NOSSOS DOURADOS ANOS
Faz muito. Mas muitos anos mesmo.
Eramos jovens. A vida, com graça, nos queria.
Tudo era colorido, divertido e romântico.
O céu era mais azul e o sol nos sorria.
Ah! Como as lembranças me surpreendem.
Estou voltando. Voltando a um passado tão distante.
Mas que parece estar presente; diante de mim.
Minha imaginação é fecundante.
Tanto tempo já passou de nossa juventude.
Mas eu, ainda, me lembro de nossos dourados anos.
Fomos alunos do colégio mais popular do bairro.
Onde nos conhecemos e fizemos muitos planos.
Ingênua, meiga e cheia de ternura, tu eras.
Eu me sentia tão feliz ao teu lado
que parcia ter recebido um beijo de amor.
E ficava a olhar-te, o tempo todo, calado.
Minha garota, no colégio, quase foste.
Todos pensavam que fossemos namorados.
Eu tinha um quê, por ti, mas não sabias.
Dentro dse mim meus sentimentos ficavam calados.
Eu era muito tímido com minhas palavras.
Como poderia externar meus sentimentos e me declarar?
A inibição era mais forte e tomava conta de mim.
Por esse motivo eu resolvia sempre me calar.
Mas, hoje, por alguma razão do coração, eu lembrei.
Lembrei-me muito daquele tempo e, de nossa amizade.
São lembranças que, em meu peito, deixam saudades.
Fazendo-me, agora, reviver a nossa tenra idade.
Aonde, criatura, estarás neste momento?
Quisera tanto saber de tua existência.
O destino não foi complacente e nos separou.
E os caminhos da vida, nos impôs essa divergência.
Marrocos, eu sei, é a tua terra natal.
Ah! Como, ainda, me lembro do teu jeitinho oriental,
de tua pele, mulata, que me encantava,
de teus negros cabelos caindo em tua face original.
E certamente voltaste para lá.
Foste para Marrocos, sem dizer-me adeus.
Pois, nunca mais te encontrei em nosso bairro.
Mas ficou em minha retina os negros olhos teus.
Deixaste um quê romântico em minha adolescência.
Todos os momentos, de nosso convívio, foram de alegria.
Eramos felizes na maneira de sermos.
E hoje compreendo o porquê da nostalgia.
Fati. Era assim que eu te chamava.
Como eu pronunciava com suavidade e carinho.
E gostavas. Pois, sorridente a mim chegavas,
com toda a sensualidade do teu jeitinho.
Aquela época foi o começo de tudo em nossa vida.
Foi uma época de romance, de ilusões e de amar.
Cada palavra dita, era um religioso cântico.
E a vida estava a nos esperar.
Tantas coisas estão sendo lembradas agora.
É um grande momento para minha reflexão.
E tentar fazer renascer a vida de outrora.
Tornando ameno as coisas do meu coração.
Havia em teus olhos algo de sublime.
Eram olhos sensíveis à minha razão.
Que contrastava com tua beleza das Mil e uma Noites.
Mas, que não abalava meu insensível coração.
Agora, com o passar dos anos, eu entendo.
Quanto amor existia em teu olhar atento.
Eu não soube definir o tamanho de su brilho.
Mas, hoje, não dá mais. Porque nos perdemos no tempo.
Fátime Mamed Fatha
27/02/1990
Haroldo Franco