Nova Canção.
Não sei o que pensar, não sei o que fazer ou dizer. Um vazio me contempla por dentro. As palavras me somem. Os pensamentos que tenho, não fazem nenhum sentido. Eu não consigo mais fazer sentido. Tudo isto que está acontecendo está acabando comigo. Estou morrendo aos poucos, - de dentro para fora.
Um abismo me persegue, e tenta me engolir assim que eu olho para ele. As sombras me perseguem. Estou a todo o tempo fugindo. Fugindo de mim mesmo... Dos meus sentimentos. Fugindo de você, e do que eu sinto por você.
Prendo-me a um passado que eu nunca vivi. Trago lembranças de momentos que nunca foram meus. Tudo que tenho são sentimentos que eu nunca senti.
Vejo-te a todo instante. Seus olhos aparecem para mim a cada segundo. Seu sorriso me ilumina em um quarto escuro de hotel. Todas as noites, - assim que caem as primeiras gotículas, de uma chuva distante – eu saio andando sem rumo. Seguindo um sentido que eu não consigo explicar. Buscando você por entre as ruas desertas. Admirando o brilho das estrelas eu sigo buscando por você, ou quem sabe um último abraço. E eu só vou desistir quando a luz da última estrela se apagar, quando todas as ruas não tiverem mais saídas e eu conseguir contar todas as gotas desta chuva...
Não consigo nem ao menos desabafar esta ilusão, de um medo, que me consome cada instante de vida. Nada tem forma, nada tem vida. Tudo a que me apego são meia dúzia de falsas palavras, - nas quais eu exageradamente só consigo encontrar você. Porque tudo que eu penso me soa como uma declaração de amor? De um amor sozinho, arquitetadamente platônico.
Eu não queria ter te perdido. Não queria perder aquilo que era tudo o que eu tinha, e sempre foi meu. Agora nada mais pode me salvar. Você era a única que tinha o poder de me transformar em alguém melhor. E agora, sem você, não consigo mais perceber o que é certo ou errado.
A nossa canção se acabou e nós dois percebemos que eu não sou o seu cantor...