A viajem de trem
Eu estava viajando, em um antigo trem Maria fumaça, eu estava na janela de olhos fechados, sentindo o calor do sol, fazendo carícias em meu rosto.
O barulho das maquinas que faziam o trem correr nos trilhos, soavam como musica. Passei por belos lugares, vi pontes altíssimas, que me faziam acreditar que eu estava voando, vi o céu tão azul e quente que me deu saudades de algum lugar que nunca conheci, vi pássaros, onças e macacos.
No meio da viajem uma bela dama sentou na minha frente, ela estava com um belo vestido rosa e branco, um chapéu de época com um véu que escondia parte do seu rosto. Misteriosa e sutil, ela sentou-se e esperou o trem partir.
Fiquei ali parado, esqueci de tudo o que me rodeava. Fiquei ali... Parado, olhando e admirando a beleza daquela mulher. Acanhada, ela tirou o chapéu, e vi os olhos pequenos e negros, os longos cabelos também negros e a sua pele morena e rosada. E com um olhar hipnotizador ela sorriu. Deixando-me sem reação, com a sensação de morte e vida, era como se nada mais existisse.
Descobri ali o amor, e tudo o que eu mais desejava era sentir o calor dos abraços, em sentir o perfume e o gosto doce do beijo. Mas algo me prendia no banco, algo que me fazia fica lá, parado, pensando e imaginando o quanto seria bom.
Por fim a última parada, o destino final da minha viajem, e a sensação de perda, de morte, a sensação de estar vazio, e olhei pela última vez na multidão, tentando ver, tentando procurar a mulher, que por algumas horas me fez esquecer de tudo. Em vão, baixei a cabeça e fui embora.