Legítima Defesa- TERCEIRA PARTE

Legítima Defesa

TERCEIRA PARTE

A traição

Sofia volta a recordar, era tão bom pensar no que é bom, em 1982(no comecinho, era sempre começando, quantos começos tivemos? 1967, 1969, 1974, 1982 sei lá, o importante é que nunca nos venceram).João insistia em começarmos a viver juntos e o melhor é que começamos.

No outro dia que ele chegou ,cedo, me contou sobre o jantar, achou bom mais teria sido melhor se eu estivesse lá.Eu expliquei para o João que a casa na qual estou residindo é alugada , sou eu quem paga o aluguel e a partir do momento que passarmos a morar juntos serão todas as despesas divididas.Ele aceitou. Aí eu perguntei:

- E se eles te mandarem embora novamente...ele sorrindo diz:

- Eu vou mas te levo. Estávamos sentados no sofá, ele me abraça bem forte, e diz: - Sofia, já perdemos tempo demais, eu não sou museu...eu sei que você sofreu de mais e sinto muita culpa. Por favor não vamos comentar nada, não quero ouvir falar neste assunto do teu passado. (Realmente moramos 16 anos juntos e este assunto nunca foi lembrado por nós dois. Infelizmente as pessoas de sua família nunca esqueceram. Todas as vezes que nos encontrávamos eram dadas as piadas, feitas agressões e humilhações, do tipo: “o que você quer não é mais de nada, está pelando é um porco meu irmão estar limpando o teu nome... abestado, deixa uma mulher rica, para vir viver com uma lascada e fudida como esta aí sem futuro e ainda furada pelos outros, puta réia; você é um tolo”). Um dia eu cheguei na casa da minha sogra e ela perguntou se o João já estava trabalhando, eu disse que não, aí ela disse: - Besta ele se for trabalhar, se estragar, tem que ser é assim mesmo para a balança ficar igual, ele limpou o seu nome aí fica tudo certo!!!

Eu nem ouvia nem via nada. Eu respeitava a minha resolução de ter feito esta escolha de ficar com o João, afinal de contas estava valendo a pena eu o amava muito e tudo na vida tem um preço. Eu estava feliz. A nossa primeira noite eu lembro como se estivesse vivendo agora. Nos ajoelhamos, rezamos um pai nosso, pedimos a Deus que nos aceitasse como seus filhos, que iríamos procurar viver para servi-lo pois sabemos que ele nos colocou no mudo para fazer a sua vontade e que nos desse resignação, paciência, compreensão e enchesse os nossos corações de amor e perdão, por mais que nos humilhassem, descriminassem, o perdão fosse sempre maior do que todas as baixarias, picuinhas e maldades. Obrigada senhor! Deitamos e começamos a nos beijar, aquele jeito dele: simples, tímido, calmo, suave, meigo e lento calmamente nos encontrávamos. Quanto mais juntos ficávamos mais saudades sentíamos um do outro. Parecia que queríamos recuperar o tempo perdido, se eu soubesse que era tão bom, eu não teria perdido tanto tempo, meu DEUS! Como é que tu consentes tanto prazer, eu acho que é por que nós nos encontramos mesmo, é o côncavo e o convexo (parecia que DEUS queria compensar o que acontecera há alguns anos atrás, lembram...?)

Todas as noites conversávamos como se fizéssemos um balanço do dia. Quando amanhecia, nascíamos de novo sem ressentimentos. Como o sol...nós nos víamos muito pouco pois trabalhava os três expedientes. Após três anos de convivência é que passei a vir almoçar em casa com o nascimento da mina primeira filha. Quando elas nasceram eu já tinha comprado um apartamento e um carro. O João não tinha arranjado emprego ainda, mais estava abrindo seu próprio negócio, uma microempresa de prestação de serviços. Tivemos que vender o apartamento pois não dava para o João trabalhar dentro de um quarto. Compramos um terreno, o espaço ficou pequeno para a construção do ponto e da nossa residência, mesmo assim construímos e mais tarde compramos um terreno maior. Neste terreno fizemos uma casa muito grande e um ponto de comércio maior ainda, sobrando estacionamento para uns 15 carros.

Sofia lembra quando suas cunhadas, principalmente a Ivone viram a casa, ficaram muito surpresas, que agoniou-se perguntando quanto o irmão gastou para construir, achou que o irmão estava muito rico. Sentou-se e ficou olhando para o chão, muito triste, dizendo “meu Deus só eu que não consigo comprar minha casa...” fiquei preocupada com aquela reação dela, porque ficou tão deprimida?... Quando ela saiu, comentei com o João se ele havia observado alguma coisa sobre a irmã. O João disse que não e que eu não ligasse pra isso porque ela era assim mesmo.

Sofia fica pensando que aquela criatura que ela conhecia tão bem, pois haviam morado juntas no mesmo interior, estudaram no mesmo colégio e fizeram parte do mesmo grupo que era do Rotary clube de Novo Calvário, eu conhecera muito bem o seu caráter, é aquele tipo que sofre quando vê uma pessoa bem de vida e rir quando alguém se dar mal financeiramente. Ela aplica 171, e é famosa na cidade por ser velhaca e mentirosa, eu apenas estou repassando o que escuto, uma pena pois é uma mulher tão bonita, olhos verdes morena cor de canela, esbelta, muito elegante, cabelos castanhos, lisos, todas elas são muito bonitas e vaidosas.

Quando a Florinda falou que nós íamos pro hospital próximo a casa onde a Ivone esteve morando, um arrepio passou pela minha espinha, porque lembrei que era a casa a qual fomos os fiadores. Sofia lembra, quando ela chegando em sua casa procurando pelo João. Por ele não estar em casa ficou aguardando até sua chegada. O João não chegou, Ivone resolveu ir embora. No outro dia ela chega pedindo para sermos fiadores de uma casa. O João diz que não pode por estar com o nome no SPC (Serviço de Proteção ao Credito), Ivone reage afirmando que não é problema, pois tem amigos que logo resolvem, retirando o seu nome, enquanto dirigia-se ao telefone para fazer a ligação, na mesma hora o nome do João estava limpo. Pronto, se este era o problema, já resolvi, o seu nome esta limpo, disse ela. Vamos lá na casa comigo! João perguntou quanto era o aluguel, e ela disse que era barato. Fomos, ao chegar lá tomamos um susto pois a casa era uma mansão, uns 800 metros com piscina, sauna, etc. O João fica assustado dizendo “não Ivone isto é uma fortuna” .

- A Ivone diz:- barata meu irmão está muito deteriorada, vou gastar muito dinheiro pra ficar como eu quero, pois ela estava fechada há dois anos!!!

- Quanto, quanto é o aluguel , ele insiste, estressando-se....Ivone interrompe-

Calma meu irmão, o homem falou que é apenas quinhentos reais.Ele quer apenas que eu fique zelando ela ,entendeu? daí ser o aluguel barato...O João insiste –quanto tempo de contrato?

‘ -Foram trinta e seis meses.Sem deixar que ela terminasse: - João implora por favor são dezoito mil reais eu não vou poder pagar isto nunca minha Irma, não vá fazer uma coisa dessas comigo... E eu só observando o clima, senti que pesou, que pena assinamos com tanto prazer, eu não, eu estava constrangida, oprimida porém senti prazer porque estava agradando ao meu homem querido.É aquela questão ser ou não ser...

-Voltamos para casa, o João muito preocupado não parava de analisar a Irmã querida, que não aceitava uma mansão daquelas ser apenas o preço que ela disse e tal e tal, eu calada já tinha feito a besteira mesmo, daqui pra frente era só suportar o que viesse pedindo muita força a Deus.

Florinda continua dirigindo, já encontrava-se mais perto do que longe, mais eu não parava de recordar parece que melhorava aquela ansiedade, conversar com aquela criatura não fazia sentido era muito monossílaba eu ia ficar muito pior, chegou a hora de precisar de mim até que enfim eu lembrei de eu.... Lembrei de quantas vezes conversava com o João sobre a responsabilidade que tínhamos agora,pois tínhamos duas filhas para criar, nós precisávamos mais de esquecer os parentes e dedicarmos a nós, ele não entendia isso, ficava zangado, parecia que não havia cortado o cordão umbilical.Era tão esquisito,para os outros irmãos ele colocava dificuldades, as vezes até pra própria mãe e pra esta Ivone ele dava até as calças.Não era só ele, todos viviam em função dela, a matriarca só ficava contente com aqueles que agradassem a ela. Era então um descabelamento competitivo para ver quem ficava mais querido pra senhora matriarca, que correria...

Lembrar do João é bom ele é carinhoso, durante todos estes anos nunca soube de qualquer traição era fiel pois nunca soube de absolutamente nada.Dai minha dedicação.Ultimamente estava gorda, mas o João apenas dizia – minha filha tá tão cheinha! mais continua sendo a mulher mais linda e gostosa do mundo.(O João era doido.E eu que achava a axila dele cheirosa.Nos éramos dois loucos um pelo outro).A Ivone chegou esclarecendo que ia colocar o apartamento dela para completar a renda, porque o João já havia descoberto que a casa era hum mil reais por mês o aluguel,ele não havia comentado comigo, fiquei só observando e pensando o quanto eles escondiam as coisas de mim, agora não eram dezoito mil eram trinta e seis mil.

-E como é este contrato, perguntei, ele disse feito em nome da Sebastiana a filha da Lívia(a Irmã mais velha dele), com uma renda falsa de cinco mil reais, já passou na imobiliária agora vamos ver se vão passar é o nosso nome como fiadores.

Eu ficava pensando nas palavras de sua Irmã mais velha a Lívia –meu irmão não entre nessa ela não vai pagar um mês de aluguel, a oura também fez a mesma coisa a Florinda avisou com todo o carinho que tinha pelo irmão sem falar em mim que não parava de alertá-lo implorando até para que ele não entrasse nesta fria pois ela não deixa de pagar uma conta aqui outra acolá não, pois isto é comum acontecer com todos nós, ela não paga é porque não quer mesmo,e ele não entendia.

Quando o João chegou eu ainda tentei dar a última cartada pedindo:

-Meu filho tua Irmã vem amanhã para assinarmos a proposta, por favor mim escuta, não vamos assinar já começou mal(mau) com mentiras, você tá cego João?.Deixe comigo, quando minha mãe ver a Ivone dentro de uma mansão daquelas e souber que foi eu que ajudei as coisas vão melhorar para nós, ela pode pagar, a confecção dela está indo muito bem, ele argumentava todo vaidoso. Eu abria minha bíblia e meditava nos salmos 38,40 e 91, pedindo ao Senhor que não nos deixasse fazer o que não fosse do agrado Dele, eu era consciente que nós estamos aqui para fazer a Vontade Dele.Quando ele mim via assim ai se aperreava todo, logo combinou que íamos inventar qualquer desculpas para não assinar.Fiquei tranqüila fomos dormir.

-Eu confiei.

Sábado, ela chegou, entrei fui meditar nos salmos, enquanto isto ele ficou com ela.Ao chegar na sala ele me chama dizendo – aqui minha filha, olhe apontando com o dedo indicador NO PAPEL, eu já assinei, acrescentando você assina a cima da minha assinatura porque você é a fiadora que tem renda declarada. Quando eu vi a assinatura dele eu resfriei, sabe assim como se tivesse engolido um copo de gelo rasgando meu esôfago, olhei para ele e naquele momento eu vi que ele não é e nunca foi meu amigo ou me considerou como família dele, não, eu nunca fui nada para ele,apenas eu vivi este sonho sozinha eu era apenas um depósito de esperma, um bidê, senti em fração de segundos que dezesseis anos e nada são a mesma coisa, um vazio, um zero a esquerda, enfim , um nó na garganta, era como se ele estivesse assinando o nosso divórcio um cheque mate, ai eu duvidando perguntei você já assinou?...e ele respondeu, como se fosse outra pessoa e não aquele homem que eu tanto confiei, achando que era meu amigo.

-Já. Assine aqui também – ordenou- cheio de “moral” era a sua Irmã, -eu pensei - eu vou assinar,!”E VEIO no meu pensamento aquela sensação esquisita dizendo agora ele vai saber quem é a queridinha dele. Saíram os dois conversando como se fossem amigos, são irmãos, e de sangue, sangue para alguma missão estão nesta terra, só Deus sabe.

Fui para o banheiro, só sabia fazer minhas orações lá. O João entra todo desconfiado perguntando friamente se estava tudo bem (ele acabara de destruir meus sonhos de dezesseis anos),eu fiquei só olhando.Ele preocupado, pois conhecia muito bem o meu temperamento, esclarece que resolveu assinar porque devia muitos favores a ela e que eu procurasse entender; e eu só me sensibilizei mais quando ela se prostou de joelhos, ai eu não agüentei ver minha Irmã assim. Permaneci calada. Que diferença faria eu falar ou não?... ah! Tem que ficar de joelhos...

Alguns dias depois ...

O João chega em casa dizendo que a Irmã havia dado uma mesa muito bonita e cara de mogno. E que ia pegá-la.

O João entra com o presente que o meu sexto sentido avisou que iria sair por um preço altíssimo, pois aquilo não era um presente...

FEVEREIRO de 1997.

A imobiliária liga avisando que o meu nome não passou porque a renda não alcançou o teto exigido por lei e que era preciso arranjar outra renda pois a inquilino já se encontrava dentro da casa. Eu perguntei sobre o contrato que havia sido assinado se tinha que ir na imobiliária resgatá-lo,a telefonista afirma que não seria necessário porque não foi aprovada a proposta por si é destruído. Confiei...mais uma vez.

O João chegou eu expliquei para ele. Ele ficou todo contente,- ficamos livre, afirmou mais uma preocupação a menos...

A Imobiliária liga novamente explicando que o apartamento que a inquilino a dona Sebastiana havia colocado para complementar a renda também não passou porque o proprietário(este senhor era um dos ex-esposo da Ivone)não aceitara a inclusão pois não queria seu imóvel comprometido.Eu perguntei pra moça se não estava havendo um engano pois já haviam ligado para mim dizendo que eu não era fiadora por não ter passado o cadastro.A moça pede desculpas e desliga. Mas eu fiquei encucada, por que ligar para mim novamente, algo mim dizia que estavam tramando, não sei o que, mais tinha uma coisa errada...

Sofia volta a realidade, sacudida por uma freada brusca, Florinda parou o carro desviando de um embriagado que de repente atravessava a pista calmamente em seu cambaleado...

O silêncio permanecia entre as duas.

As lembranças voltavam fortes nos pensamentos de Sofia.

“Passaram-se março, abril, maio, junho,chegou uma cobrança da imobiliária. Entreguei para o João. Ele disse:

-Como é que pode!Nós não somos os fiadores.Eu vou falar com a Ivone, ela sabe o que esta acontecendo.

O João chegou dizendo que ela dissera que fora erro do correio.E por isso ficou. Eu não dei mais um "pio" a respeito deste assunto, que diferença faria! Nossas vidas depois disso passou a ser vivida com uma indiferença muito grande, o que ele falava e nada era a mesma coisa, eu não acreditava em nada, apenas mantinha aquele cuidado com a saúde dele, enfim é o pai de minhas filhas e eu amava muito aquela criatura.

Passaram-se junho, julho, agosto, no dia 23 de setembro uma senhora chegou lá em casa, se identificando como uma oficiala de justiça. Ela entregou uns papéis e disse:

-Isto é uma execução por falta de pagamento do aluguel de oito meses de uma casa que os senhores foram fiadores e já com uma ação de despejo.

-O João disse: está havendo um engano. Nós não somos os fiadores.Nossa renda e os documentos não passaram, a imobiliária não aceitou.

-Tudo bem cidadão, a execução está sendo respaldada pela assinatura dos senhores, não importa renda ou documentos. E o João perplexo indagou:

-E daí? Não temos como pagar, nada.Eu já estive lá agora há uns dois dias com a minha Irmã e ela me explicou tudo, que eu não me preocupasse que já estava tudo resolvido com o dono da casa.Leve estes papéis para ela.Eu não quero nem ver isto.A oficiala novamente disse:

-Calma cidadão, eu já venho da casa dela.Eu já estive com ela, há uns seis dias!-Foi dia 17 agora –pensou hoje são 23, isto mesmo,olhando em volta e para nós dois , curiosamente, ela disse:

-Estou observando que os senhores não tem experiência da “fria” que entraram, se soubessem não teriam entrado. Estou certa? O João verdadeiro ou não, estava nervoso, disse:

-Claro nunca fomos fiadores de ninguém.

-A oficiala admirada disse: ela é sua Irmã mesmo?,desculpe-me mas estou observando que os senhores não entendem de lei...o João impacientemente interrompeu, dizendo:

-Fale minha senhora, fale deixe de enrolar.A oficiala continuou cheia de escrúpulos:

-Por favor eu quero pedir a discrição dos senhores(nós apavorados consentimos com a cabeça),no dia que estive lá na casa com sua Irmã ela pediu para eu não vir em sua casa, dizendo ela que o senhor não entendia de lei e que ia ficar muito assustado e ela queria poupar o senhor disto.Eu disse para ela que não ia poder fazer isto.Ela a sua Irmã ficou muito nervosa e me ofereceu um...para que eu não viesse em sua casa por hipótese alguma. Eu não aceitei, a minha obrigação era fazer o meu trabalho sem propina.

Eu não entendi nada e notei que ele também não entendeu nada.

-O João perguntou:-e daí minha senhora, o que significa o que a senhora disse?

A oficiala deu um leve sorriso e disse:

-Ora meu senhor a sua Irmã quer que a execução vá a revelia(nos olhamos mais admirados ainda sem entender) e o João perguntou:

-E o que diabo é ir a revelia?A oficiala explicou: -os senhores tem quinze dias a partir de hoje para recorrer, senão vai a revelia.Indo a revelia, os senhores tem que pagar,a policia vem e leva o que vocês tem até dar o valor da execução.Se o que os senhores tem não der para cobrir o valor da execução, a casa vai a leilão, ou tomam o carro,sem pagar é que não fica, entenderam?Eu aconselho que não deixem ir a revelia, ficará com certeza mais em conta para os senhores, constituam um advogado façam a destituição de fiança é um direito que assistem aos senhores, já estou sabendo que não é no nome dela o aluguel, então pra ela é indiferente ela vai ficar mesmo dentro da casa ela não existe para a lei entenderam? desculpem mais uma vez e boa sorte.

O João não acreditou em nada, foi falar com a Irmã. Eu fui trabalhar.

Quando cheguei ele não havia chegado ainda.Fui banhar minhas filhas aproveitando o pouco tempo que ficávamos juntas era muito precioso aqueles poucos momentos, todos os dias estes poucos e mirrados momentos eram dedicados com tanto amor que eu sentia o vigor , as energias sendo recuperadas após um dia de três expedientes que sugavam até minha última gota de sangue e a alegria de ficar com minhas filhas naquele banho, naquelas músicas de ninar eram revigorantes, que pequenas para mim deixarem grande. O João entra dizendo que sua Irmã havia dito que aquela execução não tinha valor nenhum pois na terceira página havia um carimbo no roda pé em letras de forma SEM EFEITO. Tudo bem pra mim tanto fazia,o que importa a minha opinião, pra que ele me contava as coisas eu não sei, ele devia era ir ficar com ela,( só pensava), não tinha coragem de dizer isto a ele,era muito forte o que eu sentia por aquela criatura. Fui para a cozinha preparar o jantar do meu grande amor.Ele chega por trás de mim e diz , parece que você está com a razão a minha irmãzinha é cafajeste e eu já liguei pro advogado ele vai me dizer que diabo ela realmente esta fazendo comigo.

Já passavam das onze horas da noite, quando o advogado chegou. Ele era jovem muito brincalhão, harmonizava bastante o ambiente, descontraído como sempre brinca com o João quando conclui a leitura da execução dizendo que p...e r... são estas meu chapa que fizeram isto contigo? O João muito encabulado disse e uma Irmã e uma sobrinha.- Eta meu chapa faz uma transfusão, que isto aqui é coisa de bandido... O João muito sério pede para o advogado parar e dizer o que é que tem que fazer com uma situação destas. O advogado fica também muito sério e diz:- a saída aqui é você fazer a destituição de fiança a inquilina que é a tua sobrinha vai pagar trezentos e cinqüenta reais e vocês dois vão pagar hum mil e quatrocentos e cinqüenta e sete reais e vinte centavos, ficam livres a partir da entrada na justiça deste aluguel, irão pagar os retroativos,que já são uns oito meses de atraso com mais honorários multas irão somar uns nove a dez mil reais,ai João você não paga estes retroativos, apenas o nome de vocês vão para o SPC E SERASA por uns cinco anos e a conta se resume em apenas estes valores da destituição entendeu João? fica bem mais seguro por que você não deixando ir a revelia a lei não pode te enquadrar no que ela bem quiser pra levar tua casa a leilão, tomar teu carro e fazer um despejo de tudo que vocês possuem dentro de casa, vocês ficam respaldados e não irão pagar mais nada só os embargos, certo? O João ainda inseguro:- diz: e este carimbo sem efeito ai? - que ela disse que é a execução que não esta mais valendo de nada.O advogado diz: - João é a data que esta sob o carimbo, apenas isto, quer deixar ir a revelia? Deixe, eu só faço o que o cliente quer, eu não forço a nada tá meu chapa!-João diz: - tudo bem, tudo bem eu vou ter que dar um basta nesta sacanagem.Saíram conversando sobre as últimas ações a ser tomadas que eram as procurações.Ele acompanha o advogado até a saída se despedindo e agradecendo, já eram quase uma hora da madrugada. O João entra dizendo que ia viajar pra Novo Calvário pois a inquilino oficial morava lá com a mãe e ela precisava assinar a procuração,”eu sei que vai ser muito complicado não vão entender nada, mais eu vou,”concluiu muito preocupado.Fomos dormir.

A DESCOBERTA

O João foi para Novo Calvário, seus familiares moravam a maioria lá, o pai a mãe enfi,m, infelizmente as coisas aconteceram como o João havia pensado, seus parentes não entenderam nada, a sobrinha assinou a procuração, porém sob pressão e arriscando o pescoço, pois sua mãe deu um escândalo chorando e dizendo que o João parasse com a confusão não colocasse a nossa Irmã na justiça, pois ela não vai deixar assim sem retorno, ela afirmava que evitasse, porque a Ivone tem uma gangue perigosa, “pare meu irmão com isto, é melhor você pagar o aluguel dela e evitar coisa bem piores, você não tem noção do que ela é capaz, ela é sem limites João, pelo amor de Deus...”O João contou tudo para me", tudo isto muito assustado, sem que desse tempo eu falar alguma coisa, o telefone toca ,o João atende e era a outra Irmã dele, também muito preocupada e, assim no outro dia quando chego do colégio, estavam lá em casa a Florinda, a Lívia, a Lavinha e seu esposo, o Jesus e o Estevão , todos bastante preocupados, a Lívia chorava muito, e o esposo da Lavinha contava como funcionava a gangue dela, o carro era roubado com placa clonada, os cartões de crédito eram todos de limites com mais de vinte mil reais também clonados e que o chefe ia preso não passava vinte quatro horas preso já era liberado com um habes corpus, pois era muito bem quisto dentro da policia, na frente da casa dele era cheio de viaturas depois das zero horas, iam receber as propinas, o chefe como era chamado mexia com lavagem de dinheiro, drogas, caça niquens, aquelas máquinas de jogo fora da lei, enfim era um fora da lei...

Quando todos saíram ele disse: - meu Deus onde nós entramos e agora? já demos entrada, já entreguei as procurações ao advogado e eu disse “e o dinheiro que já pagamos”, bem que eu te disse, venda o carro e pague isto, ah! O que eu digo e nada é a mesma coisa – acrescentei muito preocupada com minhas filhas, elas eram tão pequenas ainda.O João diz:

-Eu não vou me entregar não, ela agora vai ver que mexeu foi com um homem, comigo vai ser o fim desta senvergonhice, sim, ainda tem mais, disseram que este carinha que ela arranjou agora é muito perigoso vende solda roubada do Belém do Pará....

O João achou pouco o que já havia feito, ai inventou de investigar a vida da Irmã por conta própria,vai no DETRAN e descobre que realmente o carro tem a placa clonada, ele vai na casa dela pra tomar o carro, enfim o meu querido marido fica louco de vez.Ele entra em casa desesperado dizendo que ia matá-la e, sempre a Florinda encontrava-se lá em casa e, ouvia e via tudo, procurávamos acalmá-lo mais nada deixava-o calmo, era preocupante o estado dele , muita revolta. Aumentando mais, porque ela não abria mais o portão da casa dela para ele, e não recebia-o mais, ele chegava contando que encostava o carro bem perto do muro e subia em cima do carro, para alcançar o muro e, via os carros na garagem e ninguém atendia.

A situação chegou realmente aos extremos, ele estava sofrendo demais, a noite quando ia deitar , não conseguia, ficava sentado com os joelhos apoiados nas coxas segurando a cabeça e chorava muito, aquela cena mim deixava profundamente chocada, eu sem poder fazer nada para fazê-lo sentir-se melhor acompanhava-o chorando também.

Dia 18 de dezembro fizeram uma festinha era o meu aniversario.

Não bebi nada, não comi nada sabe aquele nó na garganta, não dava para descer nada.Não demonstramos nada para ninguém, foi melhor assim,sempre fica só aquela especulação, ajuda de verdade é muito pouco e para evitar mais constrangimento ficamos calados.Por volta das duas horas da manhã deitamos, ele ficou acordado eu fingi que estava dormindo, só observando o que ele iria fazer ,ele senta na cama e fica de joelhos parece que rezava, pelo menos a posição era para isso, enxugava o rosto com certeza ele estava chorando, pude sentir naquele momento o quanto estava sofrendo não era por dinheiro, tenho certeza era a dor da decepção, seu emocional foi quebrado...É uma dor muito grande pelo menos para quem tem sentimentos, vergonha, respeito, enfim tem caráter é uma pessoa do bem, que só se preocupa em fazer aos outros o que quer receber ou fazer para si mesmo.Depois ele levantou e saiu andando pelo quarto abriu a gaveta de suas bermudas trocou pegou a chave do carro e saiu, enquanto isso eu mim levanto e corro atrás dele já o alcanço abrindo o portão de frente da casa, entro no carro, ele roda, roda sem destino encontrávamos calados,por todo o trajeto que percorreu, não trocamos nenhuma palavra, silêncio absoluto, eu só não queria deixá-lo sozinho, eu queria pelo menos ficar perto dele naquele momento que estava tão angustiado...

Voltamos para casa, ele deitou-se e eu rezei o pai nosso notei que dormiu um pouco pois logo amanheceu e ele ia trabalhar estava sentando um portão automático de alumínio.Era uma sexta-feira dia 19 de dezembro, meu dia encontrava-se cheio de confraternizações de Natal nas três escolas que trabalhava,estou me arrumando quando ele entra no quarto e diz olha ai jogando uns papéis em cima da cama, eu pergunto – onde tu arranjou isto tão cedo?, ele disse:- é um oficial de justiça que está ai fora dizendo que ela desocupou a casa e isso ai é a execução dos meses atrasados.-e pede: -Minha filha por favor ligue para o advogado e comunique o que acabamos de receber e sentando-se na cama chorou, ele não conseguia falar porque chorava alto como uma criança, eu corri na cozinha preparei rapidinho um chá de camomila e umas gotas de passiflorine e levei para vê-lo melhor. Liguei para o advogado e ele disse “passe pro João” ele ainda chorando, mas ficou conversando. O advogado acalmou-o dizendo que não se preocupasse com isto não pois era só entrar com os embargos, fique tranqüilo.Realmente ele ficou bem e logo saiu para trabalhar.

Chegou muito tarde já passava das onze da noite, procurei saber se estava sentindo-se bem,respondeu que estava tudo bem e ia melhorar mais pois já estava tudo resolvido a Ivone saiu da casa mais a mulher do Estevão disse que sabe onde ela está, eu vou encontrá-la não adianta se esconder de me, eu vou matar ela ache ruim quem quiser achar, mais comigo é a última vez que ela apronta, você vai ver.

-João nossas filhas homem de Deus esquece esta besteira pelo amor que tu tem a tua mãe, eu te imploro de joelhos já que é assim que funciona pra te não vai procurar ninguém não que procurar uma casa em Fortaleza sem saber o endereço é a mesma coisa de procurar uma agulha num palheiro, para com isto, deixe de ser tolo, pra que esta coragem toda, vamos dormir que é melhor. Eu já não agüento mais esta tua tolice toda, para, para pelo amor de Deus entendeu?, eu vou embora, já compartilhei demais de tudo isto, escolha ou eu ou ela , você quer fazer o que ela quer então vá morar com ela, eu e minhas filhas vamos cuidar de nossas vidas, chega homem.

Dia 20 de dezembro, sábado, foi concluir o serviço que estava fazendo, um portão de alumínio automático, ele sempre andava com um especialista em colocar o automático que era o Brandão um jovem muito inteligente que era agente da policia civil e nas horas vagas trabalhava com o João.Fiquei até mais tranqüila quando o João chegou com ele pois não ia sozinho, sei lá , eu estava sentindo um medo muito grande, um sentimento esquisito não sei... uma coisa que nunca havia sentido, algo de muito estranho, como se estivesse em câmera lenta, acho que era devido as preocupações...

Durante todo o dia ele passou entrando e saindo em casa, demorava um pouco entrava novamente, esquecia uma ferramenta uma máquina e tal, até que por umas duas horas da tarde a Florinda chega e logo em seguida ele também, ficam os dois conversando e eu arrumando a roupa e os sapatos dele que ia usá-los no natal, as meninas brincando e tudo parecia que estava tudo bem. Quando ele me chama e diz:

-Sofia pegue a execução de ontem, eu vou levar agora para o advogado.Eu perguntei:- você já almoçou? vá tomar um banho e troque esta blusa, vai sentir-se bem melhor. Ele insiste: – vá pegar a execução, mulher.... Eu saio e deixo-os na sala sentados no sofá, vou pegá-la no quarto.De volta ao chegar na porta que dava para a sala observo-os conversando muito baixo, quase cochichando de frente para o outro olhando-se muitos próximos,dou um pé pra trás e tento ficar ali para ver se conseguia ouvir alguma coisa, nada, porém senti uma coisa muito estranha como se fosse um complô, algo assim que estavam tramando, querendo esconder de me, sai de uma vez que assustaram-se quando me viram, logo afastaram-se um do outro, ai eu disse: –o que houve? , atrapalhei algum assunto que não posso saber?, não tem problema, já vou me retirar.Ele disse:- não minha filha eu já estou de saída,por volta das seis horas da noite estou chegando, não se preocupe, passando a mão em minha cabeça carinhosamente.

O DESESPERO – hospital

A Florinda chama Sofia. Avisando que haviam chegado no hospital.

Sofia estava com a cabeça encostada no banco do carro, com os olhos fechados, até o último momento fugiu do que ela não sabia . Florinda insistiu dizendo:

-Sofia, por favor chegamos , levanta mulher, dando a mão...

-Já vou- espera só um pouco... Sofia pede...

Sofia foi abrindo os olhos vagarosamente e fazendo força com os dois braços para trás no banco do carro, ficando sentada colocando as duas pernas para fora e olhando em volta:”o irmão do João se aproxima –oferecendo a mão para ajudá-la a descer do carro, - ela recusa. Depois ver a esposa dele e ver outro rapaz que sua cucunhada lhe apresenta como irmão . Sofia sai do carro e fica em pé – o irmão de seu esposo vem ao seu encontro abraçando-a “desesperado”. –Sofia procura se afastar daquele abraço, precisava olhá-lo de frente e entender... entender o que estava acontecendo.Ela sempre achou aquela galera muitos maquiavélicos, cheios de subterfúgios, gostavam de fazer testes para ver a reação das pessoas, enfim humor negro de péssimo mau gosto...

Sofia olha para todos que se prostaram em sua frente e pergunta:

-Onde esta o João – ele está aqui? Eu não via nada só um estacionamento enorme e os canteiros cheios de grama e árvores muito bem tratados, formando muros vivos sem dar noção que houvessem ali lugares para internar doentes enfim onde estava o hospital, perguntei impaciente. Olhei impaciente para o rapaz que acabara de conhecer, pedi que me dissesse onde estava o João e o que estava acontecendo- fiquei olhando bem em seus olhos, ai vi, sem que fosse necessário falar nada, que o meu João não se encontrava mais entre nós.Não pude me conter – a minha boca se abriu como a parede de um açude que arromba e derrama voluptuosamente suas águas.Assim foi o meu grito de dor nããããããããããããããããããããããoooooooooooooooooooooooooooooo.......

As enfermeiras levaram-na para dentro do hospital, aplicaram injeções, ficou em estado de choque, só perguntando encontraram ele aonde, encontraram ele aonde e ninguém nada diziam. Gritava, gritava e ninguém nada dizia, “eu quero ver o meu marido”. A Custodia, Lavinha, Lívia, Florinda, Jesus e o Estevão, apenas olhavam, ai veio uma assistente social que leva-a para seu gabinete, ela não podia ir olhar o seu marido era preciso que se acalmasse, pois encontrava-se na pedra e estavam fazendo limpeza, pois o corpo estava muito machucado, com escoriações e hematomas defecado e urinado.

Após um bom tempo, quando os calmantes começaram a fazer efeito, levaram-na para vê-lo. Já encontrava-se vestido de paletó, a funerária já havia trazido o cachão, enfim os irmãos já haviam resolvido tudo, a Sofia quis despi-lo dizendo eu quero ver o que fizeram com ele, e perguntava beijando-o todo por que você não mim ouviu?

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Seu irmão retira-a de sobre aquele corpo frio e inerte e leva-a para fora do hospital. Ela quer correr gritando, eu preciso saber onde ele estava, seu irmão consegue contê-la. A esposa do Estevão chega e diz :-ele foi encontrado numa calçada....O corpo sai numa funerária e ao sair do estacionamento do hospital é colocado numa D-20.Esta D-20 era o transporte no qual seus irmãos levaram o corpo do João para o interior onde moravam.

Sofia entra no carro com seu irmão e vem para sua casa, precisava conversar com suas filhas.

Ainda estava escuro, talvez umas três para as quatro horas, foram as quatro horas mais tolas que já vivi nesta encarnação, tenho certeza, pois não evolui em coisa nenhuma, e o que eu estou sentindo agora, quem sabe com o tempo eu poderei entender para que tanta violência tanto desamor, tanto amor doente que é o ódio, que pena...Minhas filhas(penso), entro em casa e elas ainda dormem, deito um pouquinho com elas abro minha bíblia, respiro fundo e inicio a leitura do salmo 38, ali sinto que o alimento fluídico positivo me revigora me abastece e me liberta desta angústia que parte o meu coração e a minha razão. Este é o verdadeiro sustento o verdadeiro alimento, aquela sensação de paz vai invadindo o meu ser como um bálsamo, meu cérebro já se encontra preparado para encarar o que vem: a Marcela(a mais nova apenas dez anos),vira-se na cama e me ver- assusta-se balbuciando- mãezinha! E ai o paizim ta lá fora?,levantando-se quase correndo.De um pulo alcancei o seu braço e digo –calma minha filha, espere só um pouquinho.Ela olha para me curiosamente dizendo –eu sei que ele chegou, ele ficou no hospital,-confusa me abraçando.Ficamos ali abraçadas por um tempinho, ela diz:-fala mãezinha,o que houve... Ian, Ian olha a mãezinha.A mais velha acorda a Samanta(a mais velha apenas onze anos), senta na cama e pergunta o paizim tá bem? e a senhora parece que chorou?... – o que houve mãezinha olhando para mim e pegando com as duas mãos no meu rosto, fala por favor?Eu tinha que ser muito forte, meu Deus por favor Tu está comigo tenho certeza, rezei um pai nosso, enquanto a mais velha insistia eu quero o meu pai.

-Minhas filhas o pai de vocês não está bem.

-Ele tá aonde? no hospital? a senhora disse que ia pro hospital, retrucou a Samanta.

-O carro virou, foi mãezinha- afirma a Marcela.

-Calma minhas filhas, vamos precisar de viajar para Novo Calvário.

-Viajar?! as duas repetiram juntas, espantadas olhando uma para a outra.

-Ele tá lá?!. Perguntaram admiradas. A Marcela acrescenta:- os hospitais de lá são melhores?

-São hospitais e são iguais em qualquer lugar...respondi. Samanta sensivelmente contemporiza:

-Mae, não enrola diz logo o que houve, eu já estou desconfiada(Samanta muito viva),encontraram ele lá?, foi isto que aconteceu!

-Não, encontraram ele numa calçada, respondi procurando o mais possível passar tranqüilidade com a Marcela deitada em meu colo,e a Samanta sentada em cima da cama quase em minha frente.

-Calçada!! As duas repetem, muito admiradas- aonde? ...

-Não sei, não disseram.A Samanta olhando para me gesticula com os lábios a palavra “morto” estava apenas poupando a Marcela, porém a menina entendeu tudo.Jogou-se ao chão como se mergulhasse numa piscina gritando eu quero o meu pai já a Samanta debruçou-se ao travesseiro e abafava com o mesmo sua boca em prantos. Eu corro na cozinha(a casa encontava-se cheia de gente) coloco passiflorine num copo d'água e levo para minhas filhas, não queriam beber, até que com muita paciência elas foram conseguindo engolir, o remédio bem entendido...

Nos arrumamos e viajamos para Novo Calvário. A viagem era longa e aquilo fazia com que eu me entregasse as lembranças, entendendo que toda causa tem um efeito, enquanto um não tem cura o outro também não se acaba e não é só isto os retornos, algo de muito cruel eu fiz para estar passando por esta dor tão grande.Eu não posso culpar ninguém de nada, pois nunca me enganaram sempre demonstraram que nunca me suportaram, elas realmente nunca foram falsas, eu é que mim iludi sempre com a esperança de que quem sabe poderia com o tempo eles fossem mim aceitando...

A palavra só é usada quando a intenção é enganar maquiavelmente e detonar alguém e nunca para consolar? desfazer o erro? reconhecer humildemente a maldade feita e pedir perdão? se redimir com o interior cheio de vontade do bem, sem subserviência, mais sim com o coração cheio de discernimento da culpa que não é tua, e sim exclusivamente do eu de cada um de nós.Não culpar ninguém, é difícil, ninguém assume nada. Todos somos os santinhos do “PAU OCO”. Estes tipos de homem que nunca assumiram suas mulheres, são só as mulheres que assumem seus homens, que loucura, é um devaneio, nós mulheres precisaríamos sermos mais inteligentes e mais unidadas, pois quem sabe chegaríamos a conclusão que estes tipos de homens não deveriam serem assumidos, são muito bons para divertimento, pois sinto o tanto que fui inexperiente e tola, pois eles nunca mim enganaram eu forcei a barra assumindo um homem o qual tiveram que eliminá-lo e só assim o cordão umbilical ir junto, já com quarenta e oito anos, mais velho do que eu três anos, que pena meu camarada, companheiro de jornada, afinal de contas foram quatorze anos de namoro e dezesseis de casamento,o que ficou de melhor de tudo foram meus filhos, um faleceu que pena!Quem sabe esteja melhor do que eu, ou já esteja nesta terra de expiação cumprindo outra missão, já bem mais evoluído, com certeza o amor irá nos unir em qualquer lugar .

Entre um cochilo e outro Sofia não deixava sua mente parada, não podia pensar besteiras ela só queria construir, sua mente tinha que ser alimentada pelos fluidos positivos e assim ia recordando os anos que passou na faculdade, naquela pensão, foram os melhores anos de sua vida. Estava se recuperando de tanto sofrimento, que seu coração encheu-se de esperança, como está agora.Aquelas brincadeiras sem maldade do Valdi tocando violão e a galera cantando, do grupo sentado no fundo da sala fazendo zona, Sofia chutando a carteira da Margô a magra (seca do 15) em dia de prova, para ela passar cola, a Vil fazendo xixi na calça quando não conseguia parar de rir, a Bernadete a gorducha sempre fazendo palhaçada, a Lourdes apaixonada sempre falando do amor, a Dil quase com seus quarenta anos coberta de cremes para manter pele macia de garota, esperando seu príncipe encantado. Os nerds, os cdf, os professores, a viagem ecológica-histórica para as sete cidades no Piaui, aquele banho na piscina térmica feita pela própria natureza, aqueles rochedos enormes formando bibliotecas, máquinas de costurar, arco do triunfo, o mapa do Brasil, a estátua de D.Pedro II, os três reis magos, enfim barbaridades fantásticas, realmente eram deuses os austronautas!A quantos quilômetros estávamos da praia de Terezina, uns cento e cinqüenta quilômetros e era como se estivéssemos na beira da praia: a mesma areia,o material do rochedo era o mesmo, o professor explicava que há mais de dois mil anos ali era tudo coberto pelo mar.O mundo roda em todos os sentidos, principalmente na geografia que mostra tudo isso. E na historia!? Quem sabe esta que Sofia esta contando(...) e uma história de amor que talvez complemente o sofrimento que alguém deixou de sofrer, ou a alegria que alguém deixou de viver em outras encarnações e que voltando não irão parar a evolução que Deus exige de cada um de nós para completar as voltas necessárias que deverão serem dadas para chegar a perfeição.Tudo é infinito:”não importa se é homem ou mulher, branco ou preto, magro ou gordo, rico ou pobre, feio ou bonito, judeu, muçulmano, homossexual, espírita, alto, careca, gago, anão, adotado, aidético, fanho, cego, moco,corcunda excepcional, vesgo, inteligente, olhos azuis, olhos puxados, palestinos árabes, comunistas, socialistas, capitalistas, superdotados, hemofílicos, miseráveis, travesti, sem-terra, mexicanos, empregados, patrões,prostitutas,enfermeiros médicos, padres, pastor, novo, velho, ateu, tatuado, tuberculoso, aidético,hanseníase, com síndrome de daw, mutilados, deficientes físicos, ignorantes, depressivos, com síndrome do pânico, machão, cornos, barriga branca, professor, sogra,nora, cunhados...

O que importa é que querendo ou não, ninguém deixara de fazer parte das voltas que o mundo dar, porque Deus fez tudo redondo, para um dia não importa quando todos se encontrarem. Encontrando para reparar o bem ou o mau que guardamos, fizemos, divulgamos, evangelizamos, doutrinamos, vendemos, compramos,distribuímos, comemos, vomitamos, fabricamos, enganamos, decepcionamos, enfim nenhuma virgula deixara de ser cumprida, exigida e cobrada, não por Deus mais sim pelo livre-arbitrio, que nós não soubemos usá-lo.

Sofia vivia tudo isto, ela não soube usar o livre-arbitrio ou o destino obrigou-a a passar por isto.Existe o destino, a fatalidade, ou nós vemos o perigo e apenas brincamos com nossas vidas, achando que “brincar com fogo não queima”!SOREN KIKEGAARD escreveu: rir é arriscar-se parecer louco.Chorar é arriscar-se a parecer sentimental. Estender a mão para o outro e arriscar-se a se envolver.Expor seus sentimentos é arriscar-se a expor seu eu verdadeiro.Amar é arriscar a não ser amado.Expor suas idéias e sonhos ao público é arriscar-se a perder.Viver é arriscar-se a morrer.Ter esperança é arriscar-se a sofrer decepção. Tentar é arriscar-se a falhar.Mas é preciso correr risco, porque é estar desperdiçando uma vida o não arriscar nada...Pessoas que não se arriscam, que nada fazem, nada são.Podem estar evitando o sofrimento e a tristeza, mas agindo assim, não podem aprender, sentir, crescer, construir, progredir, mudar, amar, viver...Acorrentadas as suas atitudes, tornam-se escravas. Abrem mão de sua liberdade. Só a pessoa que se arrisca é livre.

“Arriscar e perder o pé por algum tempo.

Não arriscar é perder a vida...”

O João perdeu a vida!? Ou encontrou-a, sei lá, acho que para ele foi um grande alivio, ou um descanso talvez, “coitado” não sabia o que fazer não fazia pra ele e nem pra ninguém. Que o Todo Poderoso cuide de sua alma ou de seu espírito e o leve para bem pertinho Dele. A propósito foste um bom marido, um bom pai.Eu e nossas filhas te perdoamos, nós vamos sempre te amar demais.Quem sabe, ou com certeza te enconraremos numa destas voltas que o Universo dar, quem garantirá este fato é o amor que sentimos por você...

tuka bella
Enviado por tuka bella em 12/02/2011
Reeditado em 26/05/2012
Código do texto: T2787193
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