de São João. Ela estava sempre comigo.
Quando não estava com Helen sentia um desejo ardente de encontrá-la. Saía na rua a procurar. Tudo era motivo para um encontro casual. A volta do trabalho, a entrada da escola, o home theater, a visita ao monte sagrado, o baile no sábado à noite e até em situações inusitadas:
- Alô! – respondi a chamada do telefone.
- Sou eu. Vou ao rio com uma amiga.
- Quer que eu vá? – perguntei.
- Você é quem sabe.
Capítulo V – O rio
Fui ao rio e as encontrei acompanhadas. Nesse momento achei que estava fazendo papel de bobo nessa história. Mais tarde entendi o que acontecera:
- Por que você não me disse que esses garotos vinham também?
- Eu não os convidei. Eles vieram porque quiseram, achando que nós íamos ficar com eles.
Na verdade, nem a colega que estava com ela sabia do nosso envolvimento. Talvez fosse isso que mim atraía, o poder de estar com alguém sem que ninguém soubesse. Acho que é mais emocionante. Não sei explicar, pois emoções não se explicam, se vivem.
Sara ligou interrompendo aquele momento:
- Onde você está? – perguntou.
- Estou com uns amigos, mas já estou indo, chego em poucos minutos. – respondi.
Pouco tempo depois estava em casa. Sara nem desconfiara que vinha de outro lugar bem distante de casa. Estava feliz e a tratei bem naquele dia. Não brigamos, jantamos, conversamos, fizemos amor e dormimos. Parecia que estava tudo bem conosco. Muitos momentos como esse acontecera.
Capítulo VI – A festa
Naquela sábado se concretizara o nosso amor. Tive certeza que ela realmente gostava de mim, pois ligou várias vezes no dia me informando onde se encontrava:
- Que coincidência encontrar vocês nessa multidão? – parecia que as encontrava por acaso. Estava com uma amiga.
- Nós também estamos surpresas em encontrá-lo aqui, nem sabíamos se vinha. - disse Cíntia.
- Quero dançar com você, Cíntia.
- Não sei dançar. Dance com Helen.
- Ela não sabe. – disse eu, tentando disfarçar o desejo de dançar com Helen.
- Sabe sim, convide-a.
- Vamos Helen tentar, quem sabe acertamos.
Dançamos, bebemos e nos amamos. Não tinha mais dúvida que havia encontrado alguém que mim fazia bem quando estávamos juntos. Não tínhamos pretensões futuras, apenas queríamos aproveitar os momentos que nos encontrávamos. Mas Sara sempre procurou complicar o nosso casamento:
- Soube que esteve com Helen ontem à noite. – afirmou perguntando.
- A encontrei por acaso. Conversamos, tomei uma cerveja e depois saí.
- Mentira! Disseram que estava aos beijos e abraços com ela.
- Mentira, digo eu! Quem disse isso? Talvez tenham mim visto com outra pessoa e não com a Helen. Estive com tantas pessoas ontem.
- Disseram que era ela mesma. Não é mentira.
- Sim, é verdade! Estive com ela, mas não como disseram. Esse assunto está encerrado.
Esse era o começo de uma série de conflitos. Porém, nada ficou comprovado de que estive com a Helen naquele dia, até falar a verdade para Sara depois de alguns meses de conflitos. Já não suportava mais aquela situação, o meu casamento estava estragado. Estava com uma pessoa desejando ardentemente estar com outra. Estávamos nos enganando e nos matando. A paixão, o ciúme e a indiferença matam a gente por dentro. Era isso que estava acontecendo comigo e a Sara. Porém, jurava que não estava mais com a Helen.
Capítulo VII – A angústia
A minha história com a Sara tinha sido muito bonita no começo, mas o fim estava sendo muito angustiante e infeliz. Já não éramos as mesmas pessoas. Eu estava vivendo uma nova fase da minha vida e ela estava presa a mim. Sou machista convicto e isso não é aceito com naturalidade entre as mulheres. O bom é que a outra sempre aceita quando está na condição da outra, mas quando deixa de ser a outra, muda de opinião. É o circulo da vida.
Continuei encontrando Helen às escondidas. Falávamos-nos quase que diariamente:
- Não posso mais continuar com você. – disse ela
- Por quê? Está acontecendo alguma coisa com você?
- Não. Mas não podemos continuar. Está tudo acabado.
Ficava desesperado ao ouvir essas palavras. Não entendia porque, de repente, ela resolvera terminar o nosso relacionamento. Sempre disse que gostava de mim. Não entendo porque as pessoas que se amam criam empecilho para ficarem juntas. Ela sempre criou e não justificava o porquê da atitude. Talvez não se sentisse bem com a condição do relacionamento. Convivia com a Sara.
Sabia que cada vez que acabava não significava exatamente o fim. Um dia nos encontraríamos de novo e ficava tudo bem. Só não entendia porque tinha que ser assim. Deixava o tempo passar e quando a encontrava dizia:
- Preciso falar com você hoje.
Ela fingia que não dava importância ao que tinha ouvido mas, ao toque do telefone, eu respondia:
- Oi! Sabia que você ia ligar!
- Ah... É! Então vou desligar.
- Não!... Não!... Não desligue! Preciso muito falar com você.
- Então diga!
- Te amo! Você ainda sente alguma coisa por mim?
- O que você acha?
- Acho que você nunca gostou de mim.
- Então porque eu liguei?
- Só ligou porque eu pedi.
- Não! Liguei porque gosto de você. Gosto de ouvir você.
- Mentirosa!
- Por que você sempre diz que estou mentindo?
- Por que suas atitudes não condizem com o que você diz.
- E é pra eu fazer o quê?
- Vamos se encontrar em algum lugar? Onde você quiser.
- Está bem. Depois eu ligo marcando.
As horas eram intermináveis até nos encontrarmos. Uma conversa, beijos e abraços eram suficientes para eu ficar feliz. Acho que quando estamos apaixonados ficamos bobos.
Capítulo VIII – O presente
Helen era surpreendente. Quando achava que a conhecia ela me surpreendia:
- Tenho um presente para você. – disse eu.
- Um presente! Não aceito presente de homens. Nunca recebi presentes de homens.
- Sim. Mas eu não sou um qualquer na sua vida. Gosto de dar presentes a quem eu amo. Acho isso normal.
- Mas eu não quero receber. Se deixar comigo eu devolvo.
- Jogue fora, se quiser.
Surpreendemente ela jogou fora o presente. Aquela atitude para mim foi catastrófica. Feriu todos os meus conceitos de respeito ao outro. Como alguém pode jogar fora um presente que damos porque o amamos?
-Você mim decepcionou muito. Não quero mais falar com você. Eu sempre lhe respeitei. Sempre lhe tratei com todo carinho, até mesmo diferente do que as outras pessoas costumam lhe tratar. Não quero mais nada com você. Estou muito triste.
- Você Está falando sério? – disse ela.
- Claro. Nunca falei tão sério com você como estou falando agora.
- Desculpe! Perdão! Você me perdoa?
- Não! O que você fez foi demais pra mim. Talvez você nem imaginasse que ia me machucar tanto. Mas sou diferente das pessoas que convivem com você. Pequenas coisas têm muita importância pra mim. Às vezes as pessoas não me entendem.
- Perdão!... Perdão!... Perdão!... Você me perdoa?
- Vou pensar na possibilidade, mas hoje eu não consigo lhe perdoar. Ligue pra mim amanhã ou outro dia.
- Não!... Não!... Eu não vou conseguir dormir hoje.
- Se não dormir, mas você não vai morrer por isso. Eu, às vezes, também fico sem dormir por sua causa e ainda não morri.
Naquele dia Helen chorou. Sua voz ficava trêmula cada vez que falava comigo pedindo perdão. Prometi que se eu melhorasse em relação ao que tinha feito à perdoaria, mas exigi que fizesse uso do presente para eu apreciar. Assim ela fez e eu a perdoei em outro momento.
Essa atitude comprovou que ela realmente gostava de mim. Não pelo fato de ter pedido perdão e se submetido à minha chantagem psicológica, mas pela reação emocional que teve em relação ao fato. Acreditei que sentia algo muito forte por mim.
Capítulo IX – A separação
Minha separação da Sara já estava se confirmando. Sai de casa. Busquei consolação nos amigos. Uma separação é sempre dolorosa. A Sara estava sofrendo mais do que eu. Ela demonstrava gostar muito de mim. Eu também não conseguia me afastar totalmente de casa. Estava vivendo um conflito emocional. Minha vida até aquele momento estava estabilizada. Tinha tudo que queria, mas não conseguia sentir por ela algo que mim atraísse. Conversávamos, brigávamos, fazíamos amor e tudo era vazio:
- Sara, eu queria muito poder ficar normal com você. Mas não consigo e isso não é bom nem pra mim nem pra você.
- Eu também não quero viver assim com você. A nossa vida precisa se acertar. Somos novos, temos tempo para encontrarmos alguém que nos ame de verdade.
Essas palavras doíam muito em nós. Não era o que eu queria dizer nem ouvir. Não tinha decidido deixar de gostar. Não queria deixá-la e ficar com outra pessoa que não amava. Compreendia que minha vida com a Helen não era algo que podia ser estável, pois vivíamos encontros e desencontros. Acho que os homens são muito dependentes das mulheres. Eu sou dependente de uma mulher. Naquela situação eu estava muito dependente da Sara. Minha rotina estava atrelada a ela.
Já não estava mais com Helen quando conheci Renata. Era uma garota astuta. Dançamos e após o baile contemplamos o brilho da lua no alvoredo da praça;
- Desejei muito ficar com você esta noite. – disse eu.
- Vamos sair daqui?
- Não conheço muitos locais aqui que possamos ficar. – respondi.
- Vamos. Eu sei onde podemos ficar.
Fomos a um local desabitado e tivemos momentos muito agradáveis. Aquela garota sabia como agradar um homem. Sua boca era suave como a brisa da noite.
Nessa ocasião duas pessoas tinham ciúme de mim: Sara e Helen. Eu não tinha a intenção de provocar nenhuma delas, mas tinha que viver aqueles momentos.
Sempre que estava com alguém Helen lançava olhares em minha direção como se estivesse reprovando a minha atitude. Não estava comigo, mas também não mim deixava. Isso mim assegurava que podíamos reatar o romance. Ambos queriam, mesmo estando com outras pessoas.
Capítulo X – Os conflitos
Foi numa ida e volta dessas que nos encontramos após uma visita à casa de uma amiga. Fomos a um barzinho, tomei uma cerveja e elas um refrigerante. Enquanto Selma aguardava à mesa, nos amamos no carro ao som de Celine Dion. Os nossos corpos vibravam intensamente.
Confusão! Sara, mesmo eu morando em outra casa, não deixava barato uma suposta traição. Conversamos ao telefone, mas não houve entendimento:
- Pablo, preciso conversar com você.
- Diga, o que é?
- Não venha mais aqui na minha casa, seu canalha! Não quero viver com você dividido. Decida! ou eu ou ela.
- Não fiquei com ela, apenas estivemos num mesmo local. Convidei-as para tomarmos uma cerveja e foi só isso.
- Mentiroso! A amiga dela disse que vocês saíram sozinhos no carro.
- É mentira da amiga dela. Ela sabe que não aconteceu nada. Mas eu não vou ficar discutindo isso com você. Tchau! Sabe onde me encontrar se precisar de mim.
Essa conversa parecia definitiva, mas não significou o fim entre Sara e eu. Continuei freqüentando a casa dela. Tínhamos um filho e não conseguia ficar longe dele por muito tempo. Sempre estive presente em sua vida.
Capítulo XI – A busca de novas paixões
Helen se afastou de mim. Conheci Débora numa festa e interessei-me por ela. Era uma mulher madura. Conversamos, falei dos meus problemas e ela mim confortou. Por alguns meses sempre estava com Débora e suas amigas Célia e Letice. Bebíamos, dançávamos, enfim, nos divertíamos bastante. Débora era muito vivida. Não tinha experiência com mulheres mais velhas que eu. Foi interessante. Aprendi muito com ela, mas não pudemos continuar nos encontrando, porque estávamos nos enganando. Queria estar com a Helen e ao mesmo tempo estava com a Sara, a Débora e a Cláudia. Não tinha a Helen. Somente a letra dessa música poderia traduzir o que estava sentindo:
Você não me ensinou a te esquecer
Não vejo mais você faz tanto tempo
Que vontade que eu sinto
De olhar em seus olhos
Ganhar seus abraços
É verdade eu não minto
E nesse desespero em que me vejo
Já cheguei a tal ponto
De me trocar diversas vezes por você
Só pra ver se te encontro
Você bem que podia perdoar
E só mais uma vez me aceitar
Prometo agora vou fazer por onde
Nunca mais perdê-la
Agora que faço eu da vida sem você
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
E te querendo eu vou tentando te encontrar
Vou me perdendo
Buscando em outros braços os seus abraços
Perdido no vazio de outro espaço
No abismo em que você se retirou e me atirou e me deixou aqui sozinho
E nesse desespero em que me vejo já cheguei a tal ponto
De me trocar diversas vezes por você
Só pra ver se te encontro
Encontrei a Cláudia numa festa em que a Débora também estava. Foi extravagante.Ora estava com uma, ora estava com a outra. Mas a Cláudia prevaleceu. Passamos uma noite agradável. Ela se entregava toda pra mim. Era uma menina do tipo fogosa. Sua boca, seus seios, sua barriga e suas coxas eram bem receptivas. Essa foi a última vez que ficamos. Ela reatou um namoro antigo.
Capítulo XII – O retorno
Resolvi ter uma vida menos agitada. Voltei com à Sara. Tinha decidido desistir da Helen. Escrevi-lhe uma carta falando da minha decisão. Esse poema resumia o meu sentimento naquele momento:
Não aprendi dizer adeus
Mas tenho que aceitar
Que amores vêm e vão
São tardes de verão
Se tens que me deixar
Que seja então feliz
Não aprendi dizer adeus
Mas deixo você ir
Com lágrimas no olhar
Se o adeus me machucar
O inverno vai chegar
E apaga as cicatrizes.
Sabia que a Helen me amava. Não queria me deixar, mas algo impedia de ficar comigo. Voltamos a nos falar:
- Parabéns pela passagem do seu aniversário. – disse eu.
- Obrigada!
- Queria lhe dar um presente melhor, mas pensei que você podia não aceitar, como da outra vez.
- Ah! Você ainda lembra daquilo?
- Claro! Mim marcou muito, sabia?
- Ah! Mas não vamos falar mais desse assunto.
- Certo! Como você está?
- Estou bem.
- Eu soube que está namorando um garoto?
- Que mentira! Não estou com ninguém.
- Já me esqueceu?
- Não. Às vezes quando penso em você tenho raiva.
- Por quê? Fiz alguma coisa com você?
- Não. É porque não consigo lhe esquecer.
- Eu também não te esqueci. Mas se você decidiu me deixar, não vou mais andar atrás de você. Ligue quando quiser.
- Ah! É.... Não vou ligar mais.
- Estou na minha casa e não quero mais separar do meu filho. Resolvi não querer mais problemas pra minha vida.
Depois dessa conversa nos encontramos casualmente algumas vezes. Sempre conversávamos:
- E aí! Como você está? – perguntava.
- Eu estou bem. – respondia.
- Algum problema?
- Não!
Na verdade estávamos resgatando a nossa bela amizade. Fiquei sabendo algumas histórias dela que desconhecia:
- Disseram-me que você ficou com o Marcos?
- Eu!... Nem tenho aproximação com esse cara.
- Como eu posso acreditar em você?
- Se não quer acreditar, não acredite.
- Me prove, então!
- Como?
- Ficando comigo. Você decide onde e quando.
- Tá bem.
- Vou ficar esperando por esse momento. Me ligue.
Capítulo XIII – O reencontro
Sara acreditava que estava tudo bem comigo. Não demonstrava mais interesse por Helen. Realmente estava tranqüilo. Não importava se ia ou não ficar com a Helen. Até que ela ligou:
- Oi, Helen! Diga?
- Quero ficar com você hoje?
- Tem Certeza?
- Sim.
- Mais você quer ficar comigo só porque descobri que você ficou com ele?
- Não. Quero ficar porque gosto de você.
- Tem certeza que não estou forçando você a ficar comigo?
- Não. Vou ficar porque eu quero.
- Eu não quero que você se sinta forçada a ficar comigo só pra me provar que não saiu com ele. Eu acredito em você e mesmo que não acredite não tenho nada com isso.
Combinamos o encontro. Ficamos ao luar. Somente esse poema resumiria aquele momento:
Garotos
Seus olhos e seus olhares
Milhares de tentações
Meninas são tão mulheres
Seus truques e confusões
Se espalham pelos pêlos, boca e cabelo
Peitos e poses e apelos
Me agarram pelas pernas
Certas mulheres como você
Me levam sempre onde querem
Garotos não resistem aos seus mistérios
Garotos nunca dizem não
Garotos como eu sempre tão esperto
Esperto de uma mulher
São só garotos
Perto de uma mulher
São só garotos
Seus dentes e seu sorrisos
Mastigam meu corpo e juízo
Devoram os meus sentidos
Eu já não me importo comigo
Então são mãos e braços
Beijos e abraços
Pele barriga e seus laços
São armadilhas
E eu não sei o que faço
Aqui de palhaço
Seguindo os seus passos
(Leoni)
Esse momento foi muito peculiar. Senti emoções como se nunca estivesse vivido. No entanto, mais uma vez separamos. Hoje, vivo com a esperança do que uma amiga me contou.
Capítulo XIV – O eclipse
Nós somos dependentes uns dos outros. Amamos porque o bem é recíproco. Quando nos apaixonamos precisamos ter contato com aquilo que nos fez se apaixonar. Precisamos de amigos para confidenciar nossas alegrias, tristezas, frustrações, angústias, problemas e tudo mais. Tenho amigos e amigas. Mais amigas do que amigos. Converso bastante com aqueles que estão mais próximos de mim. Foi numa dessas conversas que a Ana Beatriz me disse:
- Pablo, você conhece a história do Sol e da Lua?
- Não. Conte-me, por favor!
-Quando o Sol e a Lua se encontraram pela primeira vez, se apaixonaram perdidamente e a partir daí começaram a viver um grande amor. Acontece que o mundo ainda não existia e no dia que Deus resolveu criá-lo, deu-lhes então o toque final... o brilho! Ficou decidido também que o Sol iluminaria o dia e que a Lua iluminaria a noite, sendo assim, seriam obrigados a viverem separados. Abateu-se sobre eles uma grande tristeza quando tomaram conhecimento de que nunca mais se encontrariam. A Lua foi ficando cada vez mais amargurada, mesmo com o brilho que Deus havia lhe dado, ela foi se tornando solitária. O Sol, por sua vez, havia ganhado um título de nobreza “ASTRO REI”, mas também não o fez feliz. Deus então chamou-os e explicou-lhes: Vocês não devem ficar tristes, ambos agora já possuem um brilho próprio. Você Lua, iluminará as noites frias e quentes, encontrará os enamorados e será diversas vezes motivo de poesias. Quanto a você Sol, sustentará esse título porque será o mais importante dos astros, iluminará a terra durante o dia, fornecerá calor para o ser humano e a sua simples presença fará as pessoas mais felizes. A Lua entristeceu-se muito com seu terrível destino e chorou dias a fio... já o Sol ao vê-la sofrer tanto, decidiu que não poderia deixar-se abater pois teria que dar-lhe forças e ajuda-la a aceitar o que havia sido decidido por Deus. No entanto sua preocupação era tão grande que resolveu fazer um pedido a Ele: Senhor, ajude a Lua, por favor, ela é mais frágil do que eu, não suportará a solidão... E Deus em sua imensa bondade criou então as estrelas para fazerem companhia a ela. A lua sempre que está muito triste recorre às estrelas que fazem de tudo para consolá-la, mas quase sempre não conseguem.Hoje eles vivem assim... separados, o Sol finge que é feliz, a Lua não consegue esconder que é triste. O Sol ainda esquenta de paixão pela Lua e ela ainda vive na escuridão da saudade. Dizem que a ordem de Deus era que a Lua deveria ser sempre cheia e luminosa, mas ela não consegue isso... porque ela é mulher, e uma mulher tem fases. Quando feliz consegue ser cheia, mas quando infeliz é minguante e quando minguante nem sequer é possível ver o seu brilho. Lua e Sol seguem seu destino, ele solitário mas forte, ela acompanhada das estrelas, mas fraca. Humanos tentam a todo instante conquistá-la, como se isso fosse possível. Vez por outra alguns deles vão até ela e voltam sozinhos, nenhum deles jamais conseguiu traze-la até a terra, nenhum deles realmente conseguiu conquistá-la, por mais que achem que sim. Acontece que Deus decidiu que nenhum amor nesse mundo seria de todo impossível, nem mesmo o da Lua e o do Sol... e foi aí que ele criou o eclipse. Hoje Sol e Lua vivem da espera desse instante, desses raros momentos que lhes foram concedidos e que custam tanto a acontecer. Quando você olhar para o céu a partir de agora e ver que o Sol encobriu a Lua é porque ele deitou-se sobre ela e começaram a se amar e é ao ato desse amor que se deu o nome de eclipse. Importante lembrar que o brilho do êxtase deles é tão grande que aconselha-se não olhar para o céu nesse momento, seus olhos podem cegar de ver tanto amor. Bem, mas na terra também existem Sol e Lua... e portanto existe eclipse... mas essa era a única parte da história que você já sabia, não era amigo?
- Maravilhosa essa história! Acredito que minha história é um eclipse. Vivo encontrando e desencontrando a Helen. – disse eu.
Bia sempre esteve me aconselhando. Ela também estava passando por um problema parecido. Amou ardentemente o esposo que sempre a traía. A relação deles estragou e agora ela não o ama. Estão separados. Enquanto isso, Sara e eu retomamos o nosso casamento. Sinto que a amo do meu jeito. Talvez não entenda ou eu não sei o que é o amor. Para mim amor é uma atitude benéfica em relação ao outro. Não sei se estou fazendo bem a Sara depois de tudo que aconteceu, só sei que eu estou bem com ela e meu filho.
Helen é a lua. Eu sou o sol e Sara é a terra. Vivemos um eclipse.
*Esse texto é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.