Despedida no Outono

"Audrey já estava no porão havia alguns dias quando ouviu o pai chorar pela primeira vez na vida. E ele disse a si mesmo 'será pelo bem de todos'. Naquele momento Audrey soube que seu pai faria algo errado, mas que ele era um homem bom. E em pouco tempo ele veio até ela, a tirou do porão e foi gentil. Deu-lhe sua sopa favorita, contou-lhe tudo sobre a morte de sua mãe e entregou-lhe um novo caderno, identico ao que ele queimara. Quando chegou em seu quarto havia uma sacola de roupas novas e o sangue havia sido lavado do tapete creme. Audrey tomou um banho quente e vestiu uma calça quente de chasmere e um cardigã fofinho, calçou suas botas mais velhas e confortáveis e deitou-se na cama, agradecendo a Deus por poder fazer tudo isso. Abriu o caderno sem muita certeza do que escrever, mas acabou por escrever por duas horas seguidas até cair no sono.

Mas ela apenas escreveu:

'Sempre tive certeza da bondade de meu pai, apesar de toda a dor que ele inflingia as pessoas. Estava certa de que ele fazia apenas o que deveria ser feito, que se não fosse ele seria outro e que era honrosa a forma a que ele servia o nosso país, a nossa America. Tantas e tantas vezes o ajudei com pequenos palpites que hoje ele diz que não saberia o que fazer sem mim, que sou sua maior estratégia, sua melhor tática de guerra. Mas esta noite eu duvidei da verdade quando olhei em seus olhos pela primeira vez em dias.

Talvez fosse verdade que ele não matou mamãe. E talvez ele esteja certo, talvez eu tenha feito isso. O meu nascimento a deixou doente e ela morreu. Mas ainda assim, Nathalie está certa quando diz que ele ajudou a matá-la aos poucos. É a única coisa em que Nathalie está certa. Porque ela não podia ter exposto a minha vida e feito Austin ir para a prisão. Mas ainda assim não a culpo. Acho que faria o mesmo no lugar dela. Proteger a irmã, ajudar o pai e ser, pela primeira vez, a filha querida.

apenas um trecho de "Despedida no Outono", escrito por mim...

Austin, Austin, Austin... Não paro de pensar em você, meu querido. Vou dar um jeito de te tirar de Audrey's Land. Maldito nome. Hoje o odeio, apesar de ter dado a ideia. Não deixarei que mais ninguém encoste um dedo em você. Se isso aconteceu, foi culpa minha. Dei todas as armas a meu pai, não deveria... Mas fui tomada pela emoção. Porque, querido Austin, te amo!

Papai diz que amanhã precisamos conversar, que ele quer me mostrar algo. Diz que mais uma vez, uma ideia minha lhe foi útil e essa teria sido a razão para me deixar sair de meu inferno particular, aquele porão maldito. Tenho medo do que papai possa ter feito com minhas ideias. E tenho mais medo ainda do que vou ver amanhã.'

E tudo que Audrey viu no outro dia foi seu maior pesadelo. Seu último grito de guerra foi dado no momento errado, querida Audrey."

fearlesstory
Enviado por fearlesstory em 11/02/2011
Código do texto: T2786643
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.