CAFÉ DA MANHÃ
CAFÉ DA MANHÃ
Sonia Barbosa Baptista
(Texto)
Sempre pela manhã na beirada da cama, ela ouvia uma voz que lhe dizia: Bom dia princesa, dormiu bem?
Abra os olhos vem pra vida.
E de olhos fechados, ela apenas sorria e virava na cama deixando uma das pernas descoberta, despertando assim a cobiça, para tão logo despertar do gostoso sono e se deparar com o seu não tão jovem esposo, porém, cheio de carinhoso afeto com a bandeja de café da manhã, uma rosa vermelha e frase: Amo-te, vida!
Carinho especial que fez dela uma mulher amada desde o dia do casamento.
Neste inverno, após as noites de sono, abre os olhos e acha normal sentir e ver que amanheceu, que nada mais é igual, como tantas vezes acontecia.
E numa manhã em especial, aconchegada debaixo do edredom, a cabeça num travesseiro quentinho de fronha com seu próprio cheiro.
Percebe que o lugar ao seu lado na cama, como sempre está vazio.
Sente um frio arrepiante percorrer-lhe o corpo, afunda a cabeça no travesseiro e seu pensamento voa na velocidade da luz, e só para, quando num lugar longínquo, entrevê por entre as nuvens, o seu desejado e saudoso amado.
Olha emocionada e se doa toda, num abraço deliciosamente carinhoso, alucinada na intensa doação, chora copiosamente, e com a visão embaçada pelas lágrimas, sente e quer se doar muito mais. Então, tenta chegar perto e sente um arrepio percorrer todo o seu corpo e num repente, na mesma velocidade em que foi, vira na cama, sentindo que a fronha está molhada, ainda extasiada por ter visitado seu amor.
Abre os olhos e sorri, ao mesmo tempo em que empurrando a coberta levanta da cama e prepara o seu próprio café.
Começa então, mais um dia de abstinência, após ter feito a prece e começar mais um dia de vida, lembrando de novo amanhecer em que não era necessário voar para longe, e somente com um leve virar do corpo na cama, se fazia sensual e se doava na íntegra complexidade ao lado do seu amor, para logo após se deliciar com o café da manhã preparado por ele.
01/08/2010