UMA NOITE DE AMOR




Nunca esquecerei a noite de amor, a qual eu me ofertei. Fragmentado verão, fachadas de um esgarçado musgo. Simulacros moinhos. O céu crivado de estrelas, e por inteiro eu me entreguei. E a lua banhou-se em minha pele. Por milhas, varreduras e entrelaçamentos eu me curvei. Sabor de nuvens, de ardores febris e destemperos. E a elegância de nossos corpos nus, ali no acúmulo dos capins e relvas. Um rio realçando a desordenação de nossas insensatezes. Pus-me aos teus caprichos, embora os meus faros algozes ainda que flagrados na leniência, mas o teu jeito paisagístico e malicioso foi uma lâmina, uma seta certeira na minha libido, e no contexto supremo da minha voracidade, ora dilatando o meu sexo, logo se propagou e não perdeu o percurso, entre beijos e sussurros, entre a claridade da lua e a crispação do desejo os nossos sexos se colidiram. O amor se configurou, e tornou-se algo ressonante, meio descabelado no fundo da memória. E a percepção, os efeitos intravasculares e sismos correm soltos nos nossos corpos. Nunca me esquecerei dos entrelaces e outras peripécias vias avessos e revessos das brutais matérias corporais. Minha pele lembrou-se do arrepio acabei de passar pela a tua rua...



ALBERTO ARAÚJO
Enviado por ALBERTO ARAÚJO em 03/02/2011
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