Era uma Vez... Uma Tarde
“...De repente, o silencio deu lugar as palavras que eu balbuciava sem nexo e não estavam conectadas a nada.
Textos que saiam do imaginário e que eram regados a desejos carnais e que durante todo este tempo estiveram guardados.
Tudo me levava a crer que era possível ter e fazer.
Mas, era só uma tarde.
Tocar-te era pra mim algo plausível, possível, naquele momento lento em que tudo se movia vagarosamente.
Talvez assim pudesse ser fixado na lembrança, para não se perder como um comum arquivo na memória e assim guardados como um marco, um instante fixado em nossa vidas.
Suas suadas e tremulas mãos tocava-me embalada pela sua ofegante respiração.
O refrescante ar exalava o seu olor de madura Mulher e a sua presença era gigantesca.
Tudo era mágico naquela tarde, nada era mais importante ou imponente do que nós corpos nus vestidos de toda uma historia.
Tremula carne em busca de volúpias, desejos saciados.
Então veio a noite que nos separou e nos levou a nossa humana vida, onde éramos outros em outras vidas, que por outras circunstancias nos eram queridas mas não faziam parte de nós.
Vidas que dos nossos momentos eram fragmentos de uma presente e constante escolha.
E tudo voltava a ser como antes.
Nossa bocas falavam os mesmos textos, no “real” contexto.
Nossa carnes firmes não mais tremiam.
Suas mãos secas, não mais suavam e acariciavam uma outra face que não era a minha.
Que desejava por mais uma tarde para sentir seu toque.
Mais uma vez , quem sabe um dia...”
(“Era uma Vez ... Uma Tarde...”,by Carlos Ventura)