Minha Princesa

Tarde do dia 30 de dezembro de 2009; no céu cerúleo o sol a pino dardejava seus raios sobre as frondes do arvoredo, os pássaros voavam entre o leito lascivo das nuvens entoando cantilenas puras e lindas borboletas coloriam o ar da tarde.

Eu fumava meu cigarro tranquilo, aspirando a suavidade da brisa estonteante,com o coração cheio de amor. Pensava na minha princesa, loucamente sorvendoa doçura capitosa do aroma gostoso que inebriava todos. Cerrei os olhos para melhor recorda-la e, na névoa do cigarro, via emanar seu riso lânguido.

Permaneci por incontáveis minutos sentindo aquela brandura que se envaneciamelíflua...quando os abri, contemplei-a flutuando num canteiro de rosas.

Ela estava tão bela! Seu mimoso vestido xadrez caia sobre seu corpo voluptuoso como uma túnica, e dos seus ternos olhos castanhos resplandecia um raio de luz inefável. Meu coração, encheu-se de júbilos e dos lábios um sorriso esperançoso radiou.

Fiquei a admirá-la como a lua o mar e, com tal claridade, senti meu corpo estremecer com tanta meiguice. Minha princesa flutuava qual silfo sobre as flores e mais cândida que uma jovem margarida a desabrochar no vale numa manhã plácida. Seus seios arfavam sob o vestido docemente. Dir-se-ia que eram duas rolinhas brincando no

colo cheiroso, arrancando suspiros silentes do meu peito; sua delicada mãozinha nafrágil cinturinha transmitia divina candura, e os adornos cor-de-perola a tornavam ainda mais encantadora. Além disso, o vento balbuciando entre as rosas, embalavam-na como a lira eólica que embebeda os corações...

Arrebatado, observava sua inocência, enquanto o crepúsculo lançava seu ultimo fulgor nela. À esmo, como um lírio murcho em pleno estio, mordia os lábios admirando-a pairar com leveza e, como um beija flor, a sorver o néctar das flores. Oh! Como ela fluia;o perfume dos seus cabelos curtos enchia a atmosfera, e sua tez alvíssima brilhava mais

que a própria neve.

Outrossim, apaixonado eu me envolvia na figura tênue perdidamente e, como a lagoa que adormece na noite lívida, o palor me velava o rosto esmaecido, pois naquele instante minha princezinha era intocável.

Por outro lado, minh'alma vagava na amplidão dos ares pranteando as dores lúgubres que destilavam do meu corpo..

A noite chegou e, minha princesa entre os véus cálidos da noite, flutuou lindamente...

Sorumbático, acendi outro cigarro, olhando ao céu onde fulgurava a primeira estrela;entretanto, nem mesmo ela cintilava mais que minha bela princesa. Então com a face banhada de lágrimas parti para casa.

A lua derivava seus encantos sobre as arvores, enquanto no meu quarto recordava sua ingênua ternura fanando meu coração e, ouvindo as aves prelúdir a aurora.

Dionatan Rafael

Dionatan
Enviado por Dionatan em 19/01/2011
Reeditado em 25/01/2011
Código do texto: T2739164