Apenas Caminhando - Capítulo I

I

Corpos inertes. A cena é grandiosa, fascinante, mas horrível. O chão treme, ora cede, ora pula tão rápido que engole prédios ou lança tudo para o alto. No meio de fogo, fumaça e gritos, pessoas, muitas pessoas. Vidas completas, outras não, amores, mágoas, mentes brilhantes, outras nem tanto, extrovertidos, sarcásticos, solitários ou não. Todas, resumidas a uma simples cena, em que nenhum pequeno detalhe de suas vidas tem importância, a única coisa que importa é a família desajustada sobrevoando o local é a trilha heróica que surge sempre que desviam de algo. Forma estranha de entretenimento, ver as pessoas morrerem.

O filme acaba, o mundo acaba, mas de alguma forma isso é uma boa notícia. Eu sempre quis ver algo sério em que as mortes realmente chocassem e as pessoas não fossem apenas formigas sendo esmagadas por carros e cimento. De certa forma, esmagamos formigas todos os dias, sem perceber. Está aí um pensamento interessante. Talvez elas pensem que menosprezamos seu trabalho.

Saio do cinema resolvido a tomar um refrigerante antes de ir para casa. Apenas duas pessoas estão na fila, mesmo assim me parece um atraso chatinho. Pego uma nota do bolso da calça e espero ali, distraído olhando os preços dos sorvetes.

Comprei uma lata de refrigerante e sentei numa das várias mesas vazias mais próximas. A mesa era grande demais apenas para uma pessoa e quase perfeita para duas. Desconcentrei-me brincando com os dedos na mesa, batucando um solo de guitarra que por motivos óbvios, ficou indistinguível.

Talvez eu precisasse apenas de um pouco de música. Suspirei. Pareço um velho ranzinza. Nada contra velhos, mas as duas palavras casam.

- Pense, por uma vez na vida! - uma voz feminina irritada se aproximou, e mesmo não tendo nada a ver comigo, assumi uma postura cautelosa. Em algum momento a havia escutado, mas só foquei a atenção quando o tom engrossou. Virei a cabeça para olhar quem falava. Sempre achei engraçado como as pessoas gostam de parar para observar brigas.

Uma garota visivelmente irritada, vindo em minha direção, mas não exatamente para mim. Um garoto vinha atrás dela, com uma expressão que me fez perguntar que diabos tinha feito de errado. Ela não olhava para ele, que quando resolveu abrir a boca para falar, foi interrompido como se ela tivesse previsto.

- Não pode falar nada que mude alguma coisa e pare de me seguir. Eu não vou conversar com você agora, nem depois, acabou. - ela parou e virou-se para ele. - Vai conversar com ela. - disse, perto de onde eu estava.

Uma pequena história se formou em minha cabeça, sobre o que poderia ter acontecido e apesar de provavelmente estar certa, ignorei-a.

- Eu sei que errei. – ele tentou.

- Que bom que sabe. Agora vá embora.

- Por favor.

- Por favor?

- É, por favor. Não foi por querer. – claramente havia formulado errado.

Ela riu, conseguindo soar determinada sem exalar escárnio ou ironia, o que foi admirável.

- Claro, acontece às vezes de duas bocas se encontrarem sem querer, e de mãos de garotos tocarem nos seios de garotas. Sem querer, claro.

- Mas foi. – ele tentou brincar, sem sucesso.

- Vá embora.

O garoto percebeu sua derrota ali, apenas deixou os ombros caírem e deu as costas, caminhando para longe, sem parecer se importar muito. Ela respirou fundo aliviada, ignorando as poucas pessoas que pararam para olhar. Por um minuto, pude conhecer parcela da personalidade daquela garota graças a um diálogo cômico, se não trágico. Era difícil decidir.

Como se pudesse ouvir minha curiosidade, ela caminhou os dois passos que faltavam para a minha mesa e sentou na cadeira vazia.

Por um momento fiquei apenas olhando para ela, esperando algo acontecer. Tomei um gole do refrigerante, engolindo uma risada junto com o líquido gaseificado.

- Prazer. - arrisquei.

Ela estava distante brincando com os dedos embaixo da mesa.

- Prazer. - quase sorriu.

- A vida é injusta? - brinquei não tendo certeza se havia soado desagradável.

- Concordo plenamente em todos os sentidos possíveis. - soltou em um longo suspiro.

Levantou o olhar, começando a desdenhar da minha tentativa de iniciar uma conversação. Era moreninha, com o cabelo escuro descendo um pouco sobre os ombros. Bonita, com os olhos certamente castanho escuro me estudando antes que resolvesse falar. Bem vestida, provavelmente cheirosa também - senti um perfume doce, apesar da pequena distância não me permitir confirmar de certeza. Eu não ia tentar confirmar, por ora.

- O que faz você pensar que a vida é injusta? – perguntou-me.

- Nada. Coisas acontecem, só isso.

Silêncio se fez por alguns segundos. Brinquei com o solo de guitarra batucado novamente, quando uma pergunta óbvia me ocorreu.

- O que ele fez? – já tinha meia resposta na cabeça.

- Achei que não fosse perguntar. – disse rindo para si mesma. – Ele não fez nada de mais, só estava conversando com uma garota. Disseram-me que eles ficaram, mas só acreditei agora, pelo entrosamento deles na "conversa". - revirou os olhos. - Foi só começar a briga que ele se entregou. Mas nem devia ter começado o relacionamento, foi bom ter acabado. Se é que chegou a começar.

- A briga foi esperada então?

- Quase isso.

- Vocês não pareciam tão preocupados assim.

Ela sorriu com certo receio, pensando em alguma outra coisa enquanto encarava um casal que passou por nosso lado. Continuou falando com o olhar neles.

- Sabe aquela coisa de criança, fazer coisas idiotas sem tem a mínima noção? Mais ou menos assim, eu sabia que era idiota, mas me deixei levar até chegar à fatídica conclusão, que era óbvia desde o começo.

“Fatídica”. Gente culta é outra história.

- Você só queria alguma... agitação. - concluí.

- Ele nunca teve minha confiança mesmo.

Observei o casal que ela encarou na frente da bilheteria, sorridentes, abraçados. A sensação deve ser boa.

Meus pensamentos foram interrompidos pelo toque do celular dela. Surpreendentemente, era uma música do The Cure. Sem dar muita atenção, atendeu-o segundos depois de deixar a música tocar um pouco.

- Alô... sério? Não me importo... tudo bem, beijos. - e desligou.

Era impossível inventar uma história ali.

- Seria forçar intimidade se perguntasse quem era? - franzi o cenho.

- Era minha mãe. Vamos à cidade vizinha fazer umas compras amanhã de tarde. Eu disse que não me importava em ir de ônibus.

- Há tempos que não vou lá. - comentei, lembrando da minha infância. - Na verdade, há tempos que não faço nada que valesse a pena ressaltar.

- A sensação me é familiar. Às vezes basta fazer uma força para deixar sua vida interessante. Basta ser interessante, eu acho. - arriscou.

- Posso tentar isso algum dia.

- Mas não é questão de ser interessante para os outros, digo para si mesmo, entende? Se você prestar atenção, a vida é bem clichê.

Pensei no que ela havia dito e quase montei um argumento, mas voltei minha atenção ao fato de estar conversando filosofia com uma estranha. Dei de ombros, sorrindo um pouco.

- O que foi? - perguntou, claramente mais descontraída.

- Você tem uma música do The Cure no celular. Você é, no mínimo, interessante.

- Obrigada. - agradeceu gentilmente. - Você também é um pouco.

- Um pouco. - repeti.

- The Cure é a melhor banda do mundo se quer saber.

- Já escutou Radiohead? Se não conhece, então nunca ouviu a melhor banda do mundo.

- Conversa instigante.

Sorrimos, apreciando a brincadeira. Ficamos em silêncio mais uma vez, quando lembrei que nem devia estar no shopping e sim em casa, como havia dito à mamãe. A rotina de chegar em casa não era animadora: meu sono agora, somado à típica sonolência pós-banho, somada a típica sonolência pós-refeição, juntas, formam uma sonolência completa, com sobra.

- Eu conheço você? - ela perguntou repentinamente, juntando as sobrancelhas e apertando os olhos.

- Essa é velha.

- Sério.

Também juntei as sobrancelhas.

- Conhece alguém que eu conheço? - perguntou para si mesma, desviando o olhar para o teto, com a mão no queixo.

- Não sei... - murmurei.

- Ah! - esperei ela continuar. - Você trabalha na videolocadora?

- Não chamaria de trabalho. Já me viu lá?

- Poucas vezes. Lembro que uma vez estava com um violão preto no balcão, mas foi um dia que não entrei, só vi de longe. Vou poucas vezes lá, raramente arranjo tempo para ver filmes, mesmo que goste muito. E sou boa com rostos, só não com nomes.

- Não achou que eu era retardado por causa do violão? – nem precisei pensar na pergunta, pois sempre tive vontade de perguntar isso para os clientes que me viam ter que soltar o instrumento em cima do balcão para depois atendê-los.

- Achei meio corajoso até. Nunca vi música ao vivo em nenhuma outra locadora.

- É antiético. - lembrei do que estava pensando no começo do dia.

Como seria muito mais tranquilo levar o violão para a pracinha de noite, se nesse horário não fosse tão perigoso rondar por lá.

- No que está pensando? - perguntou-me de repente, ao perceber meu olhar distante.

- Em usar a música como válvula de escape. - respondi instintivamente. - E você?

- Em olhar as vitrines. - disse calmamente.

- Igualmente interessante. - brinquei.

Comprimiu um sorriso a uma careta bonitinha. Seu olhar viajou pelo salão até para nos pôsteres dos filmes a serem exibidos.

- Qual você viu? - quis saber.

- "2012". - confessei como se fosse algo vergonhoso de se admitir.

- Por que não gostou? – ela presumiu certo.

- É muito bobo. Vendo apenas como diversão ele funciona, mas não deixei de me decepcionar um pouco com mais uma história sobre heróis desajustados no fim do mundo.

Concordou com um aceno de cabeça.

- Heróis desajustados no fim do mundo. - repetiu minha expressão. - Uma boa frase de pára-choque.

- Ou um bom epitáfio. - concluí rapidamente, quase orgulhoso da piada. Uma série de pensamentos em cadeia me levaram a mudar bruscamente o rumo da conversa - Meu conceito de vida é bem menos coeso. - resolvi falar, sem esperar reação.

- Está falando sobre eu tentar ser interessante? – ela entendeu rápido.

- Mais ou menos. - apoiei os cotovelos na mesa. - Às vezes acho muito fácil encarar a vida como algo finito e sem sentido.

- Cada um encontra seu sentido. Da mesma forma, não é difícil querer muito algo e lutar por essa coisa até encontrá-la.

- Fala de bens materiais? – perguntei sabendo que a resposta seria “não”.

- Claro que não. Não morreria feliz por ter comprado uma mansão. - compartilhamos uma risada. - Meu sentido da vida é meio egocêntrico, seria algo bem pessoal e individual. Minha própria satisfação.

- Entendo, é difícil pensar no coletivo. Não sei se entendi, mas enfim, ninguém nunca entende nada. Não tenho nenhuma pista do que seria uma boa vida para mim. Deixar saudades quando morrer, talvez.

- Você poderia ser um tirano e deixar saudades aos seus seguidores.

- É, não tinha pensado dessa forma.

- E uau. - também se aproximou, apoiando os cotovelos na mesa. - "Ninguém nunca entende nada." Que tanta negação na mesma frase.

- Saiu sem querer. Sou um cara feliz, só não sei disso ainda. Não sei o que eu quero, sabe? Acho que isso importa.

Ela sorriu, fazendo novamente aquilo - coçou a cabeça e fechou os olhos.

- Por que você faz isso?

- O quê? - parecia surpresa. - Isso? - e fez o movimento novamente.

- É. - sorri.

- Não sei. - agora parecia estar tentando descobrir, mas fez um gesto que indicava sua desistência. - Mania.

- É engraçado. - notei.

Achei que teria mais um minuto de silêncio enquanto me espreguiçava.

- Ei. - chamou meu olhar, que vagava em algum ponto no teto.

- O quê?

- Nunca vi alguém ir ao cinema sem companhia.

- Tem uma primeira vez para tudo. - sorri. - Na verdade, eu não deveria estar aqui.

- Acabei de dar um fora em um garoto que não dava a mínima para mim e já quase esqueci o ato. É, eu definitivamente não deveria estar aqui.

- Ou deveria. Quem sabe amanhã você encontre o garoto dos seus sonhos.

- Há alguns anos eu diria que o garoto dos meus sonhos era perfeito, mas ninguém é perfeito. Eu seria capaz de tatuar isso.

- Onde?

- Na cintura, talvez.

- Interessante.

- O que você tatuaria?

- Não sei. Nunca pensei em fazer uma tatuagem.

- Alguma frase de música?

- São tantas...

- O que tatuaria agora, nesse momento?

Pensei por cinco ansiosos segundos.

- "Não estou aqui e isso não está acontecendo."

- Uau.

- É. Talvez eu esteja errado, mas hoje seria essa. Não importando a situação, sempre dirá algo sobre minha vida.

- Parece ser uma constatação triste.

- Não é, não muito. É apenas uma reflexão.

- Entendo. - riu de alguma coisa. - Hei, sei que isso não é bem algo que os garotos gostam de fazer, mas se importa em olhar as vitrines comigo?

Franzi a testa.

- Tudo tem uma primeira vez. – concluí. - Mas saiba que vou aproveitar sua companhia enquanto você olha para as vitrines fazendo comentários que provavelmente vou ignorar.

Mais uma vez ela sorriu e me senti engraçado.

- Pelo menos você é sincero. - disse.

- Pelo menos isso.

Levantamos e perguntei por onde queria ir. Caminhamos primeiro por um corredor que tinha apenas lojas de informática. Ela contou uma história engraçada que aconteceu no mês anterior, quando sua mãe foi clicar em um arquivo e arrastou-o para dentro de uma pasta. Quando foi fazer um trabalho, depois que sua mãe saiu, deletou sem querer aquela pasta cheia de trabalhos importantes que parecia ser apenas uma vazia no lugar errado, ou seja, a culpa de toda a perda foi dela. Era uma história completamente banal, mas soou divertida.

Uma blusa alaranjada chamou sua atenção e ela comentou que a lembrava uma tarde ensolarada. Criticou a capa de uma revista masculina que estava à mostra na banca, uma que tinha os dizeres "Transe mais no verão". Disse que os rapazes são praticamente forçados a serem machistas por causa de coisas assim, sendo poucos os que se salvavam.

Comentou os livros clássicos brasileiros quando passamos pela livraria. Gostou de alguns, os que entendia, pois não podia julgar os que nem leu até o final por causa da linguagem estranha. Não gostava da tristeza sempre presente por lá, histórias onde alguém sempre morria e tal morte não era usada para provar nada, era apenas mais uma morte.

- Talvez a intenção seja essa. - eu disse. - Os autores dessa época geralmente eram melancólicos, queriam dizer que a morte era seca, não tinha nada depois.

- Não foi isso que eu quis dizer. Existe uma diferença entre melancolia e tristeza. Eu sou melancólica, por exemplo, tenho essa visão diferente e meio desanimada do mundo e das pessoas, mas não sou triste.

- Para compensar, os escritores românticos exageravam.

- Tipo Iracema. É muito bonito, mas a mulher sempre ganhar da natureza, sempre ser mais bela, mais suave, às vezes é difícil de compreender.

- Iracema é escrito como prosa poética, faz sentido ser forçado assim. Mas concordo com você, hoje não dá pra ser romântico às antigas. Apesar de que, analisando bem, quando se está apaixonado as palavras certas e as expressões corretas são as que não fazem sentido. As comparações irreais. Pena que isso é tão pouco valorizado.

- Uma pena. - finalizou, enquanto ainda analisávamos as capas da vitrine.

Reconheci um livro de suspense que havia lido sobre numa revista, achei interessante a capa de um baseado em fatos reais que não havia ouvido falar.

Ela analisou meu olhar interessado.

- Quer entrar aqui? - perguntou-me.

- Vamos. Talvez compre alguma coisa. - Aquele livro de suspense me interessou.

Entramos, e rapidamente uma atendente veio até nós.

- Boa tarde, o que desejam? - perguntou tão adoravelmente que parecia sinceramente querer saber.

- Quanto custa aquele livro com a capa preta lá da vitrine?

- Já vamos descobrir. - e foi lá buscá-lo.

- Ei. - cutucou meu braço de leve. - Será que eles têm algum livro de contos? - perguntou-me entusiasmada, quando percebi que não sabia seu nome.

- Ei. - devolvi a interjeição em tom brincalhão. - Qual é o seu nome?

- Ah, verdade. Olha só o que fomos esquecer. É Layla. E o seu?

- Leon.

- Sério?

- Não, é só um apelido. - sorri. - É Leonardo.

- Ah, bom. - sorriu também. - Isso é engraçado.

- O quê é engraçado? - sabia que se referia a meu apelido, que sempre me fazia sentir dentro de um videogame de zumbis.

- Isso. O aqui e agora, o fato de que realmente estou me divertindo.

Demorei um segundo a mais que o necessário para responder.

- Também vejo graça. - comecei. - Não sei se posso chamar de encontro, nem mesmo às cegas, mas a parte de ser engraçado é inegável. Está mais para acidente do que para encontro.

- Dizem que somos acidentes esperando para acontecer.

A moça que nos atendeu voltou com o livro na mão.

- Vinte e oito reais. - ela não hesitou, o que me levou a crer que estava barato mesmo.

- Vou levar. - disse-lhe entregando trinta reais que já estavam no gatilho.

- Já coloco numa sacola para você.

- Obrigado. - em seguida, voltei-me à Layla. - O que você tinha perguntado? Antes de eu perguntar seu nome?

- Esqueci.

- Pronto. - a moça voltou com o livro na sacola e o troco. - A sua namorada não quer ver algo?

Trocamos um olhar desentendido.

- Não estamos juntos. - falei calmamente.

- Ah, perdão. - a moça sorriu com sinceridade. - Ainda assim, quer olhar algo?

Ela pensou por um momento.

- Não, obrigado. Vamos dar mais uma volta.

- O que a faz pensar que quero dar mais uma volta? - questionei.

- Intuição diz tudo. Afinal, você quer?

- Quero. Mas não seja tão convencida.

A moça sorriu.

- Ok, obrigado... – li seu nome no crachá. – Bruna.

- Não tem de quê. - sorriu cordialmente. – Volte semana que vem, alguns livros novos estão para chegar.

- O livro estava barato, mas nem tanto. – brinquei. – Mas quem sabe, eu volte mesmo. Até mais, Bruna.

- Até mais. - Layla despediu-se juntando as duas mãos à altura do peito.

Minha primeira cética impressão de Bruna chegou a me fazer sentir mal. As poucas palavras que trocamos me levaram a crer que ela realmente era uma pessoa legal.

De volta ao corredor, eu e Layla caminhamos em silêncio, até chegar ao Hall de entrada, um pouco mais cheio do que quando cheguei. Uma criança brincava na porta automática, correndo na frente do sensor cada vez que ela ameaçava fechar.

- Que pentelho. - ela quebrou o silêncio, referindo-se à criança. - Você vai para onde agora?

- Casa. Provavelmente. Você?

- Também.

- Vai para a minha casa?

- Não, credo. - riu descontraidamente. - Você é engraçado.

- Você que é risonha.

- Não se importa se eu acompanhar você até uma parte do caminho?

- Não, não me importo.

- Que tantos “nãos”. – ela riu. – Comentário bobo. Que você não está ignorando, por sinal.

- Parece que não. – sorri.

Jack Lopes
Enviado por Jack Lopes em 09/01/2011
Código do texto: T2719301
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