Preto e branco
Só mais um segundo, só mais um segundo. Seria o suficiente para, assim, alcançar o inalcançável?
Ele aproximara-se. Ela, distraída, não percebeu. Aquele olhar penetrava sua alma a ponto de fazê-la tremer.
Tinha medo. Amava, sim. Mas não era amor. Certo?
Beijou sua boca como quando da primeira vez em que estavam na praia, vendo estrelas junto com o quebrar das ondas. Era a sintonia perfeita. Em completa harmonia, também.
Tantas interrogações. Ela não parava de se questionar. Ele não se cansava de amar.
Ele tinha expulsado toda racionalidade. Ela, não, expulsou a emoção, em contrapartida.
Ela sentiu aquele abraço tomando conta dos seus sentidos. Era a (in)segurança que sempre desejou.
Horas e horas passaram.
Ela, então, foi morrendo aos poucos... em meio ao preto e branco de sua alma.