SIM, FOI UM ANJO





Ao despertar o passarinho segurou sua mão, e o levou ao um alfavilesco e iluminado ninho. E no percurso, raridades de árvores. Tempo, já era tempo de consertar a sua asa quebrada, incidência causada numa noite antagonista.

Articuladas causas que não o deixavam se adequar ao cotidiano. Além da cada vez que o passarinho se adentrava numa paisagem, num espaço qualquer, um arcabouço impedia de cantar o seu canto.

- E agora digo: - canta passarinho de novo, o mundo quer ouvir o teu cantar.

Impulsos perdidos, linhas sem orientações, riscos cujos efeitos acabavam por vez a sua ornamentação. E no descompasso das folhas, na definição da aragem, uma singela travessia. Pronto, e de armas em punho, o doutor que sara o mundo, consertou a asa quebrado do passarinho.

Que alívio, que afirmação exata, sombras e trilhas agora irão compor-se no raiar de cada dia. Uma trajetória que antes de tudo será por vez o passaporte para o futuro. O passarinho agora está inteiro, e nessa inteiração, poderá voar e fazer brotar no céu a poesia, frequente e esgarçada, o seu curso e percurso de cada dia.

- Olhas que beleza! Ainda pouco vi outro passarinho, aquele que te ama tanto! Pousar em tua janela, afirmando que não sairá tão cedo.
ALBERTO ARAÚJO
Enviado por ALBERTO ARAÚJO em 05/02/2011
Reeditado em 23/11/2020
Código do texto: T2773457
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